Fundada em 1958, esta congregação torna-se visível, sobretudo, pelo serviço social, educativo e pastoral no Colégio de Nossa Senhora das Graças, em Braga. Além de escola, é IPSS com vários ramos de ação, que chega até à terceira idade, com a mesma preocupação de “glorificar Maria como medianeira de todas as graças e servir humildemente todos os irmãos necessitados”.
Cuidar de cada pessoa como “plantinha de Deus”
António Pedro da Anunciação nasceu em Lisboa, em 1922, fez formação no Colégio de Montariol, em Braga, desde os 10 anos de idade e veio a professar solenemente na Ordem dos Frades Menores em 1943, sendo ordenado no ano seguinte. Sacerdote inteligentíssimo, licenciou-se em Salamanca (Espanha) em 1947, foi professor no Seminário da Luz (Lisboa), juiz no Tribunal Eclesiástico de Braga e assistente religioso do Instituto da Sãozinha (Abrigada-Alenquer), tendo sido nomeado postulador da causa de beatificação da Serva de Deus Maria da Conceição Pimentel (Sãozinha), em 1991.
Reconhecido como sacerdote humilde, mas de profundo saber, força e determinação, a sua obra maior seria a fundação das Servas Franciscanas de Nossa Senhora das Graças, em 1958, concretização do sonho da religiosa Maria das Graças Rosa, co-fundadora. A esta congregação devotou os seus trabalhos, alegria e energia, como impulsionador de toda a obra social, tendo deixado por legado um carisma único de serviço e dedicação aos irmãos carenciados. Foi também o seu guia espiritual até à morte, ocorrida no ano 2000.
Instituída primeiro como Pia União, pelo Arcebispo Primaz de Braga, D. António Bento Martins Júnior, em 1959, esta obra foi erecta canonicamente como Congregação Religiosa em 1967, pelo então Arcebispo Primaz de Braga, D. Francisco Maria da Silva, ano em que foi agregada à Ordem dos Frades Menores.
Um colégio
Podemos dizer que o trabalho da Congregação se concentra e se “confunde” com o serviço social, educativo e pastoral do Colégio de Nossa Senhora das Graças, o grande sonho da irmã Maria das Graças Rosa. Situado na freguesia de S. Jerónimo de Real, na cidade de Braga, está registado na Direcção Geral da Segurança Social e no livro das Associações de Solidariedade Social, como Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) desde 1981. Também nesse ano, foi reconhecido como estabelecimento oficial de ensino pelo Ministério da Educação.
Mas o colégio não é só uma escola, assumindo como um grande centro de irradiação de vida e de solidariedade. Deve-se à ação das irmãs Servas Franciscanas de Nossa Senhora das Graças, nestes mais de 35 anos, a construção da diversidade de instalações actual:
– O Colégio, com creche, pré-escolar, ATL, 1.º e 2.º ciclos do Ensino Básico, dispõe de espaços muito diferenciados, todos construídos de raiz nos terrenos de uma antiga exploração agrícola e pensados para responder às diferentes necessidades dos sucessivos graus de ensino.
– O Centro de Dia, Mini-lar e apoio domiciliário, para apoio a idosos e doentes, que não fazendo, como é óbvio, parte da “dimensão pedagógica” da instituição, acabam por integrar de certa forma uma “dimensão educativa”: os espaços físicos são completamente autónomos, mas contíguos – o que permite um muito saudável contacto entre as crianças e alguns idosos, que resulta por vezes em partilha de histórias de vida e de experiências de “adopção” mútua, extremamente enriquecedoras para estas gerações tão diferentes, e hoje tão afastadas pelo progressivo desaparecimento das famílias alargadas.
– E ainda um lar de jovens, que acolhe, protege e educa meninas privadas de meio familiar normal ou economicamente carenciadas, dispõe de quartos de uma, duas ou três camas, sala de convívio, salas de estudo, biblioteca, etc.
Seja em qual for dos espaços, há uma “cartilha” de valores educativos comuns a viver e a transmitir: 1.º – Amar a Deus e saber-se por Ele amado, vivendo por isso na alegria; 2.º – Amar todos os Homens como irmãos, vivendo por isso na paz; 3.º – Amar todas as criaturas da natureza, vivendo por isso no equilíbrio; 4.º – Amar-se a si mesmo, vivendo por isso na serenidade.
O objectivo final, como defendia a fundadora, é “fazer do nosso colégio um jardim; de cada criança, uma flor; de cada pessoa que connosco contacte uma “plantinha de Deus”…
Carisma
“A Jesus por Maria” é o lema da Congregação. Para além do carisma comum a todos os institutos da Família Franciscana, de “servir o Senhor em consagração à maneira de São Francisco de Assis”, tem o carisma específico de “glorificar Nossa Senhora como medianeira de todas as graças e servir humildemente todos os irmãos necessitados”. Desenvolve-o, em primeiro lugar, “acreditando, vivendo e proclamando tão excelsa missão enquanto Mãe de Jesus e Mãe da Igreja”. Depois, “servindo a Mãe Medianeira na distribuição das graças divinas, sobre a Igreja e suas instituições e todos os homens seus filhos, com a oração e imolação pelos sacerdotes, com a ajuda na pastoral paroquial, com a ação caritativa social junto das crianças e outros carenciados”.
As suas actividades, assim, vão desde a oração contemplativa à semelhança da Virgem Maria, à ajuda na pastoral paroquial, em missões que lhe sejam confiadas, e ao desenvolvimento de ações sócio-caritativas junto dos mais carenciados, sejam crianças, jovens ou idosos e suas famílias.
Em Fátima
A pequena congregação está presente em três comunidades em Portugal, a principal no colégio de Braga, uma outra no Porto e outra em Fátima. Segundo a irmã Judite de Jesus Henriques, nascida há 58 anos na diocese da Guarda, religiosa há 29 e superiora desta comunidade há quase 3 anos, a principal atividade em Fátima é “acolher e dar assistência aos peregrinos e colaborar no voluntariado do Santuário”.
Testemunho vocacional
“É algo tão sublime que não consigo explicar…”
Nunca me arrependi de ter dito “sim” ao Senhor. Sinto que encontrei a Paz, a Alegria, a Felicidade. Descobri que só servindo, não apenas um mas todos os que necessitam de mim na Pessoa d’Aquele que é tudo em todos e está em todos… sou feliz.
E sou feliz porque não tenho nada, mas tenho tudo: porque dou de graça o que de graça vou recebendo. Tenho tudo porque é Deus o tudo que sacia todos os meus anseios profundos.
Vale a pena servir Jesus e os mais pobres. A vocação religiosa é algo tão sublime que não consigo explicar… Com Maria eu quero cantar: a minha alma glorifica o Senhor!
Para os meus queridos pais um obrigado muito sincero, pois desde o berço me souberam educar na fé cristã e, longe de porem qualquer obstáculo à minha vocação, sempre me ajudaram mais e mais à procura e à descoberta de um Deus que é todo Amor e que só Ele pode dar sentido à minha vida e aos anseios do meu coração.
A vós, jovens, quero testemunhar que vale a pena deixar tudo para seguir Jesus Cristo. Ele é a fonte da alegria e do Amor. Só Ele nos pode fazer felizes. Coragem, não tenhais medo. O Senhor espera por vós.
Irmã Maria Augusta Salvado
Números
Em Portugal
Casas: 3
Membros: 16
Na diocese
Casas: 1
Membros: 3
Mais nova: 58 anos
Mais velha: 86 anos
Média etária: 70 anos