O cardeal D. António Marto pediu aos peregrinos que participaram na Missa dominical de 2 de setembro, no Santuário de Fátima, que manifestassem a sua “profunda comunhão” e o “apoio total” ao Papa Francisco, que está a ser vítima de um “ataque ignóbil e organizado”.
Com a voz visivelmente embargada, no final da celebração e antes da bênção final, o Bispo de Leiria-Fátima referiu-se ao “momento muito doloroso para a nossa Igreja, por causa dos escândalos de abuso de menores cometidos por responsáveis da Igreja, em particular nos Estados Unidos e na Irlanda” e considerou que é um momento “igualmente doloroso porque estamos a assistir a um ataque ignóbil e organizado contra a pessoa do Santo Padre, procurando pôr em causa a sua credibilidade e procurando criar uma divisão na Igreja”.
A este propósito, D. António Marto defendeu que a situação não é nova e está bem presente na Mensagem de Fátima. “Queria recordar que Nossa Senhora, aqui em Fátima, há cem anos, veio pedir oração e penitência pelos pecados do mundo e da Igreja, para que não se repitam mais estes escândalos, e veio pedir também para que a Igreja permanecesse unida ao Santo Padre e não se deixasse dividir”, afirmou, concretizando: “Lembro aquela visão da Jacinta, que contava à Lúcia que via o Santo Padre a ser agredido e a ser insultado. É isso que está a acontecer!”.
Dirigindo-se aos milhares de fiéis presentes, foi perentório: “Daqui de Fátima vamos dizer ao Santo Padre que escutámos o seu apelo na carta que escreveu ao Povo de Deus, para todos, todos, nos empenharmos na criação de uma cultura de proteção e prevenção dos menores, para que nunca mais se repitam estes escândalos na Igreja; e dizer-lhe, também, que rezamos por ele, para que Deus, por intercessão de Nossa Senhora, o proteja, à sua pessoa, ao seu ministério e à reforma da Igreja que ele está a realizar”.
Em entrevista a um meio de comunicação social, na semana anterior, o cardeal D. António Marto tinha já falado de “uma campanha organizada pelos ultraconservadores para ferirem de morte o Papa Francisco”, referindo-se à divulgação de uma carta em que o antigo embaixador do Vaticano nos Estados Unidos da América acusava o Santo Padre de ter conhecimento, desde há cinco anos, de acusações de abusos sexuais relativas a um cardeal norte-americano. Juntando a sua voz na denúncia dos crimes de pedofilia como “catástrofe de ordem espiritual, moral e pastoral” e concordando que “não bastam os pedidos de desculpa”, o Bispo de Leiria-Fátima afirmou a sua absoluta confiança em Francisco e no trabalho que está a fazer na reforma da Igreja também neste campo, emitindo normas mais estritas que impeçam o encobrimento dos casos e implementando formas de realizar julgamentos canónicos aos bispos e cardeais que ocultem casos de pedofilia de que tenham conhecimento.
Fonte: Santuário de Fátima