A palavra de Deus que acabamos de proclamar ilumina o sentido da festa que celebramos e indica três atitudes fundamentais para viver esta JMJ:
1. Escutar: “Fala Senhor que o teu servo escuta!”
A primeira leitura fala de um moço, Samuel, no caminho da sua juventude. Ainda não entendia tudo, mas tinha uma grande vontade de procurar, de escutar, de entender a vida, o futuro. Nos seus sonhos havia gritos de dor do seu povo e também uma voz, que ele não conhecia, mas que o chamava pelo seu nome.
Foi pedir conselho ao ancião com quem vivia e ele também ficava sem perceber. Por fim entendeu que Deus falava ao moço e disse-lhe: Se voltares a ouvir a mesma voz que chama por ti, não tenhas medo, responde: “Fala, Senhor que o teu servo escuta!”
Esta é a primeira e a mais importante atitude para viver estas jornadas: escutar a voz de Deus. Ele fala ao nosso coração (mesmo sem telemóvel). Esta JMJ é um tempo privilegiado para escutar a voz de Deus. Na festa, no canto, na dança, nos novos conhecimentos e amizades… mas sobretudo no silêncio do coração que se abre à escuta e diz: FALA, SENHOR QUE O TEU SERVO ESCUTA!
2. Irmãos e irmãs ativos na construção da Igreja e do mundo
A segunda leitura traz-nos outra palavra fundamental: “Não sois estrangeiros nem imigrantes, mas concidãos e membros da família de Deus” (Ef 2,19).
Pela Sua Palavra, Deus reúne-nos como discípulos. Hoje, neste parque, não há cidadãos e estrangeiros: aqui todos somos irmãos e irmãs, para além da nacionalidade, cultura ou língua. A JMJ é um Pentecostes de mundo novo.
É também expressão da nossa vontade e do nosso compromisso de rejeitar todas as formas de racismo, de exclusão, de exploração, abuso. A JMJ é experiência de ser, em Jesus, uma mesma família, um laboratório do futuro, sonho de mundo novo, mais capaz de cuidar do planeta, mais fraterno, mais solidário, mais em paz.
3. Cuidar e servir
No Evangelho, perante as discussões e divisões entre os discípulos sobre quem é o maior ou o mais importante, Jesus coloca no meio deles uma criança e diz: “quem acolher em meu nome uma criança como esta, acolhe-Me a Mim… Não desprezeis um só destes pequeninos”.
A criança precisa dos pais e daqueles que estão próximos, para viver e crescer. Por isso Jesus coloca uma criança no centro da atenção dos discípulos. Ele quer que a Sua Igreja seja mãe carinhosa, no cuidado dos mais desprotegidos. Tem de ser um hospital de campanha, especialista em cuidar das fragilidades: da fragilidade do planeta em que vivemos, das crianças vítimas da fome e da guerra, dos que buscam caminhos para fugir à miséria, à fome e à injustiça, dos anciãos na sua solidão.
Não fiquemos no sofá do nosso egoísmo e comodismo. Abramos o coração a Jesus perguntando-lhe: “Senhor, que queres que eu faça?”. Levantemo-nos, como Maria, para assumir o nosso papel, para servir, para cuidar, para renovar a nossa família, a Igreja, o mundo. Estejamos especialmente próximos daqueles que têm mais necessidade de um abraço amigo e solidário, de um coração como o Coração de Jesus.