O bispo da diocese de Leiria-Fátima despediu-se dos diocesanos no dia 6 de março lembrando que os cristãos “têm muito a fazer” neste mundo como seja trabalhar pela “paz, pela reconciliação e pelo perdão entre povos”.
“Nem só de pão, de trabalho, economia e finanças vive o homem; também vive do encontro, do perdão e da paz. Não somos algoritmos” afirmou o cardeal, que celebrou pela última vez na Sé de Leiria como responsável por esta diocese, que no próximo domingo receberá o novo bispo nomeado pelo Papa Francisco no dia 28 de janeiro, D. José Ornelas Carvalho.
Numa homilia que apelidou de “uma espécie de testamento que um bispo deixa ao seu povo” falou da necessidade de uma Igreja “próxima” ao estilo do Bom Samaritano; que tem a necessidade “de uma constante purificação porque se reconhece pecadora” e que está sempre pronta para sair em missão, com “humildade e sem arrogância”, que “cuida e cura” as feridas dos mundo.
“Mostremo-nos tal como somos, sem complexos, sem arrogância, sem medo e sem vergonha anunciando o Evangelho de Jesus” disse às centenas de fieis que participaram nesta celebração, que contou com a presença da esmagadora maioria dos presbíteros da diocese.
“Um bispo não está sozinho. Muito do que alcancei é fruto da colaboração de sacerdotes, de leigos, de pessoas que comigo trabalharam” disse no final, agradecendo a todos o carinho que lhe dispensaram sem deixar de mencionar “os peregrinos de Fátima pelo seu testemunho de fé”.
“Levarei a terna imagem de Nossa Senhora de Fátima, querida e terna mãe, bem como a dos queridos santos Pastorinhos, que tão presentes têm estado na minha vida”, disse emocionado.
Em declarações aos jornalistas, o prelado lembrou que “é uma alegria ser um bispo querido e amado pelo seu povo, como diz o Papa Francisco um bispo que cheira ao perfume das suas ovelhas”.
“Vivo este momento com muita serenidade: há um tempo para tudo, para começar e outro para terminar, para chegar para partir, para falar e para nos calarmos. Cumpri uma missão e sinto, numa leitura providencial e subjectiva, que Nossa Senhora inspirou o chamamento que me fizeram para preparar o centenário das Aparições. Sinto que cumpri uma bela missão”, disse ainda sublinhando que “esta missão bela teve a sua expressão máxima em maio de 2017 com a vinda do Papa, a canonização dos Pastorinhos e a presença de 9,5 milhões de peregrinos, de 150 países”.
“Julgo que isto diz muito dom que é hoje Fátima” referiu ao destacar a dimensão histórico teológica de Fátima que o centenário permitiu desenvolver bem como a sua dimensão profética.
No final desta celebração foi apresentado o livro “Cardeal D. António Marto: Teólogo e Pastor”, uma publicação que tem a chancela da diocese e do Santuário de Fátima, que reúne vários textos publicados ao longo de 16 anos de episcopado. O livro está dividido em duas partes e contém as cartas pastorais, que dirigiu aos diocesanos, e 100 citações de homilias, que refletem o seu posicionamento sobre os grandes temas da Igreja atual. Conta, ainda, com uma parte mais biográfica, acompanhada de fotos dos momentos mais relevantes do seu episcopado e cardinalato.
A guerra da Ucrânia foi uma das intenções expressas nesta missa de despedida de D. António Marto.”Temos de rezar pelo dom da Paz para a Ucrânia e pelo fim do martírio do povo ucraniano. Lá, por causa da guerra, correm rios de sangue e de lágrimas, como disse esta manhã o Papa Francisco. Temos de rezar pela paz e pedir que Nosso Senhor ilumine os decisores políticos”, disse o cardeal português que no domingo, dia 20 de fevereiro, Dia da Festa Litúrgica dos Pastorinhos, lançou um apelo para a criação de uma corrente de oração, a partir de Fátima, “Santuário da Paz”, para que a guerra cesse na Ucrânia.