D. António Marto com o Papa Francisco: “Tive a sensação de falar com um santo”

A audiência privada com o Papa Francisco, no passado sábado, 25 de abril, deixou uma marca indelével no Bispo de Leiria-Fátima. Levou como principal ponto de agenda a renovação do convite ao Santo Padre para vir presidir ao centenário das Aparições de Fátima e recebeu a confirmação que desejava. No final da conversa, que incluiu outros assuntos, regressou com “a sensação de falar com um santo”, como confidenciou em entrevista exclusiva ao jornal PRESENTE.

 

A notícia surgiu em simultâneo nos sítios da Diocese e do Santuário de Fátima, ao início da tarde de sábado, e espalhou-se rapidamente pelos meios de comunicação e milhares de pessoas que a partilharam nas redes sociais. O Papa Francisco acabara de dizer a D. António Marto: “Eu tenho vontade de ir a Fátima no centenário, mas depende da saúde e da vida que Deus me der”.

Era a resposta que o Bispo de Leiria-Fátima queria ouvir da boca de Francisco, desde que pediu esta audiência privada, no final do ano passado. Quando introduziu o assunto ao Santo Padre, lembrou-lhe que Paulo VI tinha vindo celebrar o cinquentenário das Aparições, João Paulo II tinha visitado Fátima três vezes e Bento XVI uma, e que “todo o mundo deseja a presença do Papa Francisco no Santuário”.

A resposta que citamos veio “imediatamente, sem reservas nem dúvidas”, conta D. António Marto, feliz por sentir que “ele já tinha pensado sobre o assunto e decidido a sua vontade”. Na dúvida, ainda perguntou se a poderia divulgar publicamente, ao que o Papa respondeu: “sim, à vontade!”. O Bispo de Leiria-Fátima fez, então, votos de que não lhe faltasse saúde para cumprir o desejo e referiu uma expressão que o Santo Padre fez questão de ouvir em português: “Não ponha limites à misericórdia de Deus em relação à sua vida!”.

 

De Fátima à misericórdia

A audiência decorreu ao final da manhã, após várias outras, e durou cerca de um quarto de hora. É um ritmo ininterrupto e, certamente, cansativo, mas “é notável e contagiante a alegria com que o Papa nos acolhe”, refere D. António, que lhe “arrancou” um primeiro sorriso na saudação inicial, referindo a felicidade de estar pessoalmente com o “bispo vestido de branco”, usando a expressão de Lúcia na terceira parte do Segredo.

A mensagem de Fátima ocupou grande parte da conversa, em que o Papa Francisco quis saber um pouco mais sobre o dinamismo pastoral do Santuário e a afluência de peregrinos, tendo apreciado a informação sobre a parceria em curso entre Fátima e o santuário brasileiro de Aparecida, que comemorará também em 2017 os seus 300 anos.

“Também conversámos sobre os processos de canonização dos Pastorinhos, mas sem grandes pormenores”, conta o Bispo diocesano, referindo que “o Papa aproveitou o tema de Fátima para falar sobre a misericórdia”, enviando mesmo um recado: “Diz aos teus padres que sejam misericordiosos, oferecendo o cuidado, a cura e o perdão que o mundo tanto precisa”.

 

De Fátima à piedade popular

Ainda no contexto da mensagem de Fátima, D. António Marto referiu como especialmente tocante para si a experiência de Deus relatada pelo vidente Francisco – sublinhando ao Papa ter o mesmo nome que escolheu para o seu ministério –, em que o Pastorinho diz que gostou muito de ver o anjo e mais ainda Nossa Senhora, “mas o mais de tudo foi sentir no peito aquele fogo de Deus que ardia sem queimar”.

O papa comentou, a esse propósito, a importância e a simplicidade da piedade popular, contando um episódio pessoal enquanto bispo, com uma velhinha que lhe pedira para se confessar e a quem perguntara “como sabia que Deus perdoava”. Ela respondera-lhe que «se Deus não perdoasse, o mundo já não existia»… “e não foi preciso estudar na Universidade Gregoriana”, riu o Papa.

Aproveitando esse momento de humor, D. António agradeceu ao Papa “a nova frescura, optimismo e alegria que trouxe à Igreja e ao mundo”. Francisco desviou a atenção de si e mencionou “o perigo do clericalismo, em que os padres querem assumir e fazer tudo, impedindo a formação e o comprometimento ativo do laicado”. E aproveitou para mais um recado: “Diz aos teus padres que trabalhem a pastoral a partir da Exortação Apostólica «A alegria do Evangelho»”.

 

Um pedido final: oração

No final, o Sumo Pontífice acompanhou D. António à porta. Num abraço fraterno, deixou-lhe um último pedido: “não te esqueças de rezar por mim, que preciso muito; ser Papa foi uma partida que Deus me pregou e preciso muito da vossa oração”.

O Bispo diocesano comenta, sobretudo, “a forma sincera e natural como fez este pedido”. O seu tom afável, simples e humilde é, aliás, a nota dominante do encontro, ao ponto de D. António resumir assim a experiência: “Tive a sensação de falar com um santo”.

 


Oferta para os pobres sensibilizou o Papa

É usual levar-se uma prenda aquando de uma audiência com o Santo Padre. Ao ponderar o que oferecer, D. António Marto recordou-se do gesto do Papa no Natal passado, em que leiloou muitos desses presentes para os converter em donativos para os pobres. “Então, decidimos não levar objetos, mas sim um donativo, em nome do Santuário de Fátima, destinado aos pobres do Papa”.

A decisão não podia ser mais acertada. “Os olhos dele brilharam e disse que estava muito grato por esse gesto de partilha”, conta o Bispo de Leiria-Fátima.

A par disso, D. António ofereceu dois livros ao Papa: “Fátima e a modernidade: Profecia e Escatologia”, de sua autoria, e “A Mensagem de Fátima. A misericórdia de Deus: o triunfo do amor nos dramas da história”, do teólogo espanhol Eloy Bueno de la Fuente. Neste último, tem especial relevo o tema da misericórdia, tão querido do Santo Padre, e o próprio Papa Francisco é já citado.2015-04-28 papa bispo

 


Fórum Internacional de Mariologia sobre Fátima

De 7 a 9 de maio, D. António Marto estará de regresso a Roma, para participar no Fórum Internacional de Mariologia sobre Fátima, organizado pela Pontifícia Academia Mariana Internacional com a colaboração do Santuário de Fátima.

Sob o título “A Mensagem de Fátima entre o carisma e a profecia”, o Fórum é apresentado também como um “encontro de todos os amigos e devotos de Nossa Senhora de Fátima em Itália”. Além do Bispo diocesano, farão intervenções o bispo de Coimbra e antigo reitor do Santuário, D. Virgílio Antunes, o atual reitor, padre Carlos Cabecinhas, e a Postuladora para a Causa de Canonização dos Pastorinhos, irmã Ângela Coelho.

Toda a informação em fatima-roma.weebly.com.


 

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