Esta é uma Ordem contemplativa, reformada por Santa Teresa de Jesus, em Ávila, no séc. XVI. A sua vocação é a oração e o sacrifício pela Igreja e os sacerdotes e para que cada pessoa encontre o amor de Deus na sua vida.
Vida “escondida” mas unida à humanidade
Teresa de Ahumada nasceu em 1515. Entre os 11 irmãos, revelou-se a mais inteligente e agradável no trato e desde criança se imprimiu no seu espírito um forte desejo de “ver a Deus”, ensaiando até um episódio de fuga para terras mouras a fim de se tornar mártir, aos 7 anos de idade. Aos 13 anos perdeu a mãe e pediu a Nossa Senhora que a substituísse, mas na adolescência deixou-se levar pelas futilidades e vaidades próprias da idade. O pai colocou-a no Colégio das Irmãs de Nossa Senhora da Graça, onde uma jovem freira a ajudou a redescobrir os grandes valores humanos e cristãos.
Aos 20 anos, fugiu de casa para entrar num convento carmelita e, após a profissão religiosa, é acometida por uma doença que a deixa às portas da morte. Atribui a cura à especial intercessão de seu pai a S. José, de quem se torna devota.
No seu percurso espiritual encontra os melhores teólogos da época, como S. João da Cruz, S. Francisco de Borja, S. Pedro de Alcântara e S. João de Ávila. Mas Deus manifesta-Se em revelações particulares que a vão guiando para uma verdadeira revolução da Igreja no seu tempo. Inspirada a renovar a Ordem do Carmelo, funda em 1562 o primeiro convento de S. José de Ávila. Nesse dia, descalçou-se, mudou de hábito e começou a chamar-se Teresa de Jesus. Nascia assim a nova família das Carmelitas Descalças.
Durante a vida, fundou 17 conventos. Morreu em 1582, deixando um exemplo de vida e um legado de escritos espirituais que continua a ajudar milhares de fiéis até à atualidade. Paulo VI, em 1971, declarou-a Doutora da Igreja, com Santa Catarina de Sena.
Carisma
“Ardo de zelo pelo Senhor Deus dos exércitos” é um dos lemas que continua a levar muitas mulheres a entrar num Carmelo, entregando-se a Deus para uma vida “escondida”, mas misteriosamente fecunda.
As irmãs carmelitas descalças vivem em conventos de clausura, dedicadas à vida contemplativa, pautada pela oração litúrgica e silenciosa, pela simplicidade de meios, pela alegria e amizade entre as irmãs. O seu carisma é dar testemunho da primazia de Deus sobre todas as coisas.
No entanto, apesar de estarem em clausura, vivem perto das preocupações da Igreja e do mundo e apresentam-nas a Deus nas suas orações – uma forma de apostolado fecundo e eficaz. Assumindo o seu serviço à Igreja pela a oração e o sacrifício, as irmãs fazem também o que chamam de “pastoral da consolação”, recebendo pessoas e grupos a quem dão testemunho de vida e acolhem pedidos de oração.
Carmelo de Fátima
O Carmelo de S. José, em Fátima, foi fundado por um grupo de irmãs do Carmelo de Herentals, na Bélgica. Primeiro, tentaram a fundação em Travancor, na Índia, e em Maceo, no Brasil, mas ambas se frustraram. Um religioso português que com elas teve contacto sugeriu que viessem para Portugal, “porque as Carmelitas são lá muito necessárias”.
A licença veio, em 1933, do então bispo de Leiria, D. José Alves da Silva, que indicou Fátima como o melhor local. Foi também este bispo que escolheu o nome de S. José para o novo Carmelo, inaugurado a 8 de dezembro de 1935.
