Confraria de Nossa Senhora da Encarnação

A Confraria de Nossa Senhora da Encarnação é uma associação pública de fiéis, com sede no Santuário de Nossa Senhora da Encarnação, na cidade de Leiria.

Existe desde a fundação do Santuário (1588), mas foi restaurada por D. José Alves Correia da Silva, em 1945. A última revisão dos seus Estatutos foi aprovada pelo Bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, em 2012.

Segundo os mesmos Estatutos, são fins da Confraria “promover o culto à Virgem Maria, Mãe do Filho de Deus, no Santuário da Padroeira da cidade de Leiria; estimular os irmãos à santidade e sufragar os já falecidos; preservar todo o património do Santuário; e fomentar eventos de ordem religiosa, social e cultural, só, ou em parceria com outras entidades”. Entre esses fins gerais, concretizam-se: “dar apoios a coletividades, com fins sociais; conceder bolsas de estudo; e ajudar os pobres”.

Nela podem inscrever-se clérigos, leigos e religiosos que,  na comunhão da Igreja, gozem de  “boa reputação moral e social” e estejam “dispostos a aceitar os princípios cristãos e as normas que regem as associações de fiéis”. São órgãos da Confraria a assembleia geral, a direção e o conselho fiscal. O Bispo diocesano é o seu presidente nato, mas é representado pelo provedor, que é sempre um sacerdote e que preside à direção.

A Confraria promove anualmente três grandes celebrações: a Encarnação do Verbo (25 de março), a memória do primeiro milagre (11 de julho) e a Assunção de Nossa Senhora (15 de agosto). Além disso, celebra num domingo de novembro uma Missa de sufrágio pelos irmãos, benfeitores e devotos falecidos.

 

Entrevista ao provedor, padre Augusto Gonçalves

Para conhecermos um pouco melhor a Confraria e a sua missão eclesial, entrevistámos o padre Augusto Gonçalves, atual provedor.

O que significa para si a função de provedor desta confraria?

Significa a oportunidade de prestar um serviço a uma comunidade diversificada, juntamente com um grupo de irmãos já bastante numeroso, para melhorar tudo o que se possa fazer pela devoção a Nossa Senhora e pela qualidade que gostaríamos de dar ao local e envolvente, para bem servir todos os que ali acorrem.

Para além do trabalho burocrático, que é bastante, procuro sobretudo que se dê cada vez mais relevo a este santuário mariano, aberto a todas as pessoas, para que elas encontrem não apenas um lugar aprazível, mas um espaço físico que leve a refletir, a rezar e a ficar mais feliz. Isso passa, também, por intensificar a devoção dos habitantes de Leiria à sua Padroeira, com gestos e atitudes de fé e de relação interpessoal.

Qual o trabalho pastoral mais regular?

Regularmente, temos a oferta da Missa dominical, às 21h30.

Mas o trabalho passa também pela manutenção de tudo o que diz respeito ao Santuário, aos anexos e ao monte, por velar para que tudo seja feito de acordo com o lugar de culto, de encontro e de oração, decidir tudo o que diz respeito à pastoral, à ordem, à segurança, ao valor artístico e à manutenção diária. No fundo, promover uma atualização e renovação permanentes, a todos os níveis, para bem do local e de todos os visitantes, e gerir os espaços físicos para que não se deteriorem, tenham ordem e qualidade e sejam limpos.

Além disso, temos procurado promover ações culturais, direta ou indiretamente, e outros eventos que concorram para angariar meios materiais, uma vez que os proventos são reduzidos e as despesas são muitas.

Para que tudo isto se possa realizar com alguma qualidade, a Confraria tem órgãos estatutários que trabalham em harmonia. A direção reúne-se todos os meses para decidir os assuntos que vão aparecendo e tomar as decisões atempadas e oportunas.

É de salientar, ainda, o trabalho de há bastantes anos da zeladora pela igreja, Maria Anunciação da Silva Rodrigues, que o procura fazer com dedicação, com saber e em regime de voluntariado.

Que desafios ou projetos tem para o futuro?

