O cardeal D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, escreveu uma nota pastoral sobre o percurso sinodal promovido pelo Papa, apresentando o itinerário que decorre até 2023 como “imperativo” para a Igreja e rejeitando leituras de “sondagem sociológica”. “É bom tomar consciência de que não se trata de uma sondagem sociológica, de uma série de reuniões e debates para recolher opiniões, de confronto de grupos reivindicativos, de um parlamentarismo católico em que tudo se decide por votação de maiorias e minorias”, aponta o responsável católico.
Para o cardeal português, o Sínodo é, antes de tudo, um “evento espiritual de discernimento”
“O Papa adverte-nos de que este processo sinodal é fácil de exprimir em palavras, mas não é assim tão fácil pô-lo em prática. Porém vale a pena”, acrescenta.
D. António Marto explica às comunidades católicas da diocese que, pela primeira vez na história dos sínodos, Francisco “desenhou um itinerário especial, um caminho sinodal em três fases (diocesana, continental e universal) e um método que garanta o envolvimento e participação de todo o povo de Deus”.
“Sinodalidade exprime um estilo ou modo de viver e agir da Igreja, Povo de Deus, que caminha em comunhão de todos com Deus e com os irmãos”, aponta.
Este sínodo dos bispos começa precisamente com a consulta ao povo de Deus em cada diocese. É bom tomar consciência de que a consulta já faz parte do processo sinodal. Constitui o seu primeiro ato imprescindível. Não é apenas para responder a um questionário”.
Este processo, observa o bispo de Leiria-Fátima, implica “a participação e corresponsabilidade de todos” para “discernir caminhos, opções e propostas pastorais”.
A nota propõe a passagem de uma “Igreja clerical a Igreja sinodal e missionária”.
A fase diocesana começou na Sé de Leiria, no passado domingo, com um encontro e celebração da Missa, a partir das 16h30. A cerimónia teve transmissão online e na Canção Nova, com a presença dos delegados sinodais e dos membros dos conselhos pastoral e presbiteral da diocese.
Após esta sessão de abertura vai seguir-se um “tempo de escuta e discernimento nos vários conselhos paroquiais e diocesanos, nas comunidades religiosas, movimentos e grupos”, que culmina numa assembleia sinodal diocesana, a 2 de abril de 2022, em que será apresentada uma síntese da reflexão dos vários grupos, para ser enviada ao Secretariado da Conferência Episcopal e tornada pública na diocese.
A fase diocesana encerra-se com a celebração eucarística da peregrinação a Fátima, no dia 3 de abril.
A equipa de Leiria-Fátima é presidida pelo padre José Augusto Rodrigues, para “dinamizar e coordenar a participação diocesana”.
“Esta fase diocesana é muito importante. Por um lado, permite a consulta e a participação mais amplas e envolventes possíveis do maior número de fiéis, inclusive dos pobres, marginalizados, vulneráveis e excluídos, de modo a escutar a sua voz e a sua experiência e até de pessoas de boa vontade que nem sequer sejam membros da Igreja”, escreve D. António Marto.
A assembleia do Sínodo, convocada pelo Papa Francisco, tem como tema ‘Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão’.
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