Tempo para O Único Necessário
Lectio Divina para o Domingo XVI do Tempo Comum (Ano C)
Breve Introdução
Estamos em pleno Verão. É um tempo em que as pessoas têm a possibilidade de experimentar algum tempo mais tranquilo, com as férias, em família. As nossas comunidades também abrandam um pouco a atividade pastoral. Mas não há férias de Deus. Este é antes um momento oportuno para ter mais tempo para Deus, um momento favorável para dar o primeiro lugar ao que efetivamente é mais importante na vida, ou seja, a escuta da Palavra do Senhor. Recorda-no-lo também o Evangelho deste domingo, com o célebre episódio da visita de Jesus à casa de Marta e Maria, narrado por São Lucas.
1. Invocação
Virgem Maria, Mãe da escuta e do serviço,
ensina-me a meditar no nosso coração a Palavra do teu Filho,
a rezar com fidelidade,
para estar cada vez mais atento às necessidades dos irmãos.
Ámen
2. Escuta da Palavra de Deus
2.1. Vamos escutar uma passagem do Evangelho segundo São Lucas (Lc 10,38-42)
Naquele tempo, Jesus entrou em certa povoação e uma mulher chamada Marta recebeu-O em sua casa. Ela tinha uma irmã chamada Maria, que, sentada aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra. Entretanto, Marta atarefava-se com muito serviço. Interveio então e disse: «Senhor, não Te importas que minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe que venha ajudar-me». O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e preocupada com muitas coisas, quando uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada».
2.2. Breve comentário
Marta e Maria são duas irmãs; têm também um irmão, Lázaro, que, contudo, neste caso não aparece. Jesus passa pela sua aldeia e – diz o texto – Marta recebeu-o em sua casa. Este pormenor dá a entender que, das duas, Marta seria a mais idosa, a que governava a casa. De facto, depois de Jesus ter entrado, Maria senta-se aos seus pés e ouve-o, enquanto Marta andava atarefada com muitos serviços, certamente devidos ao Hóspede extraordinário. Parece que vemos a cena: uma irmã que anda toda atarefada, e a outra como que raptada pela presença do Mestre e das suas palavras. Um pouco depois Marta, evidentemente ressentida, não resiste mais e protesta, sentindo-se porventura no direito de criticar Jesus: ” Senhor, não Te importas que minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe que venha ajudar-me.”. Marta pretenderia até ensinar o Mestre! Mas Jesus, com grande calma, responde: “Marta, Marta – e este nome repetido exprime afeto – andas inquieta e perturbada com muitas coisas; mas uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada” (10, 41-42). A palavra de Cristo é claríssima: nenhum desprezo pela vida ativa, nem muito menos pela generosa hospitalidade; mas uma chamada clara ao facto de que a única coisa deveras necessária é outra: ouvir a Palavra do Senhor; e o Senhor naquele momento está ali, presente na Pessoa de Jesus! Tudo o resto passará e ser-nos-á tirado, mas a Palavra de Deus é eterna e dá sentido ao nosso agir quotidiano.
3. Silêncio meditativo e diálogo
“uma mulher chamada Marta recebeu-O em sua casa”
Também eu posso receber Jesus em minha casa, na minha vida.
Esta página do Evangelho adapta-se como nunca ao tempo das férias, porque recorda o facto de que a pessoa humana deve trabalhar, comprometer-se nas ocupações domésticas e profissionais, mas antes de tudo precisa de Deus, que é a luz interior de Amor e de Verdade.
Aproveito as férias para estar mais com Jesus e cultivar a espiritualidade, em casa ou em contacto com a natureza?
“Maria, sentada aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra.”
Enquanto Marta se ocupa dos meios para bem receber Jesus, para que não lhe faltasse alimento e algumas comodidades, Maria dá atenção a Jesus e escuta-o como discípula.
Procuro escutar Jesus na minha vida de cada dia e presto a devida atenção às pessoas que encontro e às que vivem ou trabalham comigo?
“Marta, Marta, andas inquieta e preocupada com muitas coisas, quando uma só é necessária.”
Sem amor, até as atividades mais importantes perdem valor, e não dão alegria. Sem um significado profundo, todo o nosso fazer reduz-se a um ativismo estéril e desorganizado. E quem nos dá o Amor e a Verdade, a não ser Jesus Cristo? Na Eucaristia acolhemos Jesus em nossa casa, e fazemos a escolha pelo “único necessário”.
Busco Jesus e o seu amor e escuto o seu Evangelho, também nos nossos tempos mais tranquilos?
Oração
Escutando no nosso coração o ensinamento de Jesus, rezemos como ele ensinou:
Pai Nosso…