Comunicado do Corpo Nacional de Escutas na sequência do relatório da Comissão Independente

O CNE colaborou com o trabalho da Comissão Independente, reunindo e partilhando, dentro do nível nacional do CNE, toda a informação de que dispunha sobre as situações ocorridas em contexto escutista. Foram, assim, partilhadas 19 situações que constavam do nosso arquivo.

Na sequência da divulgação do relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra Crianças na Igreja Católica em Portugal, o Corpo Nacional de Escutas emite o seguinte comunicado.

O CNE colaborou com o trabalho da Comissão Independente, reunindo e partilhando, dentro do nível nacional do CNE, toda a informação de que dispunha sobre as situações ocorridas em contexto escutista. Foram, assim, partilhadas 19 situações que constavam do nosso arquivo.

No âmbito do trabalho da Comissão Independente, o relatório divulgado inclui 7 situações que ainda não eram do nosso conhecimento.

O CNE procurou, de imediato, obter informações sobre estas situações, com o principal objetivo de aprofundar a proteção das crianças e jovens ao nosso cuidado, apoiar as vítimas, rever processos sempre que necessário e intervir junto dos alegados agressores.

Na passada semana, foi possível reunir com a Comissão Independente e com o Grupo de Investigação Histórica que transmitiu informação adicional sobre essas situações de que não tínhamos conhecimento.

Das 7 situações, verificamos que uma delas coincide com um caso do qual já tínhamos registo e identificámos 1 caso em que o alegado agressor já faleceu.

Dos restantes 5 casos, dois parecem partilhar um alegado agressor comum que já não se encontra no ativo e um outro em que, fruto da colaboração direta de uma vítima que entrou em contacto com o CNE, foi decidido suspender preventivamente o alegado agressor; em ambas as situações está atualmente a decorrer o processo interno de averiguação, para decisão em sede de processo disciplinar e outras medidas consideradas pertinentes.

Nos restantes 2 casos, ocorridos em 1961 e 1978, nas dioceses de Lisboa e do Porto, os dados obtidos não permitem, para já, identificar inequivocamente os alegados agressores, continuando o CNE a desenvolver esforços para a sua identificação. Em ambos os casos, embora os alegados agressores sejam padres com ligações ao escutismo, a informação obtida indicia que os abusos sexuais não ocorreram em contexto de atividade escutista, informação que acreditamos já constar nas listas entregues pela Comissão Independente a cada diocese.

O CNE, no seguimento do caminho empreendido desde 2016, mantém a sua estrutura de suporte «Escutismo: Movimento Seguro», que inclui a linha de reporte (https://ems.escutismo.pt) inteiramente disponível para acolher o testemunho, quer pelas vítimas, quer por qualquer outra pessoa, que possa dar mais informações sobre estas ou outras situações. O cuidado pelas vítimas do passado ou do presente será sempre a prioridade da sua ação, não deixando de agir com diligência com os possíveis agressores.

Para além da formação a todos os voluntários e das campanhas de sensibilização para todas as crianças e jovens sobre estas problemáticas, o CNE oferece apoio a todas as vítimas, quer de abusos, bullying, dependências e outras situações que coloquem em risco a segurança das crianças e jovens.

«Com vergonha e arrependimento», como parte ativa da comunidade eclesial, «assumimos que não soubemos estar onde deveríamos estar, que não agimos a tempo para reconhecer a dimensão e a gravidade do dano que estava sendo causado em tantas vidas» (Papa Francisco, Carta ao Povo de Deus 20.08.2018). E tudo queremos fazer para que o Escutismo seja um lugar seguro, que cuida, acolhe e acompanha cada um dos seus membros, a começar pelos pequeninos, que Cristo sempre coloca no centro da sua e nossa atenção.

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