O centro paroquial da Batalha foi o local onde mais de 400 fiéis desta vigararia se reuniram com o Bispo diocesano, no passado dia 15 de janeiro. Nossa Senhora foi o centro das atenções, mas como mãe, caminho e mestra da fé que tem como centro o seu Filho.
Início da viagem
Desde o exterior, um trilho iluminado por velas e decorado com plantas de grande porte acolhe os participantes. A indicação “Nos caminhos de Maria” oferece o mote do encontro e convida ao percurso até ao interior do espaço. Aceitaram o convite e encheram quase por completo o anfiteatro mais de 400 pessoas das paróquias de Aljubarrota, Batalha, Calvaria, Juncal, Pedreiras e Reguengo do Fetal. O mesmo caminho foi percorrido por Maria ao encontro da prima Isabel, na representação cénica do episódio bíblico da Visitação.
Assim começou o encontro vicarial da Batalha com o Bispo diocesano, no dia 15 de janeiro, no centro paroquial da Batalha. Tendo como pano de fundo o tema deste primeiro ano do biénio pastoral dedicado a Nossa Senhora, continuou a ser ela a “estrela” da noite. Numa apresentação multimédia comentada, foram desfilando imagens marianas veneradas nas muitas igrejas destas paróquias, com mais de duas dezenas de invocações diferentes. Pelo meio, a aclamação cantada da assembleia, acompanhando o Coro de S. Miguel, da paróquia do Juncal, e, no final, do coro litúrgico de Aljubarrota.
Senhora do Ó, da Esperança, da Conceição, do Campo, dos Prazeres, dos Enfermos, da Guia, do Amparo, da Piedade, da Assunção, da Vitória, do Fetal, das Areias, da Saúde, da Graça, dos Remédios, do Carmo, do Rosário ou de Fátima, “é sempre a mesma Senhora, mãe de Deus e nossa mãe, a quem amamos como filhos queridos e queremos conhecer cada vez mais e melhor, com fé viva, entusiasmada e testemunhante”, comentou D. António Marto. Na meditação que ofereceu a propósito do tema e da apresentação, o Bispo diocesano sublinhou que “Maria merece essa nossa devoção, pois foi pela oferta da sua vida que se tornou possível o encontro íntimo e definitivo do amor de Deus com os homens”.
Diálogo de amor
A conversa de Jesus com sua mãe e o discípulo João, junto à cruz, foi a chave de leitura para a apresentação de Maria como “testamento” que Ele entrega a toda a humanidade. “Em João estão representados os homens de todos os tempos, também nós, a quem Nossa Senhora foi oferecida como mãe, para que a acolhamos com amor, como um bem precioso, ela que é o rosto da ternura de Deus”, disse o Bispo.
Maria acompanha cada passo de Jesus na história da salvação e da Igreja nascente. Por isso, “ela é uma intercessora poderosa, mas é também a discípula fiel e perfeita, mestra e guia na fé”. Daí resultam tantas “manifestações de amor” por parte dos cristãos, seja no culto litúrgico, na Liturgia das Horas ou na “diversidade e criatividade” dos cânticos, orações e devoções da religiosidade popular, onde o Terço tem um lugar especial como “meio precioso de contemplação, invocação e adoração a Deus”. Neste domínio, “é importante não cair nos excessos” que se vêem em algumas festas, cumprimentos de promessas ou uso de imagens e medalhas como talismãs e, “com respeito, saber educar os fiéis para uma piedade bem orientada”, defendeu o Pastor. Há que “evangelizar a piedade popular, para que seja um verdadeiro diálogo de amor com Maria e caminho para Cristo, o verdadeiro centro da fé cristã”.
Atalho agradável para Deus
Coube a Agostinho David, do Reguengo do Fetal, testemunhar como vive pessoalmente e em família a sua devoção a Nossa Senhora. “Bebi-a no leite materno”, começou por afirmar, recordando o cenário de oração familiar diária na sua infância.
Na adolescência, a descoberta de Jesus Cristo como “melhor amigo” ajudou-o a ultrapassar a morte de dois irmãos e vários amigos da escola num curto espaço de tempo. A procura de respostas ao porquê da dor e da morte teve resposta na ressurreição de Cristo, e a sede de O conhecer levou-o ao Seminário do Coração de Maria, ela que “estava um pouco eclipsada” nessa altura da sua vida. Foi nesse seminário de Fátima que “ela voltou ao seu lugar de atalho agradável para Deus, a mãe a quem podemos recorrer, a quem o Filho nada recusa, aquela que não sendo Deus é mais do que qualquer um de nós”.
Essa foi a resposta do Agostinho à pergunta “quem é Maria para mim?”, que convidou cada um dos presentes a responder em reflexão e meditação pessoal.
Mãe em visita
A terminar o encontro, D. António Marto mostrou-se muito agradado pela forma como foi preparado e pela numerosa participação e pediu que essa empenho e entusiasmo continuassem nas várias iniciativas propostas para este ano, como o retiro popular, a peregrinação diocesana e, sobretudo, a visita da Imagem Peregrina de Fátima à Diocese, em Maio próximo. Têm sido “maravilhosas” as calorosas recepções e as experiências de fé das multidões nas dioceses do País que a Imagem está a percorrer. “Como fez a Isabel, ela vem visitar-nos, faz-se peregrina connosco, traz-nos a alma do Evangelho e a consolação da ternura e da misericórdia de Deus”, frisou o Bispo, pedindo que saibamos “mostrar-nos Povo de Deus entusiasta, tenhamos brio em acolhê-la, deixemo-nos tocar e contagiemos outros para essa celebração”.
Duas horas depois do início, houve ainda tempo para um breve diálogo com os presentes, em que D. António frisou a importância da transmissão da devoção mariana às novas gerações e testemunhou o seu amor a Nossa Senhora, a quem reza o Terço diariamente e que considera a “responsável” pela sua vinda para esta diocese.
Um lanche partilhado, no átrio do salão, encerrou a noite que, pelas conversas dos participantes, a todos deixou de coração cheio e mais próximos da “mãe do Céu”.
10 mandamentos
da espiritualidade mariana
O Bispo resumiu em 10 pontos algumas indicações práticas para uma correcta vivência da piedade mariana:
1. Não ficar só pelo exterior e rotineiro
2. Dar mais importância à qualidade do que à quantidade
3. Não rezar por medo, mas com confiança
4. Não cair no mercantilismo de quem “compra” uma graça
5. A devoção particular não dispensa a vida sacramental
6. Não se fechar no sentimentalismo sem compromisso
7. Rezar para louvar e dar graças e não só para pedir
8. Maria conduz a Deus, não O eclipsa nem substitui
9. Não ser “fanático” por determinada invocação mariana
10. Não esquecer que Maria, além de intercessora, é mestre e guia