Conferência na Batalha: A Igreja “num mundo que falta fazer”

Cerca de três dezenas de pessoas participaram num debate com frei Bento Domingues e o jornalista António Marujo, sobre o papel da Igreja na construção da sociedade, no dia 8 de março, no auditório do Mosteiro da Batalha.

Pouca gente para a riqueza desta conversa de duas horas, onde o ponto de partida foi a apresentação da antologia de crónicas daquele frade dominicano no jornal Público, organizada por este jornalista e por Maria Julieta Dias, obra que tem como título, precisamente, «Um mundo que falta fazer». “São textos onde Bento Domingues oferece há 23 anos uma homilia dominical aos que não frequentam habitualmente a Igreja e que ajuda a todos a uma leitura dos sinais dos tempos sobre a Igreja e a vida”, considerou António Marujo.

No mesmo tom, cruzaram-se nesta conversa quase “familiar” os temas da realidade religiosa, política e social que vivemos, tanto a nível nacional como internacional, abrangendo alguns dos tópicos mais mediáticos do debate atual. A “lufada de ar fresco” trazida pelo Papa Francisco à Igreja, a relação entre padres e leigos na instituição eclesial que busca caminhos de colaboração e corresponsabilidade, a necessidade de “inventar” dinamismos e motivos de aproximação às pessoas, sobretudo aos mais jovens, foram apenas alguns exemplos.

Num mosteiro que já foi dominicano, Bento Domingues sentiu-se “em casa” e aproveitou para frisar a importância das ordens religiosas mendicantes no “processo de renovação que é uma constante durante toda a história da Igreja”. Com o seu exemplo de pobreza e humildade e na dedicação à evangelização dos povos, procuraram manter sempre viva a chama da origem do cristianismo no serviço de amor ao próximo, tal como o Papa Francisco ultimamente tem sublinhado em palavras e atos, obrigando a Igreja a “ver o mundo a partir dos excluídos”.

Sem fugir a temas mais polémicos, o frade defendeu que “a família não vai continuar tal como está, embora seja impossível que se extinga”, apontou a necessidade de “acolher os recasados na comunhão da Igreja” e falou mesmo na “igual dignidade cristã de homem e mulher”, a propósito da ordenação sacerdotal. “A nossa última regra ética deve ser a consciência”, concluiu.

Numa linha mais política, falou também da atual situação na Europa, em que “a animosidade entre os povos está a criar condições para um caldo de cultura semelhante ao que espoletou as duas guerras mundiais”. A esse propósito, António Marujo considerou que “o modo de exercer o poder como serviço pelo Papa Francisco é também exemplo e desafio aos dirigentes políticos e um dedo apontado ao ‘roubo de democracia’ a que assistimos atualmente com o domínio que os mercados exercem sobre os governos eleitos pelo povo”.

Com o título “Do Mosteiro ao Jornal”, esta foi uma iniciativa do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, sendo a primeira de um conjunto de palestras sobre cultura, religião, história e arte previstas para o decorrer do ano, inseridas no âmbito das comemorações dos 30 anos de classificação deste monumento pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade.

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