D. António Marto sente nomeação como escolha para um “serviço” à Igreja

O Bispo de Leiria-Fátima confessa que o anúncio da nomeação para cardeal pelo Papa Francisco o “apanhou de surpresa, um pouco antes de celebrar Eucaristia das 11h30 na Sé de Leiria”, nesta manha de domingo de Pentecostes (20-05-2018), e que encara a nova missão como “mais um serviço” que presta à Igreja.

Na conferência de imprensa que deu esta tarde, no Santuário de Fátima, D. António Marto contou que recebeu a notícia “com um misto de surpresa e de emoção”, através de uma mensagem no telefone, enviada pelo Núncio Apostólico, que tinha acabado de ouvir a nomeação dos cardeais na televisão. “Como sou um homem de emoção, as lágrimas vieram aos olhos e tive de me dominar para não dar a entender nada àqueles que me rodeavam”, revela, adiantando seguir-se “a paz de espírito de quem diz «seja feita a vontade do Senhor»”, sentindo ser “um serviço que a Igreja me pede, encontrei a tranquilidade nesta atitude de disponibilidade para colaborar com o Santo Padre nesta nova responsabilidade”.

Questionado sobre se já tinha falado com o Papa depois da nomeação, respondeu que “não, nem tenciono a breve prazo falar pessoalmente com ele, mas escreverei uma carta a agradecer este ato de confiança pessoal e a pôr-me na disponibilidade para os serviços que me pedir”. Quanto a isso, espera continuar na Diocese de Leiria-Fátima, considerando que “já não se justifica” uma mudança na sua idade (71 anos). “Estou tão bem aqui, foi por causa de Nossa Senhora eu vim para aqui e gostaria de terminar aqui o meu ministério episcopal”, rematou.

Procurando encontrar os motivos da decisão papal, o Bispo de Leiria-Fátima apontou três aspetos: “o primeiro é um serviço que o Papa pede para o ajudar no ministério de Bispo de Roma e de Pastor da Igreja universal”; “o segundo é uma maior ligação entre a Sé de Pedro e as Igrejas particulares, também a Diocese de Leiria-Fátima, para o que terá contribuído a celebração do centenário [das Aparições], em que o Santo Padre experimentou ao vivo o que significa Fátima para a Igreja universal e para o mundo”; em terceiro lugar, “é um ato de confiança pessoal do Papa na minha humilde pessoa”. E explicou: “Já estive em duas audiências com o Santo Padre, ele conhece bem o que eu penso e sabe que tem em mim um apoiante de toda esta reforma que está a fazer para uma Igreja mais evangélica, mais próxima e mais misericordiosa, no que pode contar comigo”.

Por várias vezes, os jornalistas insistiram na pergunta se ponderava poder vir a ser eleito Papa num futuro conclave de cardeais. D. António Marto repetiu que não, que tal ideia nem lhe “passava pela cabeça” e que confia que “o Espírito Santo há de inspirar” a escolha do Papa que for mais indicado. Sublinhou, nesse sentido, que não olha para esta nomeação “em termos de subir na hierarquia ou de meritocracia”, mas como “serviço e uma responsabilidade a mais a prestar à Igreja universal”. E contou: “Eu venho de uma família humilde e o meu pai não gostava muito que eu fosse padre, mas depois aceitou e, um dia, chamou-me à parte, depois da ordenação, e disse-me: «meu filho, lembra-te sempre que vens de uma família humilde, que não te suba o poder à cabeça»; e eu sigo este legado que o meu pai me deixou. Nunca me subiu o poder à cabeça, nem aspiro a lugares de poder. Para mim, a autoridade é um serviço e é um dever; e o Senhor dá a graça para podermos realizar a nossa missão”.

A esse propósito, comentou que “há de chegar o momento em que os cardeais se apresentem com a mesma simplicidade com que o Papa se apresenta, sem aqueles vermelhos e aqueles chapéus cardinalícios”, afirmou D. António Marto, adiantando que considera isso “dispensável” e que deseja dizê-lo ao Santo Padre.

Ainda em relação a um possível conclave, reunião para a eleição papal, confirmou que “gostaria de vir a participar”, mas é algo imponderável, dependente da saúde e da vida, sua e do Papa em funções. O importante agora é “viver este momento presente, que é um momento de graça para a Igreja, com este Papa, de consolidar esta reforma que ele iniciou, e depois Deus dirá”.

Quanto ao contributo que poderá oferecer ao Papa Francisco, o futuro cardeal afirmou que é “um pastor da Igreja, com os dons que tem e que põe ao serviço”. Lembrou alguns temas que tem trabalhado e são “apaixonantes”, como a família, anunciando que no próximo mês publicará uma nota pastoral sobre os fiéis divorciados em nova união, os jovens, que “deverão ser uma prioridade da Igreja”, com a sua “linguagem nova, que não é só uma questão de técnica, mas é toda uma cultura de comunicação, de relação, de modo de ver mundo”, e a “purificação da Igreja”, para que seja “simples, acolhedora, dialogante com todos os quadrantes sem perder a identidade cristã, construtora de pontes onde hoje se levantam novos muros entre as pessoas e os povos”.

Compreendendo a alegria dos seus diocesanos com esta nomeação, o Bispo de Leiria-Fátima atribui também essa “honra” à Diocese e vê com naturalidade que venha a haver festa, que espera seja de “simplicidade e sobriedade”.

Luís Miguel Ferraz

Vídeo: Excerto das declarações de D. António Marto

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