Espera ativa!…
O mês de dezembro é marcado pelo tempo litúrgico do advento que realça a espera e o saber esperar como atitude de fundo a imprimir à conduta de nós próprios, no desenrolar do quotidiano. É uma atitude pouco em voga, pois o que mais queremos são realizações imediatas. O imediatismo tomou conta de nós e da sociedade atual.
E porque não conseguimos o imediato, entramos em devaneios ou desesperamos de sonhar e de acreditar na possibilidade de novas conquistas e realizações. O nosso coração enche-se de tédio e a vida torna-se fastidiosa. Em vez de a vivermos apenas a suportamos.
É tempo, mais que tempo, de aprendermos a viver a vida entre e o imediato e o que ainda não veio, entre o instante fugaz e a oportunidade de podermos saborear cada momento, entre a pressa que nos atravessa e a espera silenciosa daquilo que o coração deseja mas que ainda está por vir e por acontecer.
O advento lança-nos nessa aprendizagem da espera, na esteira de um povo que, com os olhos postos em Deus, sempre com Deus no horizonte, soube esperar, uma longa espera de séculos, até que esse Deus um dia se fez Emanuel, deixando-se encontrar, depois de tão longa espera. O advento é oportunidade para recuperar a nossa capacidade de espera.
Será sempre uma espera silenciosa, mas vigilante e ativa. Uma espera de Deus que, assumindo a natureza e a condição humana, veio ao encontro das nossas fragilidades e que, no encontro connosco, quer ensinar-nos a dar sentido a todas as nossas esperas, para que não sejam esperas angustiantes mas promissoras de vida e felicidade. O Deus que esperamos também nos espera.
Será também uma espera vigilante e ativa do outro que se encontra distante, porque vive momentos de desconsolo e não há que lhe leve consolação, porque experimenta a dor da solidão e não há quem se torne presença reconfortante, porque se vê excluído e não há quem o acolha. O outro que esperamos também nos espera.
Se o nosso coração puder ser a manjedoira que acolhe o Emanuel, oDeus connosco, todas as nossas esperas ganharão sentido. Afinal a vida não é senão uma espera, uma espera confiante, vigilante, ativa e comprometida, uma espera em crescendo, com dinamismo interior, capaz de nos libertar de todo o dramatismo angustiante e de toda a inquietação desmesurada, uma espera capaz de pacificar o nosso coração e de impulsionar o ritmo do nosso viver.
Nota: este texto também foi editorial da REDE nº 47