Congregação do Verbo Divino

A Igreja sempre foi missionária, mas os finais do século XIX foram especialmente marcados por uma forte consciência dessa responsabilidade de anúncio “ad gentes”. Um dos que sentiu esse apelo foi o padre alemão Arnaldo Janssen, fundador dos Missionários do Verbo Divino, em 1875.

 

 

 

 

 

 

Levar o Evangelho ao mundo,
especialmente aos não cristãos

Uma das “batalhas” do padre Janssen era a criação de um seminário especificamente dedicado à formação de futuros missionários. Após consulta a vários colegas sacerdotes e pedido a alguns bispos, decidiu ele mesmo colocar mãos à obra. No seu país não era fácil, graças à política anticlerical de Bismark, pelo que atravessou a fronteira para a Holanda, nas margens do rio Mosa, encontrando na pequena aldeia de Steyl uma velha hospedaria abandonada que poderia servir aos seus intentos. Aí celebraria a Missa de inauguração do seu seminário, a 8 de Setembro de 1875.

“Só Deus sabe se deste início resultará alguma coisa… a pequenez deste começo não nos deve desalentar; também a árvore mais imponente é ao princípio uma pequena semente e o gigante mais forte um débil menino chorão”, diria na homilia inaugural. Colocando nas mãos de Deus a sua obra, terminava: “Se desta casa resultar algo de bom, agradecê-lo-emos à graça de Deus; se fracassar, bateremos humildemente no peito e reconheceremos que não fomos dignos da sua graça”.

 

Carisma e expansão

Deus terá gostado do projeto. Em 1879 partia o primeiro grupo de missionários do seu seminário, rumo à China. Em 1885, no primeiro Capítulo Geral, a comunidade constituiu-se como congregação religiosa, com o nome de Sociedade do Verbo Divino, para o anúncio do Evangelho especialmente entre os não cristãos. Quando se celebraram as bodas de prata da casa missionária de Steyl havia 208 sacerdotes, 549 irmãos, 99 estudantes de teologia e outros 731 estudantes de diferentes níveis. Hoje, com mais de 6.000 membros em 65 países dos cinco continentes, a Congregação do Verbo Divino é a maior entre as masculinas especificamente missionárias e a sétima maior congregação masculina na Igreja.

Vivendo em comunidades de leigos e clérigos de diversos países e culturas, testemunham a universalidade da Igreja e a fraternidade que caracteriza o cerne do seu carisma, dispostos a ir onde quer que a Igreja os envie, mesmo que para isso tenham de renunciar ao seu país, língua e cultura. Trabalham, preferencialmente, onde o Evangelho ainda não foi anunciado ou o foi de forma insuficiente, respeitando e dialogando com as tradições religiosas e culturais de cada povo.

Arnaldo Janssen – que morreu em 1909 e foi canonizado pelo Papa João Paulo II em 2003 – viria ainda a fundar as congregações femininas Missionárias Servas do Espírito Santo (em 1889) e Servas do Espírito Santo da Adoração Perpétua (de clausura, em 1896), também elas presentes em todo o mundo.

 

Missão na Diocese

Esta expansão faz jus ao seu lema “O mundo é a nossa casa”. Também em Portugal, onde nasceu em 1949, em Tortosendo, o primeiro seminário, com um grupo de 35 alunos. Depois de Guimarães (1952), Fátima será o terceiro destino nacional, construindo um seminário em 1953, que abre no ano seguinte com 139 alunos.

Atualmente, a casa de Fátima foi adaptada para responder aos pedidos de alojamento de peregrinos e grupos em retiro ou formação. Para o mesmo fim, o Verbo Divino tem hoje mais um hotel, cujas receitas são usadas para apoio às diversas comunidades e às missões.

Além da gestão dos seus hotéis e do acolhimento aos peregrinos, a comunidade presente em Fátima assume capelanias em três comunidades religiosas locais e num lar de terceira idade em Ourém, dedicando-se também à animação missionária, juvenil, vocacional, bíblica e espiritual. Há ainda uma comunidade em Minde, formada por dois padres, que tem a responsabilidade pastoral nesta paróquia e na da Serra de Santo António.

   

Testemunho vocacional

“Comecei a pensar que um dia
também poderia ser como esse padre”

2015-05-20 sopra3O padre Devendra Bhuriya, indiano de 43 anos de idade, é religioso há 19 anos e superior da comunidade do Verbo Divino de Fátima desde setembro de 2013. Pedimos-lhe que nos falasse das suas origens e de como entrou nesta congregação.

 

Sou natural da Índia Central, de um povo indígena (Adivasi) da tribo Bhil. Nasci em Jhabua, em 1971, numa família católica, humilde e pobre. Éramos oito irmãos: seis rapazes e duas raparigas. Perdi o meu pai quando tinha seis anos e meio e dois dos irmãos recentemente. A minha mãe mora com o meu irmão mais novo.

Vivia no centro da cidade. Tudo era muito perto da minha casa: a escola católica onde estudei até ao 10.º ano, a igreja onde ia à Missa regularmente e a clínica de saúde dumas irmãs religiosas (MSA). Pelos 14 ou 15 anos, fomos morar no campo, a cerca de cinco quilómetros. De lá vinha à escola, umas vezes de bicicleta, outras a pé.

Os responsáveis da paróquia eram os Missionários do Verbo Divino. Gostava muito da vida deles. Viviam em comunidade, muito próximos das pessoas, levavam uma vida de simplicidade e de pobreza, e conheciam bem todas as famílias. Quando faleceu o meu pai, a minha mãe mandou-me ir falar com o pároco para celebrar uma Missa por sua alma. Recebeu-me muito bem e, quando eu lhe quis entregar o dinheiro pela intenção da Missa, não o quis receber. Ele conhecia bem a minha família e as dificuldades que estávamos a passar. Esse gesto solidário marcou-me muito. Desde então, comecei a pensar que um dia também poderia ser como esse padre, dedicado a Deus e sensível para com os pobres.

No meu 10.º ano escolar, fui convidado a participar num acampamento vocacional de cerca de três semanas. Éramos 86 jovens. No final, eu e outros 24 fomos convidados a ir para o seminário. Ao voltar para casa, falei com a minha mãe sobre a minha vontade de entrar no seminário, embora também gostasse de trabalhar no campo e de ajudar a minha mãe. Ela incentivou-me a ir, dizendo: “não te preocupes com o trabalho no campo, vamos procurar fazer o que podermos; tu, segue o teu caminho”.

Com este apoio, entrei no seminário do Verbo Divino em 1988. Passei por diversas etapas de formação missionária, religiosa e sacerdotal, na Índia e em Portugal. Fui ordenado sacerdote no dia 5 de maio de 2002, na Índia, após quatro anos de estágio e de estudos em Portugal. Desde essa altura, trabalho em Portugal, primeiro em Guimarães e agora em Fátima.

Estou muito feliz pela minha vocação de consagrado ao Verbo Divino. Agradeço à minha mãe por tudo o que ela fez por mim e a todos os que ao longo da minha vida me acompanharam com a sua oração e apoio.

P. Devendra Bhuriya, superior da comunidade de Fátima

 

 

Números

Mundo

Casas: cerca de 800

Membros: cerca de 6.000

Portugal

Casas: 8

Membros: 46

Diocese

Casas: 2

Membros: 9 padres e 1 irmão

Mais novo: 32

Mais velho: 75

Média etária: 57 anos

 

Partilhar

Leia esta e outras notícias na...

Receba as notícias no seu email
em tempo real

Pode escolher quais as notícias que quer receber: destaques, da sua paróquia

plugins premium WordPress