Conferência sobre literacia financeira: escutar e envolver as pessoas

A sessão, promovida pelo Departamento diocesano de Pastoral Social, foi muito viva e deixou claro que as pessoas pobres não têm somente carência de bens.

Esta poderia ser a principal conclusão da conferência sobre literacia financeira, orientada pelos professores Tânia Santos, Cristóvão Margarido e Rui Santos, do Instituto Politécnico de Leiria, no passado sábado, 20 de abril, no Centro pastoral Diocesano, em Leiria. Perante um auditório constituído por pessoas envolvidas no apoio aos mais carenciados, enquanto membros da Cáritas Diocesana, de conferências vicentinas de várias paróquias e do Departamento de Pastoral Social, estes conferencistas, investigadores na área social e económica, começaram por indicar como palavra-chave o “empowerment”, que traduziram como “dar poder, capacitar”. Segundo eles, para ajudar alguém com fragilidades económicas ou outras, é necessário criar empatia, procurar saber o ponto de vista do outro. Além disso, é preciso manter a privacidade, a discrição e a confidencialidade, em ordem a suscitar a confiança na relação mútua.

Os conferencistas interagiram muito com os participantes, ouvindo opiniões, casos e experiências pessoais, contando também situações concretas e propondo exercícios práticos sobre o uso do dinheiro, distinguindo as despesas inevitáveis e as evitáveis. Reconheceram que a gestão do dinheiro é sempre um problema, uma questão sensível, tanto para quem tem muito como para aqueles que dele carecem.

Nas dicas que partilharem com o auditório, recomendaram não condenar as pessoas pelos seus comportamentos, mas tentar compreendê-las e respeitá-las, ajudando-as a tomar boas decisões para o seu bem-estar… Nesse sentido, afirmaram que é preciso envolver a própria pessoa nas suas coisas, trabalhar com ela e não em vez dela. Só assim a pessoa pode ser capaz de mudar e melhorar a sua situação. Focando também o problema das dependências, disseram que é preciso ajudar, acompanhar e não desistir das pessoas… Por vezes, há fracassos, mas há que deixar a porta aberta para quando a pessoa volte. Nestas como em outras situações, conhecem-se êxitos, mas também fracassos. Não se pode é abandonar as pessoas à sua sorte.

A sessão, promovida pelo Departamento diocesano de Pastoral Social, foi muito viva e deixou claro que as pessoas pobres não têm somente carência de bens. Têm outras fragilidades, em vários domínios, que é preciso conhecer e tratar. No final, ficou-nos o desejo e o projeto de dar continuidade a esta formação, trabalhando situações concretas e buscando soluções para as mesmas. Como diz o ditado: não basta dar o peixe, é preciso ensinar a pescar e proporcionar as ferramentas adequadas para o fazer.

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