Com Maria e Jesus, tornar-se artífice de paz
Breve Introdução
A oito dias do Natal de Jesus, celebramos a solenidade Santa Maria Mãe de Deus, aquela que deu à luz e amparou o Filho de Deus e Príncipe da Paz. Vivemos hoje tempos sombrios por causa da guerra e de outros males que nos afligem. No primeiro dia do ano, a Igreja convida-nos a meditar e orar pela paz, a fim de nos tornarmos também artífices de relações justas e harmoniosas na humanidade. Na sua mensagem deste ano, o Papa Francisco propõe-nos refletir e agir segundo este tema: “Ninguém pode salvar-se sozinho. Juntos, recomecemos a traçar sendas de paz”. Com a Palavra de Deus que vamos escutar e meditar e a intercessão materna de Maria, invocamos de Deus o dom da paz e as suas bênçãos para todos.
1. Invocação
Deus, nosso Pai,
nós te louvamos com alegria e gratidão
por nos teres dado Jesus, através de Maria.
Como ela, nos dispomos a escutar a tua Palavra,
a acolhê-la e meditá-la no íntimo do coração.
Derrama sobre nós o teu Espírito e dá-nos a graça
de compreendermos e vivermos a tua Palavra,
tornando-nos artífices da paz no nosso mundo. Ámen
2. Escuta da Palavra de Deus
2.1. Vamos escutar um texto da carta de S. Paulo aos Gálatas
o Apóstolo afirma que a vinda de Jesus ao mundo assinala a plenitude do tempo e cumpre as antigas promessas de um regresso do homem à vida de comunhão com Deus. É nesta comunhão íntima e em relações fraternas que decorre a vida do cristão e a sua missão.
2.2. Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Gálatas (4, 4-7)
Irmãos:
Quando chegou a plenitude dos tempos,
Deus enviou o seu Filho,
nascido de uma mulher e sujeito à Lei,
para resgatar os que estavam sujeitos à Lei
e nos tornar seus filhos adotivos.
E porque sois filhos,
Deus enviou aos nossos corações
o Espírito de seu Filho, que clama: «Abbá! Pai!».
Assim, já não és escravo, mas filho.
E, se és filho, também és herdeiro, por graça de Deus.
Palavra do Senhor.
Breve comentário
Este célebre texto paulino fala-nos de Jesus, de Maria, como terreno fecundo que acolheu o Filho de Deus, e da experiência cristã como relação filial com Deus.
Deus tomou a iniciativa de enviar o seu Filho ao mundo e assim elevar de novo o homem à dignidade de filho. Jesus, cujo nascimento histórico estamos a celebrar, entrou a fazer parte da humanidade, submetendo-se às suas leis e condições. Por efeito do mistério da encarnação, a humanidade identificou-se, de algum modo, com Cristo, formando com ele uma realidade única. E tudo isto através do ventre de uma mulher, Maria, em plena e normal humanidade, como acontece a qualquer outro ser humano.
Paulo apresenta-nos aqui o esquema de toda a ação libertadora: imersão de Cristo na pobreza humana, auto libertação com uma força divina e atração de toda a humanidade para si. Esta missão do Filho teve um único objetivo: revelar o autêntico sentido da vida e possibilitar-nos chegar a ser realmente filhos adotivos do mesmo Pai. Sinais desta real transformação são a oração confiante que o Espírito Santo suscita no coração do crente, levando-o a dizer: «Abbà! Pai!». E fazendo-o sentir-se perante Deus não como servo, mas como pessoa livre, com a liberdade de filho de Deus. E, neste divino projeto, Maria foi o instrumento privilegiado.
Chamar a Maria «Mãe de Deus» significa, pois, conhecer o coração dos mistérios da encarnação e da própria história da salvação e encontrar nela intercessão e ajuda materna para a nossa própria caminhada no tempo. (cf Lectio divina para cada dia del año, vol. 2, 11-13-114).
3. Silêncio meditativo e diálogo
«Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher e sujeito à Lei.»
Deus quis fazer história com os homens e mulheres. Por isso, incarnou, assumindo as fragilidades da carne humana e sujeitando-se às condições e leis do mundo. Maria é assim a mãe do Filho de Deus. Este Filho, Jesus, faz caminho connosco, ajuda-nos e sustenta a nossa esperança.
Em Jesus e Maria, reconheço, sinto e aprecio realmente esta proximidade de Deus? Como é a minha relação com Maria, Mãe de Jesus? Como posso testemunhar e fazer sentir, de modo concreto, o amor de Deus a quem me está próximo e com quem me relaciono?
«…para resgatar os que estavam sujeitos à Lei e nos tornar seus filhos adotivos.»
Jesus veio ao mundo para nos libertar da opressão e do pecado e nos aproximar de Deus. Aceitando o dom que nos faz, pela fé e pelo batismo, tornamo-nos filhos de Deus e irmãos de quantos receberam esta mesma graça.
Que influência tem na minha vida o facto de ser cristão, na relação com Deus e no meu comportamento na Igreja e na sociedade?
«E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: “Abbá! Pai!”».
É através de Jesus que somos e vivemos como filhos de Deus. Ele é o mestre e modelo da nossa relação filial e confiante com Deus. Por ele recebemos o Espírito Santo que nos guia e inspira na oração e também na vida quotidiana no mundo.
A minha oração é realmente espiritual e filial? Estou atento às boas inspirações, intuições e impulsos espirituais que me ajudam nas variadas situações da vida? Procuro ser bom ouvinte e conselheiro para os outros?
«Assim, já não és escravo, mas filho. E, se és filho, também és herdeiro, por graça de Deus».
De Deus recebemos a sua vida, o dom do Espírito, o amor, o Evangelho e a liberdade. E também a fraternidade em relação aos demais seres humanos. Através dela podemos tecer laços de paz, superar tensões e resolver conflitos.
Com os dons e a força espiritual recebidos de Deus, como vou tornar-me artífice de paz ao longo deste novo ano? Faz algum sentido marginalizar alguém por causa da sua raça ou estatuto social? Aquilo que acontece aos outros – de bom e de mau – não me diz respeito?
- Propósito e oração final
– Ao longo da semana, vou avivar a minha consciência filial pela oração e ter atitudes fraternas e de paz para com os meus próximos.
Cada participante, querendo, pode apresentar uma breve intenção de oração. E todos respondem: Dai-nos, Senhor, a vossa paz.
Concluem juntos, atentos ao Espírito, rezando:
Pai Nosso…
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