Lectio divina para o 1º Domingo da Quaresma, Ano A

Igreja que se compadece e reparte o pão

Igreja que se compadece e reparte o pão

Acolhimento e saudação entre os participantes

1. Invocação do Espírito Santo / Oração inicial

– Invoco a presença de Deus

  1.1. Cântico (à escolha, ver anexo)

  1.2. Prece

V/ Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis

R/ E acendei neles o fogo do Vosso amor.

V/ Enviai, Senhor, o Vosso Espírito, e tudo será criado,

R/ E renovareis a face da terra.

V/ Ó Deus,
que instruístes os corações dos vossos fiéis
com a luz do Espírito Santo,
fazei que apreciemos retamente todas as coisas
e gozemos sempre da sua consolação.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho,
na unidade do Espírito Santo. Ámen

2. Leitura da Palavra

– Escuto e compreendo a Palavra que me é oferecida –

2. 1. Leitura do evangelho segundo S. Marcos (Mc 6, 34-44)

34Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão  e teve compaixão deles,  porque eram como ovelhas sem pastor.  Começou, então, a ensinar-lhes muitas coisas.  35A hora já ia muito adiantada,  quando os discípulos se aproximaram e disseram:  «O lugar é deserto e a hora vai adiantada.  36Manda-os embora, para irem aos campos  e aldeias comprar de comer.»  37Jesus respondeu: «Dai-lhes vós mesmos de comer.»  Eles disseram-lhe:  «Vamos comprar duzentos denários de pão para lhes dar de comer?»  38Mas Ele perguntou: «Quantos pães tendes? Ide ver.»  Depois de se informarem, responderam:  «Cinco pães e dois peixes.»  39Ordenou-lhes que os mandassem sentar por grupos na erva verde.  40E sentaram-se, por grupos de cem e cinquenta.   41Jesus tomou, então, os cinco pães e os dois peixes  e, erguendo os olhos ao céu, pronunciou a bênção,  partiu os pães e dava-os aos seus discípulos,  para que eles os repartissem.  Dividiu também os dois peixes por todos.  42Comeram até ficarem saciados.  43E havia ainda doze cestos  com os bocados de pão e os restos de peixe.  44Ora os que tinham comido daqueles pães eram cinco mil homens.

Palavra da salvação

2.2. Leitura pessoal

      – Volto a ler, em silêncio: o que diz o texto?

2.3. Notas para a compreensão do texto

Pelas conotações eucarísticas, o milagre da multiplicação dos pães teve uma importância relevante na comunidade primitiva. Encontramos seis relatos parecidos nos evangelhos (dois em Mateus, dois em Marcos, um em Lucas, um em João). Este relato fazia lembrar as pessoas de um milagre de Eliseu (2 Rs 4, 42-44) e da comida que Deus fornecia ao seu povo no deserto (Ex 16; Dt 8, 3.16; Sl 78, 24-25.29; 105, 40; Sb 16, 20; 1 Cor 10, 3). Mostra-se, deste modo, a realização em Jesus destes textos, relidos no judaísmo da época, como o anúncio das grandes obras de Deus e do Messias e do banquete messiânico no fim dos tempos (cf, Is 25, 6-8; 55, 1-2; 65, 13-14; Mt 8, 11; 22, 1-4).

No evangelho de Marcos encontramos dois relatos da multiplicação dos pães (Mc 6, 31-44 e Mc 8, 1-10). A primeira foi feita em benefício dos judeus; a segunda, para os pagãos, e realiza-se na Decápole, região a Leste do rio Jordão, onde predominava a cultura grega. Ambos têm relação com a instituição da Eucaristia: o primeiro, nas comunidades judaico-cristãs; o segundo, nas Igrejas gregas.

A estrutura e os temas dos dois relatos são os mesmos: compaixão pela multidão, diálogo com os discípulos, refeição com pães e peixes no deserto, satisfação, sobras, número de pessoas.

Infelizmente, no mundo de hoje, há milhões de pessoas que passam fome de pão material, mas também de justiça, de paz, de participação, de respeito da sua dignidade de pessoas, de cultura, de oportunidades para desenvolver os seus talentos.

A participação na Eucaristia tem implicações nas relações pessoais e na sociedade. Jesus dá-se totalmente; o cristão deve viver na doação, no serviço constante ao próximo, em especial aos mais pobres e abandonados. Não podemos separar o Cristo presente na Eucaristia e o Cristo presente nos irmãos. Vejamos o que escreve S. João Crisóstomo: “Queres honrar o Corpo de Cristo? Então fá-lo quando o encontrares nu, na pessoa de um pobre. De nada vale trazeres sedas e metais preciosos aqui para o templo, se deixas Cristo sofrer lá fora ao frio e com falta de agasalho. De que vale ter o templo cheio de vasos de ouro se o próprio Cristo está a morrer de fome? Tu fazes cálices de ouro, mas não ofereces um copo de água fresca ao necessitado. Cristo como estrangeiro sem abrigo, anda pelas ruas a mendigar, mas em vez de O acolheres, tu fazes ornamentações. (in A. Marto, A Eucaristia, encontro e comunhão com Cristo e os irmãos, p.33).

A participação na eucaristia não é para fugir aos problemas do mundo, mas para nos dar força para trabalharmos por um mundo mais justo e mais fraterno, onde todas as pessoas tenham o necessário para viver uma vida digna. Isso começa na nossa casa, na nossa vizinhança. Amar a Deus implica amar o próximo.

