Em Minde realizaram-se as festas em honra do Divino Espírito Santo nos dias 17, 18 e 19 de maio. Estas festas seguem uma antiga tradição, a da coroação dos festeiros.
Essa tradição remonta à rainha Santa Isabel, que convocou no dia de Pentecostes do ano de 1296, o clero, a nobreza e o povo para tomarem parte nas solenidades religiosas realizadas na inauguração de uma confraria, chamada de Império. Todas as cerimónias realizadas nesse dia deveriam ser impressionantes. Ela fez o pobre ajoelhar sobre o rico almofadão destinado ao rei e, nessa postura, o bispo do paço colocou sobre a cabeça do pobre a coroa real, enquanto entoava o hino “Veni Creator Spiritus”. Assim, investido das insígnias reais, o pobre assistiu à celebração da missa. Em seguida, dirigiram-se ao paço real, onde foi oferecido um banquete, servido pela rainha.
Os fidalgos da corte, querendo seguir o exemplo, com a autorização do monarca, mandaram fazer coroas semelhantes à coroa do rei, tendo ao centro um medalhão com o símbolo do Espírito Santo. No dia de Pentecostes, passaram então a fazer cerimónias idênticas à realizada no paço real.
Em Minde, a coroação é feita na eucaristia de sábado e de domingo, aos festeiros que celebram 40 anos de vida de toda a paróquia. Este ano, as cerimónias foram presididas pelo padre Pedro Dionísio e pelo padre Ricardo Conceição, concelebradas por alguns sacerdotes da congregação do Verbo Divino. Também nas festas de Minde se distribui o pão do Divino Espírito Santo.
A origem da distribuição do Bodo do Espírito Santo perde-se no tempo, sabendo-se, no entanto, que é muito antiga. O que era o Bodo? O Bodo era um banquete oferecido aos pobres no dia de Pentecostes pelas pessoas mais abastadas de uma terra ou pelos confrades de uma confraria onde ela existisse. Este Bodo era composto sobretudo de pão e carne, cozinhada de propósito para proporcionar uma refeição decente, uma vez por ano, a quem nada tinha e tanto necessitava dela.
Atualmente, é benzido um pão específico de tamanho reduzido, que é ofertado a cada paroquiano ou habitante da freguesia que o queira receber. Neste pão fica simbolizado todo o valor espiritual do Pentecostes, sendo conhecido como “o Pão do Espírito Santo”. Um costume que se mantém é o de comer parte deste pão e guardar um pedaço até ao ano seguinte. Dizem os entendidos que ele não ganha bolor, apenas fica mais duro e estaladiço. O Espírito Santo, a par das outras devoções já referidas, é alvo de muita devoção no nosso meio ainda hoje.
A festa realiza-se no dia litúrgico de Pentecostes. A coroa do Espírito Santo, ou uma réplica, durante o ano percorre as residências dos festeiros do ano seguinte, sendo recebida em cada casa com respeito e devoção. Durante os três dias, houve festa com serviço de restaurante e bar, com bandas filarmónicas, conjuntos, artistas e DJs.
Tudo decorreu com muita alegria e animação, mas a maior emoção foi sentida quando se pediu na Eucaristia ao Divino Espírito Santo que viesse sobre os festeiros e a restante assembleia.