Têm circulado nos últimos dias algumas notícias sobre as contas da Cáritas Diocesana de Lisboa que estarão a causar alguma polémica na opinião pública. Apesar de serem totalmente independentes entre si, outras Cáritas diocesanas têm sofrido consequências negativas, como é o caso da de Leiria-Fátima, tanto mais por estar a decorrer até domingo o Peditório Público para esta instituição.
Em comunicado à imprensa, o presidente da Cáritas de Leiria-Fátima lamenta ter havido já situações de “ataque” aos voluntários que participam neste peditório na área da Diocese e esclarece que não há qualquer relação entre esta instituição e a de Lisboa. Por outro lado, a previsível redução na receita do peditório colocará em risco os atuais projetos solidários que tem mantido anualmente no apoio aos mais carenciados. Júlio Martins termina com a indicação de que as contas da Cáritas de Leiria-Fátima são públicas e poderão ser consultadas por quem o solicitar.
Dada a importância do assunto, publicamos o referido comunicado na íntegra:
LMF | Presente Leiria-Fátima
Esclarecimento
Têm chegado ao conhecimento da Direção da Cáritas Diocesana de Leiria-Fátima manifestações de desagrado de alguns voluntários que estão nos locais públicos a participar no peditório anual desta Cáritas, pelo modo agressivo, mal-educado e inconveniente como algumas pessoas se lhes têm dirigido.
Tal atitude, parece, tem como justificação as notícias que alguns órgãos de comunicação social, nos últimos dias, têm relatado sobre uma situação vivida pela Cáritas Diocesana de Lisboa e a sua relação com uma herança que lhe terá sido destinada.
Gostaria de esclarecer que, além de nada justificar as reações agressivas por parte das pessoas educadamente abordadas para contribuírem no peditório a favor da Cáritas de Leiria, a situação descrita nos meios de comunicação social nada tem a ver connosco.
De facto, não só, na organização da Cáritas em Portugal, as 20 Cáritas Diocesanas são totalmente independentes entre si, como a situação vivida pela Cáritas Diocesana de Leiria não tem qualquer semelhança com a de Lisboa.
A Cáritas Diocesana de Leiria-Fátima tem como património imobiliário apenas a casa da Praia do Pedrógão que se destina a acolher e proporcionar férias à beira-mar a crianças, maioritariamente oriundas de famílias carenciadas. Continuamos a receber crianças que nunca antes tinham visto o mar… e cuja gestão é sempre deficitária e o saldo negativo pago com o resultado do peditório anual.
Os pedidos de ajuda que recebemos por parte das famílias, todas as semanas, visando satisfazer necessidades primárias, são suportados pelas ofertas que vamos recebendo, além da operação “10 Milhões de Estrelas” e peditório anual. Os exercícios dos últimos anos, coincidentes com os anos de maior crise, em que aumentou significativamente o número de pedidos e diminuíram as ofertas, foram deficitários ou praticamente nulos.
Com a situação de descrédito da ação social da Cáritas em que alguns meios de comunicação social embarcaram e que se reflete na previsível diminuição de ofertas por parte dos cidadãos, as possibilidades de manutenção de ajuda aos mais carenciados, que vimos assegurando ao longo de muitos anos e que se agravou nos últimos, ficam seriamente prejudicadas. Quem acaba por sofrer mais com esta campanha de desacreditação geral é o elo mais fraco da sociedade, os pobres.
De salientar que as contas, relatório de atividades e demais documentação da Cáritas Diocesana de Leiria-Fátima estão ao dispor de qualquer pessoa que as queira consultar.
Leiria, 2017-03-17
Júlio Martins, Presidente da Direção da Cáritas Diocesana de Leiria-Fátima