Tenho um colega sacerdote que diz descaradamente que o missionário não precisa de férias! Nada mais errado e patético. Eu até posso compreender que a missão não tem férias, mas o missionário precisa de descansar.
Sim. Toda a pessoa que é humano precisa de férias. Poder ter férias ou não, já é outra conversa. Mas também digo abertamente que, quem não tem férias e que não faz nada para as ter também não pode trabalhar como deve ser. Trabalho e férias são as duas faces da mesma moeda. Não queiramos inventar, pois, na verdade, o repouso, o descanso e o lazer são tão produtivos como é o trabalho.
Nas sociedades devidamente organizadas, as férias fazem parte integrante do trabalhador. Mais que um direito é uma necessidade biológica e psicológica para o bem-estar do ser humano. Trago aqui um pequeno livro que é de leitura obrigatória do meu amigo Pe. Vasco Pinto de Magalhães e que só o título diz tudo. “Só avança quem descansa”. Ora aqui está a prova mais cabal que não conseguiremos progredir na vida se não conseguirmos arranjar tempo para o descanso. Infelizmente, e muitas vezes, somos escravos do trabalho e não conseguimos mesmo arranjar tempo para refontalizarmos as nossas energias.
Descansar deve ser uma opção vital. Para isso é urgente mandar parar o tempo para não fazermos nada, ou melhor, para fazermos aquilo que não temos tempo de realizar no nosso dia a dia de trabalho e de correria.
Um outro livro que li com muito gosto e que me ajudou imenso, diz o mesmo de outra forma. É de um ex-sacerdote, David Kundtz intitulado “Parar”. Sim, precisamos de aprender a parar. Sabermos fazer pausas para melhorarmos a nossa qualidade de vida e as nossas maneiras de pensar, sentir e agir. Diz ele que, parar exige sabedoria. E até vai mais longe afirmando que é necessário saber parar para melhor poder continuar. Sim continuar. A nossa vida continua e o tempo não perdoa. E se não realizarmos essas pausas, a nossa qualidade de vida e de trabalho deterioram-se e acabamos por “pifar”, enquanto seres humanos.
Ter férias não é um luxo. Claro que há gente que faz férias de luxo e uma montra de gastadores de dinheiro e de vaidades. Não é disso que estou a falar. Para estes, infelizmente, as férias não passam duma luxúria de vaidades e de afirmações patéticas do culto da imagem e do corpo. Coitados destes.
Ter férias é uma necessidade que nos deve ajudar a recargar baterias para a luta da vida. E claro está, férias em família, é excelente para reforçar os laços e afectos que, com a malvada da rotina, acabamos por desgastar e perder.
Boas férias para todos.