A grande afluência ao encontro vicarial dos Milagres que ocorreu na sexta-feira, dia 18 de março, não terá sido principalmente motivada pela presença do novo bispo diocesano. Mas, nem por isso, os presentes deixaram de ter alguma curiosidade e expetativa para conhecer mais de perto D. José Ornelas.
O programa já estava estabelecido há muito tempo. Tanto, que até tinha sido adiado por diversas vezes devido à pandemia. O acaso ditou que finalmente se realizasse na semana logo a seguir à tomada de do bispo diocesano.
O serão iniciou às 21h30 com a exposição e adoração do Santíssimo Sacramento. Após a meia hora que durou esta parte, a noite continuou no auditório contíguo à igreja. Antes de iniciar a reflexão sobre a Eucaristia, D. José Ornelas quis fazer uma introdução a propósito da sua primeira ação pastoral na Diocese. Como já tinha afirmado na Missa da sua tomada de posse, o bispo não traz agenda própria e propõe-se a integrar no plano pastoral diocesano que está em curso. A sua presença ali é a expressão disso mesmo e é a oportunidade de começar a conhecer mais aprofundadamente as pessoas e as realidades que vai encontrar. “Vou-me inserir nesta Igreja que já está aqui há muito tempo e tenho muito gosto nisso”, afirmou.
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Aproveitou para fazer uma referência ao bispo emérito, D. António Marto, por que nutre uma amizade muito especial que, nas suas palavras, nasceu “à volta e à sombra do evangelho”. D. José Ornelas socorreu-se ainda do episódio dos discípulos de Emaús para lembrar a audiência que é o próprio Jesus vivo que os junta ali em Igreja.
Para a reflexão sobre a Eucaristia, foi lida a passagem do Evangelho sobre a multiplicação dos pães (Mc 6, 30-44), a partir da qual, o prelado prendeu a audiência alternando os momentos de aprofundamento teológico com momentos de humor e boa disposição. Para os que também vinham para conhecer o novo bispo, o serão acabou por se revelar uma boa surpresa, sobretudo pela empatia com quer o orador cativou o público.
O à vontade de D. José Ornelas, fez justiça à sua formação académica na área das ciências bíblicas, e a exegese feita do trecho evangélico não deixou ninguém indiferente. Destacou várias atitudes fundamentais. Uma delas, a compaixão de Jesus pela multidão que o seguia, ensina que o milagre da multiplicação dos pães nasce sempre “quando eu faço dos problemas dos outros os meus problemas”. Outra atitude cristã que o texto revela é que não deve haver preocupação com o que se tem, mas com o que se pode dar. Dai que seja significativo o facto de cinco pães e dois peixes terem sido trazidos por uma criança. O prelado conclui que “quando a comunidade coloca nas mãos de Jesus aquilo que tem, multiplica o pão” que é fruto do trabalho.
Finalmente, fez referência às palavras que Jesus proferiu antes da distribuição do pão: “erguendo os olhos ao céu, pronunciou a bênção, partiu os pães e dava-os aos seus discípulos, para que eles os repartissem”. A partir daqui, remete para as palavras da última ceia que são fundadoras do sacramento central da vida cristã.
Depois da reflexão, ainda houve tempo para responder a algumas perguntas feitas pelos presentes.
Embora a noite já fosse longa, os participantes foram convidados estarem mais algum tempo em convívio. As mesas estavam postas o suficiente para não desmobilizar os presentes. D. José também quis estar até ao fim e ali teve a oportunidade de trocar dedos de conversa com algumas pessoas e até tirar algumas fotografias para a posteridade.