Calvário Húngaro, memorial da misericórdia

 

Homilia da Missa de homenagem ao P. Luís Kondor e comemoração dos 50 anos do Calvário Húngaro

 

 

CALVÁRIO HÚNGARO, MEMORIAL DA MISERICÓRDIA

† António Marto

Capela de Santo Estevão, Calvário Húngaro

7 de março de 2015

Refª: CE2015B-004

Bendiz, ó minha alma, o Senhor e não esqueças nenhum dos seus benefícios.

Ele perdoa os teus pecados e cura as tuas enfermidades.

Salva da morte a tua vida e coroa-te de graça e misericórdia.

O Senhor é misericordioso e compassivo, paciente e cheio de amor.

O amor do Senhor é eterno… (Sl 102)

 

1. Um Hino à Misericórdia Divina

Retomo estas palavras do salmo para adorar juntamente convosco o mistério adorável e indizível da misericórdia de Deus oferecido à nossa contemplação na Palavra proclamada. De facto, as leituras e o salmo constituem um hino de louvor, um canto apaixonado ao amor misericordioso de Deus, como que uma cantata, uma grande variação sobre a beleza e a riqueza da infinita misericórdia divina na vida pessoal do crente como também na história do povo de Deus e na história do mundo. Por isso, são um convite a bendizer e celebrar o mistério de Deus na sua misericórdia e ternura para connosco porque Ele perdoa, cura, resgata, enche de graça e de ternura, rejuvenesce, defende com justiça os pobres e os oprimidos, arranca ao poder do pecado e da morte, relança no caminho de uma vida nova e de um futuro novo.

É esta experiência desconcertante da misericórdia que leva o profeta a reconhecê-la como atributo essencial e distintivo do Deus Altíssimo: “Qual o Deus semelhante a Vós que perdoa o pecado e absolve para sempre a culpa do seu povo? Não guarda para sempre a sua ira porque prefere a misericórdia. Voltará a ter piedade de nós e triunfará dos nossos pecados” (Miq.).

Por sua vez, a parábola de Jesus revela-nos, de modo comovente, o rosto do Pai misericordioso que se comove até às entranhas e corre a lançar-se ao pescoço do filho para o abraçar e estreitar ao seu coração. Oh que imagem revolucionária de Deus que deixa explodir a sua ternura e a sua alegria em relação ao filho perdido e reencontrado! Oh como o nosso mundo tem necessidade deste amor que vence o mal face às numerosas manifestações de sofrimento, de injustiça, de violência e de guerra, para que reine a paz!

2. Um memorial da Misericórdia

Também um dos motivos que aqui nos reúne hoje é um “memorial” desta misericórdia: os 50 anos do Calvário Húngaro em Fátima. É com profunda alegria que celebramos este cinquentenário promovido pela Embaixada da Hungria e pela Associação Portugal Hungria. É-me grato saudar, com particular deferência, o Senhor Cardeal Peter Erdö, Primaz da Hungria, o Senhor Presidente da República Húngara, Dr. János Áder e a Senhora Embaixadora. Nas suas pessoas saúdo todos os cidadãos da ilustre Nação Húngara que, na sua longa história, deu à Igreja homens santos e grandes – entre eles o primeiro rei Santo Estêvão e o cardeal Mindzendy – e um povo crente e ativo. Saúdo também o Senhor Núncio Apostólico, as demais autoridades e todos os participantes nesta celebração.

Não podemos deixar de fazer memória de quem esteve na origem do Calvário Húngaro: o
P. Elias Kardos juntamente com o P. Luís Kondor, no tempo após a II Guerra Mundial, em que a Hungria ficou sob a ditadura do comunismo ateu e perseguidor da Igreja. Ao meditar na mensagem de Fátima, o P. Elias concluiu que, sendo a Hungria o Reino de Maria, as promessas da Senhora teriam de ser válidas também para os húngaros. Assim nasceu a ideia de construir em Fátima um Calvário votivo com 14 estações, apelando à colaboração dos húngaros espalhados pelos cinco continentes e alertando para as promessas de Maria: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”!

Os húngaros depositaram bem a sua confiança em Nossa Senhora. Em 13 de outubro de 1992, já com a presença de vários bispos diocesanos, autoridades civis e numerosos peregrinos da Hungria, procedeu-se à bênção da XV estação – a Ressurreição de Cristo – em ação de graças pela “ressurreição” da Hungria. Em 2006 todo os bispos húngaros estiveram em Fátima a fazer a consagração da Hungria a Nossa Senhora de Fátima.

Assim, podemos compreender bem o que o Senhor Cardeal Erdö escreve na carta que recentemente me dirigiu: “Fátima é de facto um santuário importantíssimo para a nação húngara, símbolo da divina providência e da intercessão de Nossa Senhora também pelo nosso povo. Esta devoção manifestou-se também através da construção do Calvário Húngaro com a bela capela que continua a ser próxima ao coração dos húngaros que vivem na Hungria ou em qualquer outra parte do mundo”.

3. Um arauto da Mensagem de Graça e de Misericórdia

Este lugar exprime pois, de modo admirável, o laço misterioso de amor entre o povo húngaro e a mensagem de Fátima que é essencialmente de Graça e Misericórdia. Nossa Senhora trouxe à humanidade em guerra e à Igreja sofredora esta mensagem de conforto, de consolação e de esperança, com a linguagem terna e materna do seu Coração Imaculado de Mãe que sente as dores dos filhos: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará e será concedido ao mundo um período de paz”. O Papa Bento XVI, na sua peregrinação a Fátima, interpretou assim esta promessa consoladora: “No final, o Senhor é mais forte do que o mal e Nossa Senhora é para nós a garantia visível, materna da bondade de Deus que é sempre a última palavra na história”. Nossa Senhora promete o triunfo do amor nos dramas da história suscitando a confiança na misericórdia divina mais poderosa que o poder do mal no mundo e mais forte que a nossa fraqueza e o nosso pecado.

Foi esta mensagem que o P. Kondor, vindo da Hungria, percebeu, com particular acuidade, na sua relevância e urgência para a Igreja, para o mundo e para a vida cristã. Por isso se tornou um dos grandes arautos da Mensagem de Fátima através do mundo e promotor da causa da canonização dos Pastorinhos. Os 55 anos da sua estadia aqui fizeram dele um cidadão de Fátima que hoje lhe quer manifestar o seu reconhecimento e desde já fazer memória grata dele junto do Senhor nesta eucaristia, na comunhão dos santos.

Caros irmãos e irmãs, o Calvário Húngaro faz parte do Santuário de Fátima. Por isso, rezo juntamente convosco para que seja sempre um lugar do anúncio do amor misericordioso de Deus; um lugar de conversão e de penitência; um lugar de celebração da Eucaristia, fonte da misericórdia; um lugar de oração e imploração da misericórdia e da paz para nós, para a Hungria e para o mundo inteiro, por intercessão de Nossa Senhora, Mãe de Misericórdia e Rainha da Paz! 

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