Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus

Nos finais do século XIX, era prática corrente abandonar os doentes mentais à sua sorte, sobretudo as mulheres, bem como as crianças com deformações ou doenças infecciosas. Bento Menni vai ao seu encontro nos ambientes de marginalidade e exclusão social e põe mãos à obra para que tenham os cuidados médicos que precisam. Entre outras obras, funda em 1881, em Ciempozuelos (Madrid), as Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus (IHSCJ).

 

 

Unir “caridade e ciência” como o Bom Samaritano

Esta congregação nasce, portanto, com uma missão específica para a área da saúde, especialmente a psiquiatria. Por esta ação e pelo seu papel na restauração da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus em Espanha, Portugal e México, por ordem do Papa Pio IX, o sacerdote italiano Bento Menni, nascido em 1841, foi considerado o precursor da primeira rede de assistência psiquiátrica em Espanha. Quando faleceu, em 1914, tinha criado 22 grandes centros, entre asilos, hospitais gerais e psiquiátricos. Canonizado pelo Papa João Paulo II, em 1999, os hospitaleiros promoveram um ano de celebração do centenário da sua morte, que termina com um congresso na Universidade Católica de Lisboa, nos próximos dias 14 e 15 de abril.

Foram co-fundadoras das IHSCJ María Josefa Recio e María Angutias Giménez, ambas de Granada, que se juntaram a S. Bento Menni para formar a primeira comunidade.

 

Carisma e Missão

Com o lema “Orar, servir e amar”, numa simbiose de contemplação e ação, o carisma da Congregação aponta a sua raiz bíblica para o “Bom Samaritano” do Evangelho, imagem da caridade perfeita do Coração de Jesus, que o próprio fundador procurou imitar na sua vida de dedicação aos doentes abandonados pelos caminhos.

Assim, através da prática da caridade hospitaleira, procuram “glorificar a Deus Pai, reproduzindo os sentimentos do Coração do Filho, pela ação do Espírito Santo, e continuando na Igreja e para o mundo a missão salvífica de Jesus Cristo em favor dos doentes mentais e deficientes físicos e psíquicos, de preferência pobres”. É nestas “situações de fronteira da pessoa que sofre” e com “fidelidade criativa” que querem “mostrar ao mundo que o Cristo misericordioso e compassivo do Evangelho permanece vivo entre os homens”, refere a irmã Maria Isabel Santos, responsável da casa de Fátima. É essa a forma concreta de evangelizar da congregação: “unir a caridade e a ciência” no exercício eficiente da missão hospitaleira.

Nessa linha, uma das preocupações é oferecer aos utentes “a melhor qualidade possível na assistência e cuidados médicos”, como já o fundador fizera, “procurando os melhores e mais qualificados médicos e recursos humanos e apostando na criatividade, na prevenção e na investigação e inovação técnica e científica”. São frequentes as jornadas científicas que promovem nos seus centros assistenciais, a formação permanente de equipas multidisciplinares e a colaboração com outras instituições, sobretudo quando está em causa “a defesa das pessoas mais pobres, marginalizadas e desfavorecidas”. O acento é sempre colocado “na humanização e qualidade de vida dos utentes, envolvendo as famílias e a sociedade na sua re-socialização”.

 

Na diocese

2015-03-11 sopra2Chegaram a Portugal logo em 1894, abrindo em Belas a que é atualmente a casa-mãe da Província Portuguesa. Mas à diocese de Leiria, apenas no início da década de 60 do século XX, com a fundação da Casa de Santa Maria para formação e apoio às irmãs em visita ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima, padroeira desta província.

O grupo residente é pequeno, mas, além deste acolhimento às irmãs, fazem serviço de voluntariado no Santuário e também na comunidade local, com visitas ao domicílio, acolhimento e ajuda a pessoas em sofrimento por solidão, doença, desesperança, “conscientes de que a saúde mental se integra na saúde global da pessoa ”. Prestam ainda assistência num lar de idosos, nomeadamente, na animação das celebrações e no atendimento aos doentes.

 

Testemunho vocacional

“Estás maluca, ou quê?”

