Baixar-se

http://lefa.pt/?p=20273

As Jornadas de Comunicação promovidas pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igrejas e de que, hoje, a REDE dá notícia, abordaram o impacto da imagem na comunicação atual. A primeira conferência esteve a cargo do secretário do Dicastério para a Comunicação da Santa Sé, o monsenhor Lucio Adrian Ruiz, que abordou aquele que será o tema mais querido do Papa Francisco e que se reflete em todas as suas atitudes comunicacionais: a ternura. Partindo da premissa de que o “mundo digital” não é “um instrumento” para usar, mas sim “um lugar” para habitar, o orador exemplificou com imagens aquela que deve ser permanentemente a forma de comunicar da Igreja e, por conseguinte, do cristão: um amor que se faz próximo e concreto.

A certa altura da intervenção, densa e rica nos conteúdos e nos exemplos, reparo especialmente num verbo banal: baixar-se. Vinha a propósito de alguns momentos de relação do Papa Francisco com interlocutores em posição mais baixa. Visualmente, é atraente a forma como o Sumo Pontífice se inclina para estar ao nível de quem quer escutar. E o significado é tão profundo que, por várias vezes, deu o exemplo dos pais que se “baixam” para escutar e falar com os filhos. Não será de todo descabido afirmar que esta é, com quase toda a certeza, a forma preferida do Papa dar o exemplo de como se vai ao encontro, de como se estabelece relação, de como se assume o código e o canal do interlocutor.

Uma curiosidade que acabei por assinalar é o significado que a expressão “baixar” tem no contexto digital. Em Portugal talvez não seja tão familiar, mas do outro lado do Atlântico, os irmãos brasileiros usam-na para querer dizer o que se pode traduzir no anglo-saxónico “download”. “Baixar” é, em linguagem digital, descarregar um ficheiro ou aplicação. E aqui dá-se a feliz coincidência de estarmos numas jornadas onde se aborda o tema da comunicação preferentemente digital, permitindo esta espécie de brincadeira semântica que é mais profunda e vital do que se nos afigura à primeira vista.

Voltando ao tema da ternura, Lucio Adrian Ruiz, terminou a explicar os seus três níveis de aplicação:
— enquanto conceito teológico: porque responde à modalidade relacional de Deus com o homem;
— enquanto práxis pastoral: porque é o modo de fazer no qual a atividade se faz serviço e não domínio;
— enquanto canal de comunicação: porque é o caminho que permite a abertura da inteligência e o acolhimento do coração.

A conferência referida, pode ser vista aqui: https://youtu.be/epXcTJSKqBc. A apresentação projectada, está disponível aqui: http://www.ecclesia.pt/jornadas2019/assets/files/LucioAdrian%20Ruiz_final.pdf

Partilhar / Print

Print Friendly, PDF & Email

Leia esta e outras notícias na...

Receba as notícias no seu email
em tempo real

Pode escolher quais as notícias que quer receber: destaques, da sua paróquia

plugins premium WordPress