De 42 paróquias vieram os 170 participantes na Jornada sobre Dinâmicas de Liderança na Igreja que se realizou no dia 29 de junho. No final, numa avaliação feita em tempo real através de um aplicativo no telemóvel, os presentes deram uma média de nota 9, numa escala de 1 a 10, à iniciativa promovida pela Diocese.
Para este dia de formação foi convidado João Pedro Tavares, presidente da Associação Cristã de Empresários e Gestores, que se dedica também a formações na área da liderança, acompanhado por Lourenço Sobreira que é administrador do Alpha, Curso para Casais e Curso de Preparação para o Casamento na região de Lisboa.
Depois de um momento de oração e cântico dinamizado pela banda ligada ao grupo Alpha da diocese de Leiria-Fátima, coube ao bispo D. António Marto introduzir os trabalhos do dia. Na sua intervenção, o prelado lembrou alguns dos discursos do Papa Francisco que tem alertado para o facto de se estar a “autêntica viragem epocal, histórica, a nível global, com aspetos inéditos”. Destacou o fenómeno da globalização e, por conseguinte, “as novas tecnologias com o seu impacto nos mais variados âmbitos (economia, trabalho, saúde, educação, comunicação, relações…), a ilimitada mobilidade geográfica e cultural, o pluralismo cultural e religioso”.
“O mundo tornou-se demasiado complexo e muda a um ritmo demasiado acelerado para que uma Igreja mundial vá arranjando as coisas e solucionando os problemas pelo caminho, conforme pode, mas sem estar focalizada numa visão renovadora de conjunto”, explicou o cardeal com o desejo expresso de uma “Igreja livre e aberta aos desafios do presente, nunca à defesa pelo medo de perder algo”.
Para o D. António Marto, esta jornada pretende ajudar a “implementar uma nova cultura de liderança para a nossa Igreja, uma cultura que reconheça e ponha em prática a corresponsabilidade dos fiéis, que valorize e aproveite os diversos talentos e carismas, fomente a criatividade e a assunção prudente de riscos, economize a dispersão de energias que podem desgastar alguns sobrecarregados, e se paute por critérios elevados de profissionalidade no governo, no trabalho pastoral e na gestão das comunidades”.
Quatro espaços para quatro níveis temáticos
O programa do dia continha quatro blocos temáticos: dois de manhã e dois à tarde. No primeiro, foi lançada a questão “o que é ser Líder?” a fim de propôr uma definição tão completa e exata quanto possível, para o orador chegar à conclusão de que “liderar é inspirar e alcançar resultados”. O segundo bloco já propunha orientações mais práticas. “Como se deve Liderar?” era pergunta de partida. Nesta parte, João Pedro Tavares abordou três vertentes da lideranças: a missão, a visão e os valores. Depois do almoço foi abordada a questão do trabalho em equipa na Igreja e o que isso implica da parte de quem tem a responsabilidade de liderar um grupo para que se alcancem resultados. Finalmente, o último bloco apontava para o futuro, com a constatação de que a Igreja precisa de líderes.
Para o condutor da formação, “os líderes na Igreja têm uma liderança muito exigente em múltiplas frentes, por vezes com pouco recursos, e muitas vezes isolados, com tudo sob a sua responsabilidade; muitas vezes, necessitam de maior organização, definição de prioridades e equipas em quem confiem e sistematização operacional”. Neste sentido, apontava como a origem destes problemas a falta de foco naquilo que é essencial que, no caso da Igreja, é o anúncio de Cristo. Não é, pois, de admirar que apresente a oração como solução para muitos dos problemas que hoje a Igreja vive.
João Pedro Tavares explicou que “a primeira responsabilidade de um líder, é liderar-se a si próprio, conhecer, e desejar, a sua missão, saber os seus valores e a sua filiação”.
As 9 responsabilidades básicas de um líder
Determinar Missão, Visão e Objectivos
Fomentar o trabalho em equipa – Escolher e capacitar colaboradores.
Garantir um Plano Operacional efectivo
Medir, Monitorar, corrigir, ajustar – Fazer Acontecer
Assegurar os recursos necessários
Proteger Activos e controlar
Garantir integridade e Ética. Promover transparência
Comunicar exteriormente (de forma adequada)
Preparar (um melhor) futuro a prazo
Interação tecnológica
Um dos pontos interessantes e dinâmicos da jornada e que envolvia directamente todos os participantes, foi o uso dos telemóveis para criar momentos de interação. No dia anterior, os inscritos tinham sido informados da necessidade de cada um trazer o seu smartphone. Este pedido gerou alguma curiosidade que ficou logo desfeita no momento em que Lourenço Sobreira, que conduzia estas partes, pediu para acederem a um link com um código. Na página acedida com essa hiperligação, era feita uma pergunta a que cada participante era convidado a responder. Em tempo real, as respostas iam surgindo na tela de projeção o que, inicialmente gerou algum espanto e interesse por essa dinâmica.
Exemplos que acontecem na Igreja
Para além dos momentos formativos, também foram apresentados testemunhos de boas práticas de Liderança na Igreja, com resultados muito positivos. Em destaque esteve o percurso Alpha. Foi mostrado um vídeo do padre James Mallon, o fundador desta organização, em que explicava a importância de uma paróquia definir a sua estratégia pastoral com o bispo da diocese. Pare este sacerdote, é importante ter uma visão de futuro e objetivos bem concretos ara que os resultados apareçam.
Também a dar o seu testemunho foi a Rita, da Marinha Grande, que salientou a importância de ter feito um Alpha para se integrar de forma mais dinâmica e concreta na sua comunidade.
João Pedro Tavares, é de opinião de que o processo de desenvolvimento de uma estratégia deva ser realista, baseado em factos e colaborativo. Para isso remete para um processo de respostas a questões constantes da conhecida grelha SWOT que visa “identificar ou rever pontos fortes e fraquezas na estratégia actual da organização, analisar prioridades de evolução, antecipar barreiras e conflitos e definir acções”. Um dos aspetos importantes que aponta é a necessidade de distinguir entre intenções e objetivos, dando um exemplo: “melhorar a comunicação com a comunidade é apenas uma intenção que pode ser explicitada num objectivo formulado desta maneira: avaliar nos próximos 3 meses com um grupo selecionado formas concretas de comunicar”. Para ajudar, apresentou uma grelha que ajuda a definir um plano de acção para cada iniciativa.