A festa em honra de Nossa Senhora da Ortiga é uma romaria secular de devoção, convívio e até início de namoro e realiza-se nos próximos dias 6, 7 e 8 de julho, na paróquia de Fátima.
“É verdade que as pessoas das redondezas e de modo particular os paroquianos de Fátima têm em grande apreço e grande devoção a esta imagem de nossa senhora e também este santuário. Quer dizer que tocar em qualquer assunto da devoção ou da tradição é sempre complicado neste local da Ortiga”, começa por explicar o padre Rui Marto, pároco de Fátima.
A primeira capela do santuário data de 1758 e esta festa recebe muitas pessoas provenientes de vários pontos do país que na época festiva reúnem-se num ambiente de convívio e confraternização, “ali se esquecem muitas quezílias”, para “celebrar a missa, ou se confessarem, ou simplesmente estarem na sua devoção a Nossa Senhora”, assinala em entrevista à Agência Ecclesia. “É de facto de louvar e de engrandecer esse espírito que reina em cada ano de modo particular naqueles dias do jubileu e naquela tarde que chamamos a festa das famílias ou festa das tendas”, desenvolve o sacerdote.
As celebrações começam sempre no primeiro domingo de julho e duram três dias. No último dia, depois da eucaristia solene às 12h00, o almoço partilhado e o convívio realizam-se em tendas colocadas de véspera à volta da capela: “É um ambiente muito agradável, vêm os avós, os filhos, os netos, os compadres, vem toda a gente confraternizar durante essa tarde.”
A procissão sai, este ano, na tarde de 8 de julho. Antigamente, o andor de Nossa Senhora da Ortiga era carregado apenas pelos rapazes de 20 anos, que tinham sido chamados para cumprir o serviço militar obrigatório com destino à guerra. “Este era o momento de se encontrarem todos e assumiam o transporte da imagem da Senhora, com um pedido que os protegesse e uma certa confiança na imagem que representa a Mãe do Céu. Era um ato de fé”, aclara o padre Rui Marto. A tradição muda e aos poucos as raparigas também começaram a participar: “No mesmo espírito, da mesma idade, e é um ambiente agradável a nossa juventude dos 20 anos à volta da imagem de Nossa Senhora”.
A romaria ao Santuário da Nossa Senhora da Ortiga, na paróquia de Fátima, para além de um espaço para cumprir promessas era e é um local para iniciar namoros, hoje com menos frequência. “Antigamente era mais visível, aqueles que dessem três voltas à capela juntos, rapaz e rapariga, era sinal de que estavam para namorar e depois porventura casar”, conta o pároco de Fátima, recordando o caso particular de “um senhor que namorava duas raparigas” e que pediu ajuda a Nossa Senhora da Ortiga: “das duas namoradas, a primeira que aparecer é essa com quem quero casar”. E “ainda estão casados”.