D. António confia novo ano a Nossa Senhora

Cerca de 3.000 pessoas escolheram fazer a sua passagem de ano no Santuário de Fátima, numa vigília presidida pelo Bispo diocesano, D. António Marto. 

O ponto alto foi a celebração eucarística na Basílica da Santíssima Trindade, em ação de graças a Deus pelos benefícios recebidos ao longo de 2014. No final, os participantes seguiram em procissão para a Capelinha das Aparições, onde rezaram o rosário e se uniram ao Bispo na consagração do novo ano a Nossa Senhora de Fátima.

À meia-noite, enquanto se ouvia pelas redondezas o estalar dos foguetes, os fiéis saudaram-se mutuamente e formularam votos de bom Ano Novo, sendo depois convidados para um convívio na casa de retiros de Nossa Senhora das Dores, onde o chá e alguns doces ajudaram a prolongar a confraternização.

 

Família merece atenção pastoral e política

Na homilia da celebração, D. António Marto fez uma síntese do ano que findava, sublinhando os “motivos para dar graças a Deus pelos muitos dons concedidos pela sua bondade, pelas pequenas e grandes maravilhas da sua graça na vida de cada um, da Igreja e do mundo, pelo caminho pastoral percorrido pela nossa Igreja diocesana e pela Igreja universal”.

Em concreto, o Bispo recordou que este foi um ano especialmente dedicado à família, “o património mais belo, mais precioso e mais valioso da humanidade que exige o melhor cuidado”. Na Diocese, a sua carta pastoral “A beleza e a alegria de viver em família” e as correspondentes propostas pastorais “suscitaram uma significativa adesão”, resultando em “catequeses, celebrações, encontros formativos, campanhas, jantar de namorados, preparação de noivos, conferências” e outras iniciativas demonstrativas do “grande empenho para levar a saborear o dom precioso do amor, do matrimónio e da família”.

O tema teve, aliás, correspondência ao nível da Igreja universal, com a convocação do Sínodo dos Bispo pelo Papa Francisco e cujo relatório final aponta para “a verdade e a beleza da família e a misericórdia com as famílias feridas e frágeis”. D. António considerou que “a família merece este trabalho pastoral renovado para a felicidade dos seus membros e para o bem da sociedade” e que se “requer uma viragem na política de apoio familiar”.

 

Paz manchada por escravidões modernas

Um segundo tema que o Bispo de Leiria-Fátima escolheu foi o da mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz, em que a “chaga social da escravidão” é apontada como um dos problemas que ainda hoje afeta a humanidade e os seus esforços de paz.

“A família é o lugar primário da fraternidade e primeira escola de vida fraterna”, começou por referir D. António, enumerando depois as “novas formas de pobreza e novas escravidões materiais e espirituais” que o Papa descreve na sua mensagem. Trabalhadores explorados dentro e fora dos seus países de origem, adultos e menores obrigados a prostituir-se ou sujeitos ao tráfico de pessoas, populações inteiras recrutadas para atividades ilegais, raptadas, torturadas ou mortas por grupos terroristas, são apenas alguns exemplos de escravidão, “um crime de lesa humanidade, uma vergonha da humanidade do século XXI”, para cuja erradicação se exige “uma grande mobilização a nível local (famílias, escolas, paróquias) e a nível global da sociedade civil e das instituições dos Estados”, bem como “que cada um saia da indiferença”.

 

Reforma da Igreja por dentro

Um último ponto incluído pelo Bispo diocesano na sua homilia de fim de ano foi o da recente mensagem do Santo Padre à Cúria Romana, “onde enumera 15 doenças espirituais que podem afetar quem tem lugares de liderança na Igreja”. Além destes e de todas as estruturas cristãs, é uma mensagem que “também cai que nem uma luva aos políticos que queiram servir o bem comum e não os interesses próprios, partidários ou de certos lóbis”, afirmou D. António Marto, considerando este discurso “verdadeiramente muito denso, forte e contundente como já há mil anos não se ouvia”.

A sua conclusão foi que se trata de um convite a “um profundo exame de consciência” e à perceção de que “o coração da reforma da Igreja é interior, parte da conversão do coração, da santidade de vida para se estender à pastoral e às estruturas”. Nessa linha, também os participantes nesta celebração em Fátima foram convidados pelo Bispo a manifestar “sincero arrependimento” e a colocar “os nossos votos, anseios e esperanças para o novo ano nas mãos de Maria, nossa terna mãe”.

 

(Homilia integral: texto ou vídeo legendado)

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