Passadas cerca de sete décadas, depois de várias tentativas de restauro do Carmelo primitivo que se foi degradando, impôs-se a construção de um novo como opção menos onerosa. A primeira pedra para a capela – a primeira em Fátima dedicada aos Pastorinhos – foi benzida a 16 de outubro de 2003 por S. João Paulo II, retirada do muro do Ano Santo de 1975 da Basílica de Santa Maria Maior. A primeira pedra da casa foi benzida a 19 de fevereiro de 2006, dia da transladação do corpo da Irmã Lúcia para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário. No ano seguinte, a Comunidade foi ocupar a casa nova.
Casa de Comunhão
A Casa de Comunhão é um espaço da Família Carmelita Descalça de Fátima, formada pelas Irmãs do Carmelo de S. José, pelos Padres da Domus Carmeli e por duas comunidades de Carmelitas Seculares. Aberta a todos, ali se cultiva o sentido de família, privilegiando os valores da oração, da amizade, da partilha de vida e da pastoral da espiritualidade.
Testemunho vocacional
“NUNCA serei contemplativa!”
Como é que alguém descobre que a sua vida é uma vida contemplativa num convento de clausura? Eu nunca pensei ser carmelita, nem escolhi sê-lo. Foi claramente o Senhor que me chamou em determinado momento da minha vida.
Nasci numa família normal, com pai, mãe e duas filhas, sendo eu a mais velha. Os meus pais eram católicos muito empenhados na paróquia, nos CPM e com uma intensa vida cristã. A minha avó também vivia connosco e deu igualmente um forte testemunho de fervor e de inserção na paróquia, fazendo parte das Conferências de São Vicente de Paulo. Cresci como qualquer jovem da minha idade (tenho hoje 51 anos), estudei e entrei na Universidade, em Psicologia, e a minha ideia era casar e ter filhos, como a maior parte das pessoas.
Quando estava no meu 2.º ano da Faculdade, recordo que caí numa espécie de crise existencial. Nada fazia sentido para mim: nem o casar, nem o próprio curso de que tanto gostava. Dei por mim a pensar que um dia, depois de uma vida inteira dedicada ao curso e à família, morreria e o que ficava de tudo isso? Nenhuma resposta me satisfazia, mas também não encontrava uma solução. Andei nisto mais de dois anos. Namorei, mas também vi claramente que a minha vida não passava pelo casamento. Contudo, não pensava na vida religiosa.
Um dia, na paróquia, respondendo eu a uma pergunta sobre o que queria fazer da minha vida, dei comigo a responder meio a sério meio a brincar “se calhar estou com uma crise vocacional”. Este “vocacional” referia-se à vida religiosa. Nunca o tinha pensado tão claramente e muito menos o tinha dito a alguém. As palavras “viraram-se contra mim” e a partir daí passei a pensar continuamente que o Senhor me estava a chamar. Mas para onde? De uma coisa só eu tinha a certeza: NUNCA serei contemplativa!
O tempo passa e amadurece. Comecei a fazer parte de um grupo de jovens e o orientador, um dia, entrega-me um texto da Beata Isabel da Trindade. Quando o li, fiquei como que fulminada: era isto! Especialmente a frase “desde que encontrei a Deus no fundo da minha alma nunca mais me senti só” teve em mim o efeito de um relâmpago. Deus habitava-me, era um Ser que me amava infinitamente… Contudo, quando se pôs diante de mim a possibilidade de entrar no Carmelo, deu-se o choque de duas vontades: a de Deus e a minha. Mas Ele venceu. Entrei com 25 anos e hoje aqui estou, há 26 anos. A minha vida encheu-se de sentido, porque é entregue diariamente pelo mundo inteiro, particularmente pelos sacerdotes, em união íntima com Jesus.
Ir. Cristina Maria de S. José
Números
No mundo
Casas: 890
Membros: 14.000
Em Portugal
Casas: 9
Membros: 180
Na Diocese
Casas: 1
Membros: 16 irmãs professas e 2 em formação
Mais nova: 20 anos
Mais velha: 90
Média etária: 58 anos