A conferência que o padre Nuno Tovar de Lemos fez por ocasião do Fórum “Jovens: Oportunidades e Desafios” que a Diocese organizou recentemente e que hoje a REDE traz à estampa, é daquelas “coisas” que deviam ser de “leitura” obrigatória para todos os cristãos que têm mais ou menos responsabilidades na Igreja. (E não há desculpa para não ver e ouvir; está aqui: bit.ly/forumtovar.)
Numa preleção inteiramente dedicada à problemática dos jovens e às possíveis respostas que a Igreja lhes tem para dar, o padre jesuíta chama a atenção para a necessidade de mudar as receitas num tempo em que nos preocupamos mais com alterações de cosmética que nada adiantam e apenas significam “varrer o pó para debaixo do tapete”. Não basta querer ouvir os jovens, quando a disposição para ouvi-los a sério não tem efeitos práticos nas atitudes da práxis pastoral. Ou seja, acaba por continuar tudo na mesma, não dando as respostas necessárias ao nível das expectativas destes interlocutores que se alimentam das emoções e das experiências. A Igreja insiste em ir por caminhos assépticos, onde a compulsão obsessiva pela organização e a racionalização de tudo o que faz, é diametralmente oposta ao que seria suposto, e que o próprio Jesus Cristo ensinou. Como afirmou o orador, “o nosso registo de comunicação é uma seca, a maneira como Jesus falava e como os padres falam não tem comparação nenhuma”.
Se é consensual que o problema da Igreja seja um problema de comunicação, a verdade é que as soluções encontradas em muitos quadrantes continuam a usar as mesmas receitas de sempre. Não há sal, não há sabor. E, afinal, temos um “produto” que seria garantia de sucesso: uma Boa-nova que continua a poder dar respostas que mais ninguém tem para o sentido da vida. E é isso que os jovens procuram…