Fábio Manuel Carvalho Bernardino será ordenado padre pelo Bispo diocesano, D. António Marto, na Catedral de Leiria, às 16h00 do próximo dia 11 de maio, Dia de Oração pelas Vocações.
Nasceu a 29 de maio de 1988, em Aljubarrota, filho de Pedro Manuel Coelho Bernardino e Maria Leonor Carvalho Catarino Bernardino.
Entrou no Pré-Seminário da diocese de Leiria-Fátima em 1999, aos 11 anos, e ingressou no ano propedêutico do Seminário Diocesano em outubro de 2006, aos 18 anos. No ano seguinte, começou os seus estudos de Teologia, no Seminário Maior de Coimbra, passando para o Seminário Maior de Cristo-Rei, nos Olivais, em 2010.
Terminado o curso de Teologia, está a colaborar na paróquia da Maceira, desde setembro de 2013, e foi ordenado diácono, no passado dia 24 de novembro.
Para conhecermos um pouco melhor o seu percurso, as suas expectativas e anseios e os sentimentos que o marcam neste momento, estivemos à conversa com o Fábio, o primeiro a ser ordenado presbítero nesta Diocese desde o ano de 2011.
Aproxima-se o grande dia, para que te preparaste nos últimos anos. É maior o sentimento de entusiasmo ou de nervosismo pelo grande passo que é seres ordenado sacerdote?
Um misto de ambos. Por um lado, o entusiasmo por este passo determinante em que respondo ao chamamento do Senhor para a minha vida. Por outro, também algum nervosismo precisamente pelo momento forte que vai ser, sendo eu o único a ordenar-se nesse dia e, inevitavelmente, ser o centro das atenções.
Ainda te lembras do dia em que pensaste pela primeira vez em vir a ser padre?
Desse dia em concreto não me recordo. Ainda era muito novo, pois desde cedo Deus despertou em mim um desejo de O servir de forma especial. Progressivamente, fui percebendo que o caminho era este…
E como foi dares a notícia aos teus familiares e amigos de que querias ir para o Seminário?
Houve reações diferentes, umas com mais entusiasmo, outras mais reticentes, mas todos acabaram por aceitar bem e se alegram hoje com a minha ordenação.
Quando entraste no Seminário, como imaginavas o que iria ser essa experiência?
Sempre esperei encontrar no Seminário um meio onde pudesse conhecer melhor Jesus Cristo, a Igreja e o sacerdócio, criando laços de verdadeira fraternidade com os irmãos que Deus também chama ao ministério, para servir a sua messe.
Correu como idealizaste?
De certa forma sim, muito! Mas claro que não foi o céu na terra… Não sou perfeito e uma comunidade composta de homens nunca é perfeita: houve também desilusões, quando criava expectativas muito altas e esquecia que a fragilidade faz parte de nossa condição humana.
Imagino que isso possa ter-te levado a ter dúvidas… podes contar como reagiste e superaste esses momentos?
Sobretudo através da oração, da certeza de que Cristo não me abandona e que capacita aqueles que chama. Foi igualmente importante o aconselhamento espiritual e o apoio dos companheiros de caminhada, sobretudo os mais próximos.
Achas que a formação oferecida pelo Seminário e o curso de Teologia te prepararam convenientemente para a missão que vais abraçar?
Fizeram bem o seu papel, tanto quanto colaborei para me deixar formar… Contudo, nunca se sai do Seminário nem se termina um curso de Teologia totalmente preparado para uma missão deste tipo, pois também a ação “no terreno” ajuda muito a definir um perfil de pastor. Na verdade, não dependerá tanto das minhas forças, mas acima de tudo da força do Espírito de Deus que através dos seus ministros se manifesta no mundo. Afinal, preparado nunca se está, mas sim disposto a colaborar com esta obra que não é nossa e que só Ele pode fazer frutificar.
Consegues apontar o mais positivo que recebeste ao longo desses anos de Seminário?
A descoberta da riqueza do sacerdócio ministerial na Igreja.
E algum aspeto que gostasses que tivesse sido incluído ou mais desenvolvido…
Talvez a formação litúrgica, numa componente mais prática.
No final do percurso, com a meta à vista, quais as tuas maiores expectativas?
Este pode ser o final de um percurso, mas é também o início de outro, em que a responsabilidade aumenta, nesta vida ao serviço do Reino. Depois da ordenação, anseio pela celebração da primeira Missa, em que através de mim Cristo Se fará presente num pedaço de pão e no vinho. Anseio também pela primeira Confissão, em que serei canal da misericórdia de Deus que sempre chama para Si os filhos que d’Ele se afastaram.
Mas o mundo em que vivemos nem sempre compreende e respeita a opção de vida do padre e é, por vezes, hostil à sua ação. Isso não te causa algum receio?
Não direi receio, mas alguma ansiedade por dever, nos diferentes contextos, saber dar razões da minha fé e da minha escolha… Contudo, creio que o testemunho de uma vida totalmente entregue a Cristo, só por si, já é um grande sinal do amor de Deus pelo mundo.
Quais os maiores desafios que imaginas vir a encontrar para esse testemunho?
Um desses desafios será certamente o anúncio da fé cristã e sua vivência aos jovens e às famílias. Um outro, a administração paroquial.
Como pensas responder a isso?
Quanto ao primeiro, com muita dedicação, demonstrando a verdadeira felicidade que é conhecer Cristo e deixar-se contagiar pela sua pessoa, dando a entender que a proposta da Igreja para a vida humana continua válida hoje e sempre. Quanto ao segundo, é algo que também me preocupa, porque implica grande responsabilidade. Procurarei familiarizar-me mais com esta tarefa, no papel de vigário paroquial.
Falas em dar testemunho… Cada vez mais, a sociedade procura na Igreja e elogia referências de vida e exemplos positivos, como tem sido o caso do Papa Francisco. Sentes que essa é uma responsabilidade acrescida para os pastores?
Claro! Como homens de Deus, identificados com Cristo, Bom Pastor, os sacerdotes devem ser, de modo especial, sal da terra e luz do mundo. Aqueles que anunciam com os lábios o Evangelho, que abençoam, consagram e perdoam em nome de Cristo, devem ser sua imagem “a tempo inteiro”, vivendo em pobreza, castidade e obediência por amor ao Reino dos Céus. Assim, pela coerência de vida e pela alegria contagiante de pertencer a Cristo, pregam não apenas com palavras mas também com um testemunho autêntico. E esta tem sido claramente uma das insistências do Papa Francisco, que tanto tem surpreendido o mundo.
Repetindo a pergunta inicial, mas em relação à tua futura vida sacerdotal: sentes mais entusiasmo e confiança ou nervosismo pelo desafio que será?
E eu respondo também um pouco como no início da conversa… Não nego alguma ansiedade, mas de certa forma já iniciei esta missão no ministério diaconal que exerci durante os últimos seis meses. Sei que não encontrarei propriamente novidade em muito do que caracteriza a vida do padre. No entanto, a grandiosidade do ministério sacerdotal faz-me “tremer”, ao receber do Senhor este dom inestimável de agir em seu nome pela vida do mundo.