«Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos»
Introdução
Todos nós procuramos uma vida com mais saúde, mais vigor, mais prazer. Compramos pomadas para tirar as dores, comprimidos para curar uma gripe, cremes para rejuvenescer a pele, produtos que garantem a satisfação do consumidor. E Jesus, o que tem para nos oferecer? O evangelho deste domingo dá-nos a resposta: um coração renovado que impulsione a cura das nossas feridas e nos faça encontrar o sentido para a vida.
1. Invocação
Senhor Jesus,
que conheces tão bem os nossos corações,
rompe as cadeias que nos prendem
à mentira, à vaidade, ao egoísmo.
Abre o nosso ser à tua Palavra
de verdade, de humildade, de misericórdia.
Santifica-nos com o teu Santo Espírito,
para que, com os nossos corações renovados,
Possamos dar testemunho de Ti
no cuidado urgente àqueles que mais precisam.
Ámen.
2. Escuta da palavra de Deus
2.1. Vamos escutar uma passagem do Evangelho segundo São Mateus
Este texto enquadra-se na missão de Cristo e no mistério do Reino de Deus. Jesus escolheu os apóstolos, deu-lhes instruções e enviou-os a anunciar o Reino. De seguida, também ele decide partir e ir ensinar e pregar nas cidades. Encontra pelo caminho muita dúvida, falta de fé e um cumprimento muito rígido da Lei, do qual os fariseus são acérrimos defensores. Tendo escutado a proposta de salvação de Jesus, muitos fecham os seus corações e não aceitam as suas palavras. Este texto é uma oração de louvor ao Pai e também um convite para todos os que o escutam.
2.2. Leitura do Evangelho segundo São Mateus (Mt 11, 25-30)
Naquele tempo, Jesus exclamou: «Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, Eu Te bendigo, porque assim foi do teu agrado. Tudo Me foi dado por meu Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e a minha carga é leve».
(momento de silêncio para interiorizar a Palavra)
2.3. Breve comentário
O Evangelho de Mateus é chamado o Evangelho eclesial. É o único que pronuncia o nome igreja, preocupa-se com ela, sobretudo pela sua pouca fé. No tempo em que escreve, Mateus dirige-se a comunidades que conhecem bem as Escrituras, a cristãos vindos do judaísmo, para quem a Lei continua a ser regra de vida. Este texto é composto por três sentenças de Jesus, que procuram iluminar a vida daqueles que desejam seguir o caminho do Ressuscitado.
Jesus anuncia a todos o Reino dos Céus e prepara, assim, a sua Igreja. As suas palavras e gestos contradizem algumas leis impostas pelos fariseus.
Para os que se dizem sábios e inteligentes, ser santo significa cumprir as prescrições rituais e as práticas piedosas, que pesam de forma opressiva sobre os ombros dos judeus. O mais importante, segundo eles, é mostrar a Deus o quanto se é zeloso no cumprimento das leis. Santidade é sinónimo de comportamento moral reto e possuem uma postura intolerante para quem se desvia desse caminho.
Para Jesus, a verdadeira santidade só pode ser vivida pelos que, na sua humildade, se reconhecem pequeninos, necessitados de serem santificados por Deus. A santidade decorre de uma disposição interior, de um acolhimento das palavras de Jesus, de um seguimento. A estes são reveladas as verdades, escondida dos sábios e inteligentes e dadas a conhecer por Jesus a todos os que O quiserem seguir.
3. Silêncio meditativo e diálogo
- «Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos.»
Jesus mostra-nos que a lógica de Deus não é a lógica dos homens. O sucesso da vida não se mede pela riqueza nem pelo poder. A verdadeira felicidade é fruto do reconhecimento de Deus como Pai, Senhor do Céu e da Terra, de quem recebemos a vida e a quem devemos uma atitude de gratidão e de solicitude.
Costumo bendizer a Deus? Trato a Deus como Pai amoroso? Ou tenho de Deus uma imagem de justiceiro implacável? Sinto-me realizado quando faço alguém feliz? Ou faço depender a minha felicidade dos likes nas redes sociais? Celebro a Eucaristia como verdadeira ação de graças, agradecimento pelos dons que recebo de Deus? Ou vou à missa apenas para cumprir um ritual?
- «Ninguém conhece o Filho senão o Pai e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.»
Jesus é o Filho bem-amado de Deus. É o mestre da sua comunidade, que apresenta a sua vida como o único caminho para chegar ao conhecimento do Pai. Jesus reza no meio do povo, dos discípulos, revela-se muito humano e, ao mesmo tempo, o Salvador no seio da sua comunidade.
Reconheço Jesus como o meu Salvador? Procuro que as minhas ações sejam coerentes com a minha fé? O que faço para aumentar a minha fé? Dou espaço à oração na minha vida? Faço da Eucaristia tempo de encontro com Deus e de verdadeira conversão? Ou sou um cristão pouco convicto, que não se preocupa em alimentar a sua vida cristã?
- «Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.»
Jesus fala para todo o seu povo: para as vítimas da pobreza, da violência e da injustiça, mas também para aqueles que são os responsáveis pela miséria imposta a tantos. Ele propõe uma mudança de paradigma, uma inversão de valores: por um lado, alargar o horizonte da vida à eternidade; por outro, dar prioridade àquilo que é sagrado para Deus, ou seja, as necessidades urgentes das pessoas, estar disponível para ser instrumentos da Graça de Deus na vida daqueles que nos rodeiam. Este coração renovado é o que Jesus tem para nos oferecer: um coração manso e humilde onde Deus pode reinar e através do qual se pode manifestar na sua infinita misericórdia. Acolhendo a proposta de Jesus e seguindo-O, encontramos o consolo do Pai e descobrimos a vida plena, a salvação.
Considero o serviço aos outros um fardo e uma dificuldade, ou uma ação libertadora e caminho de salvação? Sinto-me comprometido e responsável pelos irmãos que sofrem? Ou procuro viver a minha vida sem contactar com essa realidade? Ser cristão é para mim uma alegria permanente? Ou um jugo pesado, uma prisão a hábitos e tradições sem sentido?
4. Propósito e Oração final
Hoje e sempre, vou procurar ser manso e humilde e abrir o meu coração a Deus e a todos os que comigo se cruzam.
Oração
Ó glorioso Deus altíssimo,
ilumina as trevas do meu coração,
concede-me uma fé verdadeira,
uma esperança firme
e um amor perfeito.
Mostra-me, Senhor, o recto sentido e conhecimento,
a fim de que possa cumprir o sagrado encargo
que na verdade acabas de me dar.
Ámen.
(São Francisco de Assis)
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