A congregação foi fundada por Ana Mogas, na Catalunha, Espanha, em 1850. Desejando “colaborar na missão salvadora de Cristo e tornar presentes no mundo os valores do Reino”, começa pela dedicação à educação de crianças pobres.
Ao serviço do Reino pela educação infantil
Maria Ana Mogas Fontcuberta nasceu a 13 de janeiro de 1827, em Granollers, Barcelona. Perde o pai aos 7 anos de idade e a mãe aos 13, ficando ao cuidado da madrinha de batismo, Maria Mogas, uma viúva sem filhos que lhe proporciona uma esmerada educação cultural, humana e religiosa.
Desde a adolescência, sente um chamamento a deixar o conforto dos bens materiais e a elevada posição social que poderia ter, para se dedicar ao serviço dos mais desfavorecidos. Apercebendo-se das carências educacionais de tantas crianças, observa o trabalho nessa área de Isabel Yubal e María Valdés, orientadas pelo frei José Tous, três capuchinhos ex-claustrados, e decide juntar-se a eles. Tem de vencer a resistência da família e até do diretor espiritual, mas consegue, aos 23 anos, dedicar-se totalmente à causa do seu coração, decidindo criar a sua própria comunidade, com um estilo de vida simples e austero, à maneira franciscana.
Nasce assim, em 1850, o primeiro grupo da congregação das Franciscanas Missionárias da Mãe do Divino Pastor, da qual é eleita superiora. Mulher profundamente crente, faz da fé a luz para os seus passos. O testemunho da sua autenticidade e da vida de oração como base do agir rapidamente interpela outras pessoas a juntarem-se neste serviço aos pobres e leva os pastores a reconhecerem que ela é um verdadeiro dom de Deus para a Igreja.
Virá a ser beatificada, em Roma, por João Paulo II, no dia 6 de outubro de 1996.
Rápida expansão
Também rápida é a expansão da nova congregação, em resposta aos pedidos para estar presente em diversas localidades, dedicando-se prioritariamente à educação cristã de meninas pobres e sem-abrigo. É, sobretudo, a partir de 1872 que a fundadora concentra esforços na definição do estatuto do Instituto e na sua coordenação.
Além de Espanha, as irmãs estão hoje presentes em países como Argentina, Bolívia, Chile, Peru, Venezuela, Angola, Benim, Moçambique, Itália e Portugal. Ao nosso país chegaram em 1936, muito graças à dispersão causada pela guerra civil em Espanha.
Carisma
A fundadora confiou a Congregação à Mãe do Divino Pastor, deixando como lema “Amor e Sacrifício” e como testamento espiritual “Amai-vos”. Em fidelidade ao dom recebido, o Instituto continua a oferecer à Igreja a identidade franciscana, pelo cultivo do vínculo pessoal em fé e amor a Deus, pela opção de pobreza evangélica e pela fraternidade vivida na simplicidade, acolhimento, caridade sem limites e compromisso na promoção da justiça, da paz e da integridade da criação.
Procurando ser “sinais da bondade, gratuidade e amor de Deus para com todas as pessoas”, as irmãs desenvolvem a sua ação apostólica sobretudo no campo da educação em colégios próprios, mas também na inserção paroquial, no campo da saúde, na promoção social, na missão “ad gentes”, em atividades de voluntariado e colaboração em projetos de ação social.
Nessa missão participa também a Associação Maria Ana Mogas, com o compromisso dos leigos associados em optar pelo Evangelho como norma de vida, encarnando o mesmo carisma e atuando como portadores de paz, justiça e caridade nos contextos onde vivem.
Na Diocese
A comunidade em Fátima surgiu em 1963, funcionando até 2014 como sede da ex-Província Portuguesa Nossa Senhora de Fátima. A casa tem funcionado como lugar de encontro e formação, acolhendo os momentos mais importantes do Instituto em Portugal: retiros, cursos, encontros de âmbito congregacional, etc.
Ao longo dos anos, as irmãs colaboraram ainda no serviço do Santuário, no atendimento a peregrinos, na pastoral juvenil e no apoio a atividades apostólicas das diferentes comunidades. Ultimamente, com a unificação da Província Portuguesa com as três de Espanha, a finalidade principal é de residência de irmãs idosas, estando apenas uma a desempenhar profissionalmente o ensino.
Testemunho vocacional
“A luta interior durou quatro anos”
Nasci em Proença-a-Nova, distrito de Castelo Branco, a quarta de oito filhos numa família muito religiosa, em que todas as noites se rezava o terço, pois os meus pais eram muito devotos de Nossa Senhora de Fátima. Fiquei órfã de pai aos 12 anos, quando o meu irmão mais novo tinha apenas 6 meses, e foram pessoas amigas que ajudaram muito a minha mãe.
Os meus padrinhos levaram-me para Lisboa e fiquei com eles até aos 15 anos. Um dia, um jovem pediu-me namoro e eu senti que não era esse o meu caminho. A minha madrinha, vendo que eu não me sentia bem, achou que era melhor voltar para junto da minha mãe, pelo que arranjei emprego em casa de uma amiga materna e comecei a ajudar na economia da casa.
No dia 13 de maio de 1954, chegaram a Proença as Irmãs Franciscanas Missionárias da Mãe do Divino Pastor, para o serviço aos doentes no novo hospital. Foi nesse mesmo dia que eu senti que o Senhor me chamava e, passados estes anos, recordo-o como se fosse hoje. Passava na rua principal e senti um baque no coração: “não gostavas de ser uma destas?”. Parei, olhei e vi três irmãs que andavam a visitar a igreja com o pároco. Era a primeira vez que via irmãs… e respondi a essa voz: “sim, gostava”.
À tarde, fui ao hospital falar com elas. Quem me recebeu foi uma irmã espanhola, que ficou um pouco admirada com o meu pedido e disse que teria de falar com a minha mãe. Primeiro, falei eu com ela; opôs-se, dizendo que não sabia o que queria e que lhe fazia muita falta. Começou o meu sofrimento, pois nem os meus irmãos estavam de acordo, nem sequer o pároco, pois eu dava catequese e trabalhava com os jovens.
A luta interior durou quatro anos. Mas fui buscar força à oração e à Eucaristia, permanecendo vivo o chamamento de Deus. Só aos 19 anos é que a minha mãe me deixou ir e, no dia 19 de março de 1958, saí para o Porto. Esse vazio desapareceu e parti feliz.
Fiz a formação em Espanha e, apesar de não saber nenhuma palavra em espanhol, a minha alegria era tanta que eu entendia tudo através de gestos. Em 1960, fiz a primeira profissão, vim para Portugal e fiz os estudos de professora do 1.º ciclo. Em 1964, fui destinada para Moçambique, para a missão da Murraça, onde estive sete anos a lecionar. Foram anos muito felizes, sentindo muito vivo o amor de Jesus, a quem me tinha entregado com todo o coração. Reconheço que a vocação é um dom de Deus e somos felizes quando sentimos que estamos no nosso lugar.
Em Fátima, onde me encontro desde 1978, dei aulas no CRIF. Já fiz as minhas bodas de ouro, em 2010, aqui em Fátima. Sou feliz e desejo que os jovens estejam despertos e atentos à voz de Deus.
Ir. Maria Emília Alves Cardoso
Números
No mundo
Comunidades: 94
Membros: 540
Em Portugal
Comunidades: 6
Membros: 25
Na Diocese
Comunidades: 1
Membros: 12
Mais nova: 63 anos
Mais velha: 84 anos
Média etária: 76 anos