2015-03-11 sopra3A irmã Maria Isabel Santos, responsável do Grupo Comunitário e da Casa de Santa Maria, em Fátima, nasceu na diocese da Guarda há 71 anos. Entrou no Colégio Apostólico de Braga aos 14 anos de idade e fez a sua profissão religiosa aos 20. Pedimos-lhe uma partilha sobre a sua vocação.

 

Nasci e cresci numa família de princípios e valores cristãos, onde os meus pais foram os primeiros e melhores catequistas, pela palavra e mais ainda pelo exemplo. Amávamos a verdade e a honestidade, rezávamos em família e em ajuntamentos de trabalhadores, íamos sempre à Missa e, depois da 1.ª Comunhão, fazia a visita diária ao Santíssimo Sacramento e a Nossa Senhora do Rosário. Frequentei a catequese, a Cruzada Eucarística, a Pré-JAC e ajudava a minha mãe a acolher pedintes, órfãos e todos os que solicitavam a sua ajuda.

Mas foi no dia da minha Crisma, que vivi com muita intensidade aos 14 anos, que o Espírito Santo me inspirou pela primeira vez o desejo: “eu quero ser irmã”. Essa frase não me saía da cabeça e, à noite, disse-a à minha mãe. Em vez do beijo de boa noite, deu-me uma “estaladinha”, a primeira na vida: “Estás maluca, ou quê?”. De facto, tinha enlouquecido por esta causa tão nobre de me sentir chamada pelo Senhor e aceitar deixar tudo para O seguir.

A reação da minha mãe devia-se ao facto de ter pensado já num namoro para mim, para concretizar um projeto de união na família. Mas esse não era o meu desejo e consegui que o pároco me levasse, com algumas amigas, para o Colégio Apostólico da Congregação. A batalha mais dura viria dois anos depois, quando vim de férias e não queriam deixar-me regressar, estando por perto o rapaz que queriam para meu noivo. Sofri muito nessa provação, mas Jesus Cristo, por Quem eu estava apaixonada, o amor à missão hospitaleira no serviço dos mais pobres e marginalizados e a oração intensa deram-me a força e o poder de os convencer… E tudo consegui vencer.

Desde então, a minha vida tem sido apaixonada pelo amor de Deus Pai, que, na pessoa do Espírito Santo, me convocou e convoca em cada dia a configurar-me com seu Filho Jesus Cristo, e segui-l’O de forma radical, cumprindo os seus conselhos evangélicos de castidade, pobreza e obediência, e nesta minha amada Congregação, a favor das pessoas mais pobres e desfavorecidas que habitam as periferias da humanidade.

Embora com espinhos, toda a minha vida tem sido uma rica experiência, sobretudo no cuidado de crianças e jovens deficientes, mas também em serviços administrativos e diretivos, na catequese e animação litúrgica, na pastoral juvenil e vocacional. Alguns milhares de jovens passaram pela minha vida e enriqueceram-me com o encanto da juventude, generosa e sem preconceitos.

Aproveito para “desafiar” os e as jovens que leiam este testemunho: escancarem as vossas portas a Cristo, escutem o Espírito Santo, sede generosos e encontrareis o pleno sentido para as vossas vidas! Estamos à vossa disposição para uma ajuda…

 

Família Hospitaleira

A Família Hospitaleira é constituída por diversas congregações, mas também por estruturas de voluntariado, hospitalar e missionário, e movimento de leigos, como a Juventude Hospitaleira e as Famílias Hospitaleiras. Estão integrados e dinamizam centros de formação, grupos de reflexão e diversos projetos sociais, que poderá conhecer a partir do sítio www.ihscj.pt.

 

Números…

…no Mundo

1084 membros, em 95 comunidades e 24 grupos comunitários, e 127 jovens em formação

Em 27 países com mais de 230 centros assistenciais e outros serviços

…em Portugal

São 177 irmãs em 15 comunidades e 3 grupos comunitários

Estão em 14 centros assistenciais e outros serviços

…na Diocese

2 irmãs em permanência, na Casa de Santa Maria, uma com 71 e outra com 76 anos de idade

 

Sítio: www.irmashospitaleiras.pt

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