3. Meditação pessoal

– Medito interiormente a Palavra acolhida: o que me diz o Senhor? –

«Jesus viu uma grande multidão e teve compaixão deles, porque eram como ovelhas sem pastor.»

A compaixão de Jesus é motivada pelo estado de abandono do povo: a imagem bíblica do rebanho sem pastor lembra a falta de cuidado, o desleixo dos chefes. Jesus comporta-se como o pastor messiânico, à imagem de Moisés ou de David, ou até do próprio Deus, Pastor do seu povo no deserto. Nos nossos dias, Jesus continua a manifestar compaixão pela humanidade, pela Igreja e por cada homem e ou mulher.

  • Acredito e reconheço manifestações da compaixão de Jesus também hoje? Sinto eu próprio compaixão em relação às pessoas em situação de sofrimento por tantos motivos? Que faço para as aliviar e ajudar?

«Começou, então, a ensinar-lhes muitas coisas.»

Somente Marcos dá tanto relevo aos ensinamentos de Jesus, que são manifestação da sua compaixão e missão de Pastor, embora não apresente o conteúdo dos seus ensinamentos. Jesus continua hoje a ensinar-nos através do Evangelho e da partilha dos seus frutos entre nós.

  • Procuro eu também os ensinamentos de Jesus, por exemplo, através da leitura orante do evangelho? Partilho com outros esta experiência do retiro popular?

«Dai-lhes vós mesmos de comer.»

Marcos sublinha, particularmente, como Jesus obriga os seus discípulos à ação e os prepara para colaborar na sua obra. A mesma ordem é dada à Igreja e aos cristãos ao longo dos tempos.

  • Sinto que são também para mim estas palavras? Como e a quem sou chamado a dar de comer?

«Ordenou-lhes que os mandassem sentar por grupos na erva verde. E sentaram-se, por grupos de cem e cinquenta.»

A referência à erva verde mostra que Jesus se conduz como o Pastor do salmo 23, que leva o seu povo aonde há alimento e bebida e lhe prepara uma mesa. A organização da multidão lembra a organização de Israel no deserto, considerada como a ordem ideal do povo de Deus. O mesmo povo de Deus está também hoje ordenado em múltiplas comunidades, onde se escuta a palavra de Deus e se recebe o “pão do Céu”.

  • Valorizo a comunidade cristã e contribuo para o bem uns dos outros e de todos? Como posso melhorar nela os laços de amor e entreajuda fraterna?

«Jesus tomou, então, os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, pronunciou a bênção, partiu os pães e dava-os aos seus discípulos, para que eles os repartissem.»

Jesus pronunciou a bênção: trata-se da oração de louvor e ação de graças que acompanha a fração do pão na liturgia da mesa no judaísmo da época, como na liturgia eucarística cristã, onde este rito toma um novo sentido. A bênção evoca as maravilhas de Deus pelo seu povo, e, ao mesmo tempo, exprime o sentido do pão partilhado.

  • Reconheço os momentos em que na Eucaristia o sacerdote faz a oração de bênção sobre os dons e sobre as pessoas? Invoco eu também a bênção de Deus nas minhas refeições e em família?

«E havia ainda doze cestos com os bocados de pão e os restos de peixe. Ora os que tinham comido daqueles pães eram cinco mil homens.»

O número de cestos são tantos quantos os apóstolos. Este relato sublinha o papel ativo dos apóstolos; em Mc 8, 1-10 é realçado o papel de Jesus.  O tema das sobras exprime a superabundância, e o facto de terem sido recolhidas indica que, por intermédio dos apóstolos, a refeição é aberta a outros participantes.

  • Experimento na minha vida a generosidade de Jesus para comigo? Sou também generoso na minha doação aos outros e à comunidade?

«Ora os que tinham comido daqueles pães eram cinco mil homens.»

Há hoje milhões de pessoas que não têm comida, acesso à agua potável, à educação, à liberdade de expressão, à justiça, à paz, à uma habitação digna, etc…

  • Estou sensível a estes problemas? Estrago comida e água em minha casa? Partilho os meus bens com os mais necessitados? Faço algo para ajudar os que têm fome e sede de justiça?
  • Partilha da Palavra

– Partilho com os outros o dom recebido: que posso oferecer-lhes? –

Comunico uma palavra ou frase que me interpelou. Posso também partilhar algo do que rezei na minha intimidade. Esta minha participação deve ser voluntária e breve.

  • Oração

– A partir do que escutei e vivi neste tempo, falo com o Senhor –

Faço uma oração espontânea a partir do texto lido ou da meditação feita; posso também recitar um salmo, segundo aquilo que o Espírito Santo me inspire.

  • Compromisso

– A que convida, hoje, o Senhor? –

Faço um momento de silêncio e formulo um compromisso pessoal.

Posso também propor um gesto ou iniciativa comunitária.

Cântico final (à escolha, ver anexo)

7. Em casa

– Levo para a vida a mensagem que recebi –

No seguimento do encontro de grupo, procurarei dedicar algum tempo (15-20 minutos) num ou mais dias da semana, para retomar a meditação e contemplação da Palavra de Deus e nela encontrar a luz e a força de Deus para a minha vida no dia-a-dia.

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