D. António Marto abriu Ano da Misericórdia: “Deus ama-nos sempre, mesmo quando o desiludimos”

Com a abertura de uma porta santa no Santuário de Fátima, no passado dia 8, e outra na Sé de Leiria, no domingo, 13 de dezembro, o bispo D. António Marto deu início ao Ano Santo da Misericórdia na Diocese de Leiria-Fátima. Pôs-se assim em sintonia com o que fez o Papa Francisco em Roma e com os bispos de toda a Igreja Católica pelo mundo além.

Explicando o significado deste acontecimento, na sua homilia na Sé, D. António Marto disse que “a proclamação do Ano Santo da Misericórdia pelo Papa Francisco é um ato profético, porque corresponde às necessidades do nosso tempo, da Igreja e do mundo. Nós vivemos num mundo ferido, cheio de feridas na vida pessoal, familiar e social, e, ao mesmo tempo, cínico em virtude da globalização da indiferença, do individualismo mais radical (que me importa?) e da cultura do descartável (do que é peso ou incómodo). Um mundo assim tem necessidade de uma cura de misericórdia. De contrário, torna-se um mundo frio, árido, inóspito, inumano, injusto”.

Neste “mundo de feridos que têm necessidade de compreensão, de perdão, de amor (de cura)”, o Papa Francisco chama a Igreja “à revolução da ternura”. Então, afirmou o Bispo de Leiria-Fátima, “a Igreja precisa de ser, mais do que nunca, a Casa da Ternura e da Misericórdia de Deus: Igreja de portas abertas a todos, de coração e mãos acolhedores, com os pés em movimento para se fazer próxima, ir ao encontro, estar ao serviço de todos. É um caminho que começa por uma conversão espiritual e todos nós temos de o percorrer”. Em seguida, evocou os gestos de abertura do Ano da Misericórdia e o seu significado (ver caixa) e concluiu apontando que “a misericórdia deve tornar-se nosso estilo de vida e testemunho concreto”.

 

Concentração no Jardim Luís de Camões

A celebração teve o seu início no belo cenário do Jardim Luís de Camões, na zona central da cidade de Leiria, onde se concentraram os fiéis em grande número, os sacerdotes e o Bispo, que presidia. Ali se deu o sentido do que se seguiria: a procissão a caminho da Sé, a paragem diante da porta santa (que é a do lado direito da fachada principal, adequadamente assinalada para este fim), a abertura da mesma e a passagem de todos os fiéis através dela para entrarem no templo. No seu interior, decorreu uma tocante celebração da Eucaristia, na qual a palavra, os gestos, a água aspergida, a música e o harmonioso canto, o cheiro do incenso, a Comunhão eucarística e a invocação cantada a Nossa Senhora elevaram os fiéis e uniram-nos a Deus, fazendo com que a alegria e a paz inundassem os corações de toda a assembleia.

À saída, foi oferecido a todas as pessoas um exemplar do Evangelho de S. Lucas, para que façam através dele a leitura orante (lectio divina) da Palavra de Deus, palavra que comunica a cada um o amor misericordioso do Pai, que nos “ama sempre, mesmo quando o desiludimos”, como disse D. António. Este ato teve um sentido missionário: foi o grupo Ondjoyetu que fez a entrega e recolheu contributos livres para as despesas com a aquisição dos evangelhos e para a ação missionária da Diocese no Sumbe (Angola), onde estão missionários oriundos de Leiria-Fátima.

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Um ano para receber e oferecer misericórdia

O Ano Jubilar da Misericórdia, que agora começou, prolonga-se até à celebração da solenidade de Cristo Rei, em 20 novembro de 2016. A grande finalidade é oferecer a cada homem a boa nova de que Deus o ama e lhe perdoa os seus pecados, em ordem a uma vida renovada, pois, como afirma o Papa Francisco, “ninguém pode colocar um limite ao amor de Deus que perdoa”. E a Igreja é chamada a levar palavras e gestos de consolação aos pobres, anúncio de libertação aos prisioneiros de qualquer escravidão, devolver a vista aos cegos curvados sobre si mesmos “e restituir dignidade àqueles que dela se viram privados” (Papa Francisco).

Para receber a boa nova da misericórdia de Deus e fazer dela experiência pessoal perante as próprias fraquezas, pecados e misérias, são apontados a escuta e meditação da Palavra de Deus, fazer a peregrinação e passar pela Porta Santa, abeirar-se do sacramento da Reconciliação, viver com maior intensidade a quaresma e as práticas penitenciais recomendadas pela Igreja e praticar as obras de misericórdia em favor dos outros, especialmente os pobres e sofredores.

Quem é tocado e renovado pela misericórdia de Deus não pode deixar de oferecer ao seu próximo o amor misericordioso, fazendo-lhe sentir o calor da fraternidade: “Abramos os nossos olhos para ver as misérias do mundo, as feridas de tantos irmãos e irmãs privados da própria dignidade, e sintamo-nos desafiados a escutar o seu grito de ajuda. As nossas mãos apertem as suas e estreitemo-los a nós para que sintam o calor da nossa presença, da amizade e da fraternidade. Que o seu grito se torne o nosso e, juntos, possamos romper a barreira de indiferença que frequentemente reina soberana para esconder a hipocrisia e o egoísmo” (Papa Francisco).

Existe um site, a nível da Igreja universal, com informações sobre o Jubileu da Misericórdia e há subsídios pastorais publicados. O calendário universal prevê celebrações em Roma para variadas categorias de pessoas.

Na nossa diocese, além das peregrinações à Sé, terá destaque a Peregrinação Diocesana a Fátima e as iniciativas mencionadas pelo Bispo diocesano na sua carta pastoral “Maria Mãe de Ternura e de Misericórdia”. O próprio bispo D. António Marto, no sentido da prática das obras de misericórdia, tem previsto fazer visitas aos presos, aos sem abrigo e aos que estão em recuperação de dependências.

 

Um ano com continuidade

O Papa Francisco quer que a Igreja esteja imbuída de misericórdia e toda a sua ação seja por ela envolvida. Não apenas num ano, mas também nos anos futuros: “Quanto desejo que os anos futuros sejam permeados de misericórdia para ir ao encontro de todas as pessoas levando-lhes a bondade e a ternura de Deus. A todos, crentes e afastados, possa chegar o bálsamo da misericórdia como sinal do Reino de Deus já presente no meio de nós”.

Há, portanto, muito caminho a fazer e muitas obras a praticar para promover a “revolução da ternura” e do amor, na Igreja e na sociedade.

 

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