Ao contrário do que tem acontecido durante este mês em cada semana (exceptuando a primeira, com o encontro realizado em Leiria) houve dois encontros vicariais do Bispo diocesano com os jovens, o mais recente fim de semana teve apenas uma visita do D. António Marto. Desta vez, calhou às paróquias da vigararia de Monte Real poder acolhê-lo. O local escolhido foi pavilhão do Grupo Desportivo de Monte Real onde, no passado sábado dia 26, estiveram 250 pessoas.
O programa do encontro teve a mesma base dos outros já realizados, com ligeiras diferenças. Em jeito de introdução, o encontro começou com diversas apresentações do Grupo de Dança de Monte Real a que se seguiram duas intervenções: uma de Vítor Faria, chefe-regional do Corpo Nacional de Escutas da Região de Leiria-Fátima, e outra, de duas jovens que representaram o grupo Missão País. Foram estas últimas que, nesta parte, mais captaram a atenção dos presentes ao darem testemunho do que tem sido a sua missão e o trabalho desenvolvido pela organização que representam.
A condução do serão, esteve a cargo da Vanessa Domingues, da paróquia de Monte Redondo, cujas palavras iniciais passamos a citar:
Boa noite a todos. Porque é que vieram? Esta seria uma boa pergunta para iniciar o nosso encontro. Mas eu vejo uma sala preenchida… mais do que cheia de pessoas, uma sala preenchida. Então a pergunta já tem resposta: vieram, porque Deus vos habita, vos toca, vos move, vos inquieta. E ainda bem que vos inquieta, porque do sofá não se vêem as estrelas e porque não podemos dizer se amamos ou não o que não conhecemos bem. Ainda bem que vieram e que o vosso coração está disponível para conhecer melhor Deus e a Igreja. Ainda bem que vieram, porque não podemos exigir mudança e inovação se não formos capazes de as iniciar. Ainda bem que vieram…
Senhor Bispo, é para nós uma honra e uma alegria a sua presença tão disponível. Uma presença que ouve e responde. Em nome de todos nós, agradeço a sua preocupação connosco, os jovens, a busca por nos compreender cada vez melhor e por nos aproximar cada vez mais.
Há inquietações que não olhamos da forma certa
Foi exatamente à Vanessa que, no final do encontro, pedimos que nos fizesse uma avaliação e que impressões tinha recolhido da noite. Para ela “foi um encontro bastante positivo e acabámos por ter a sala cheia com pessoas interessadas em ouvir o que havia para dizer, pessoas inquietas, com dúvidas, com desejo de respostas”. Para isso, foi muito importante a prestação do Cardeal já que “as perguntas foram bem colocadas, sendo algumas delas um tanto ou quanto provocadoras e difíceis de responder, e o nosso Bispo esteve à altura, no sentido em que deu uma resposta ao que se pretendia”.
A própria Vanessa tem uma opinião própria acerca das relações entre a juventude e a Igreja, explicando que “como em tudo, as duas partes têm de estar disponíveis: tem de haver abertura dos jovens para perceber o que a Igreja tem para lhes oferecer, e tem de haver abertura da Igreja para saber cativar os jovens e perceber as necessidades que eles têm”.
Também perguntámos à apresentadora qual foi o tema cuja abordagem achou mais interessante. “Das perguntas que foram feitas, aquela que eu tinha algumas dúvidas era em relação à homossexualidade e à forma em como nos devemos posicionar”, começou por dizer. Mas foi a resposta do D. António que a satisfez mais, sobretudo pela sua clareza e assertividade: “o cristão ama os outros, respeita os outros, ponto final… independentemente das suas circunstâncias”.
A Vanessa apresentou o evento a pedido do padre Sérgio Fernandes “que não conhecia”. Aceitou, porque gosta “de estar envolvida nestas dinâmicas dirigidas aos jovens, porque sou jovem e tenho a sorte de alguém ter tido a preocupação de desenvolver em mim a espiritualidade e de me ajudar nesse caminho”. Considera que “a maior parte dos jovens não têm essa sorte, ou porque não a procuram ou porque ninguém está atento às necessidades deles”. A juventude é uma preocupação especial da Vanessa e considera que os jovens que já integram grupos dentro da Igreja devem ser olhados com mais atenção “mesmo os do escutismo, dos grupos de jovens e da catequese… para que eles, desejo que, pelo menos, experimentem as ervilhas cozinhadas de outra forma, e não só cozidas e sem sal como eles, se calhar, provaram uma vez”.
A fechar a nossa conversa, deixou um desabafo sobre a disponibilidade das paróquias para integrarem a juventude: “às vezes há vontades, há inquietações para as quais não estamos a olhar da forma certa”.