Texto: P. Fidel Ortega
Vozes: Nelson Matias e Mónica Matias
Pós-Produção: José Simões
Livres do medo para ser fiéis
Introdução
O medo faz parte da natureza humana e tem uma função vital positiva: mostra os perigos, impõe limites, impede gestos ousados, arriscados, insensatos. Mas, descontrolado, torna-se obstáculo para uma ação corajosa e a tomada de uma decisão importante na vida. Para o cristão, o medo constitui, não poucas vezes, o pior inimigo. Pode levá-lo ao temor de perder a própria posição, de se ver diminuído perante os outros ou privado dos seus bens, de alguma punição, exclusão e até da morte. Quem se deixa dominar pelo medo já não é livre. Por isso, Jesus no Evangelho de hoje insiste por três vezes para não ter medo, argumentando solidamente.
Palavra de Deus
Vais agora escutar uma passagem do Evangelho segundo S. Mateus
Naquele tempo, disse Jesus aos seus apóstolos:
“Não tenhais medos dos homens,
pois nada há encoberto que não venha a descobrir-se,
nada há oculto que não venha a conhecer-se.
O que vos digo às escuras, dizei-o à luz do dia;
o que escutais ao ouvido proclamai-o sobre os telhados.
Não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a alma.
Temei antes Aquele que pode lançar na geena a alma e o corpo.
Não se vendem dois passarinhos por uma moeda?
E nem um deles cairá por terra sem consentimento do vosso Pai.
Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados.
Portanto, não temais: valeis muito mais do que todos os passarinhos.
A todo aquele que se tiver declarado por Mim diante dos homens
também Eu me declararei por ele diante do meu Pai que está nos Céus.
Mas àquele que Me negar diante dos homens,
também Eu o negarei diante do meu Pai que está nos Céus”.
Meditação
– “Não tenhais medo dos homens, pois nada há encoberto que não venha a descobrir-se…”
É o medo do fracasso da missão. Jesus quer indicar que, aos olhos de Deus, a obra do cristão nunca é vã e que, mesmo que fossem condenados à morte, nada pode impedir que o projeto de Deus se realize.
– O medo ao fracasso leva-me à inação?
– “Não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a alma”.
É o medo dos maus tratos e da morte. Jesus indica que nenhuma forma de violência pode privar o discípulo do único bem duradouro que recebeu de Deus, a vida. E que há algo que deve ser temido: aquela força negativa dentro de nós que leva a caminhos opostos aos de Deus: é o próprio medo. Quem tem medo não consegue fazer o que o levaria a realizar a própria vida e por isso “morre” estando vivo.
– Quantas vezes, por medo de ficarmos sós, cultivamos amizades ambíguas, mentimos…?
– “Por tanto, não temais: valeis muito mais do que todos os passarinhos”.
É o medo de que a perseguição leve à privação do necessário para subsistir. Contra ele, Jesus propõe a confiança na providência de Deus, que é Pai. Não promete livrar miraculosamente de todas as adversidades, mas a força para continuar por diante, permanecendo n´Ele e sendo fiéis. A imagem dos cabelos da cabeça ilustra que nada de nós escapa ao amor de Deus e ao seu cuidado.
– Sinto-me seguro nas mãos de Deus?
– “A todo aquele que se tiver declarado por Mim diante dos homens também Eu Me declararei por ele diante do meu Pai que está nos Céus”.
O Evangelho de hoje conclui com esta promessa, que não se refere ao juízo final, mas àquilo que acontece no dia a dia da nossa vida: Jesus reconhece-se em alguns dos seus discípulos, noutros não. Reconhece-se nos que anunciam a sua mensagem sem medo, a custo de tudo. E promete testemunhar em favor deles diante do Pai. Não se reconhece nos que reproduzem diante de todos a sua própria imagem e não a d´Ele.
– Procuro anunciar o Senhor ou anuncio-me antes a mim mesmo?
Oração
Rezemos um trecho do salmo 36:
Confia no Senhor e pratica o bem,
possuirás a terra e viverás tranquilo.
Põe no Senhor as tuas delicias
e Ele satisfará os anseios do teu coração.
Confia no Senhor o teu destino
e tem confiança, que Ele atuará.
Fará brilhar como luz a tua justiça
e como o sol do meio-dia os teus direitos.
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