Gostaríamos de criar espaços de oração e formação neste Santuário, o que é ainda um sonho.

Embora neste momento já sejam cerca de duas centenas o número de irmãos, precisamos de muito mais, dispostos a constituir um grupo de voluntários para a valorização do Santuário.

Uma das ideias, por exemplo, é organizar um museu com os valores que temos. Para isso precisaríamos de pessoas em regime de voluntariado e alguns bens materiais, porque neste momento temos algumas dívidas.

Um desafio permanente é a qualificação, quer dos acessos quer do templo. Com muito esforço, concluímos recentemente obras de restauro profundo do templo, dos anexos e do escadório, embora ainda não totalmente pagas. Mas é preciso manter tudo isso constantemente. Esperamos que surjam novas generosidades…

 Luís Miguel Ferraz | Presente Leiria-Fátima

 

Breve história do Santuário

No monte do Santuário, perto da confluência da ribeira do Sirol com o rio Liz e a Oriente da cidade de Leiria, desde tempos remotos existiu a devoção ao Arcanjo S. Gabriel e a Nossa Senhora da Encarnação, havendo notícia de uma ermida no reinado de D. João. Em 1554, o primeiro Bispo de Leiria, D. Frei Brás de Barros, mandou ali construir uma nova capela.

A 11 de julho de 1588, ocorreu o primeiro milagre atribuído a Nossa Senhora. Suzana Dias que havia 28 anos vivia entrevada, tendo durante um sonho a visão que indo à Capela de Nossa Senhora da Encarnação ficaria curada, assim o fez e durante a missa sentiu-se curada. Consta que se produziram outros milagres logo no mesmo dia e seguintes, começando a fama dos milagres de Nossa Senhora da Encarnação a atrair as populações dos arredores de Leiria que ocorriam em romagem, organizando procissões com ofertas.

Logo nesse ano, ordenou-se uma Confraria, da qual era juiz D. Brites Lara, da Casa dos Marqueses de Vila Real. A Confraria ainda existente é sua herdeira, sendo atualmente a entidade zeladora da igreja e da zona envolvente.

Também em 1588, a 24 de setembro, foi abençoada a primeira pedra de um novo templo, pelo Bispo D. Pedro de Castilho, construído até 1600 com as ofertas do povo e da nobreza que viviam na região. Trata-se de uma obra do arquiteto Pêro Moreira, marcado pela austeridade que determinavam as orientações tridentinas, em forma de cruz latina com uma abóbada sobre o altar-mor e de nave única. Envolve a igreja uma galilé de 21 arcos, como é característico dos templos que recebem peregrinações.

Em 1773 foi-lhe acrescentado um escadório de estilo barroco, que conferiu uma nova dimensão arquitetónica e simbólica ao Santuário. Os lanços de escadas totalizam 162 degraus, interrompidos por duas plataformas com padrões à Virgem Maria, com inscrições do Velho Testamento.

No espaço do Santuário existe ainda a Casa do Cabido, onde terá vivido a primeira miraculada, exercendo o cargo de zeladora. O edifício ostenta a data de 1628, albergando uma sala de reuniões e um largo espólio de ex-votos depositados pelos fiéis através dos tempos.

Novos milagres foram aumentando a fama e a devoção neste Santuário ao longo dos séculos, cujas romarias perduraram até à última invasão francesa, em 1810, altura em que sofreu grandes destruições.

Durante o século XIX, sob o patrocínio do bispo D Manuel de Aguiar, foi-se lentamente procedendo a obras de conservação e embelezamento do local, bem como do seu recheio. Em 1982, foi classificado pelo IPPAR como “imóvel de interesse público”.

Do alto do Santuário pode-se observar uma das mais interessantes vistas de Leiria, sendo os 6 hectares do monte revestidos por mata mediterrânica com espécies vegetais de assinalável interesse, que dão abrigo a várias aves que neste local nidificam, constituindo um valioso pulmão da cidade, e um ótimo local para contemplar a natureza e sentir a paz do Santuário.

 

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