Nós os homens conhecemos bem as alegrias palpáveis. A satisfação dos depressa é esquecida, e logo sentida a necessidade de mais e mais luxo, comida,… Não sigamos por este caminho por demais conhecido. Pensemos antes na verdadeira alegria.
Quando sabemos que uma alegria é verdadeira? A resposta é simples e estranha, estando escondida numa frase comum: “Valeu a pena!”.
Sim, a verdadeira alegria passa por uma pena ou prova. Passa por momentos de luta, dificuldade, sofrimento, sacrifício… que foram superados com sucesso. Além disso, durante essa pena, criam-se laços de verdadeira amizade entre quantos participaram nessa pena. Ao contrário da alegria vulgar, a verdadeira alegria não é individual, é partilhada. Por isso, a palavra “obrigado” sai, natural e frequentemente, acompanhada de um sorriso, da boca de quem a sente. A verdadeira alegria “transborda”; não é possível escondê-la numa gaveta como faz o guloso com a caixa de bombons. Transparece e transmite-se em múltiplos gestos e pormenores como os segredos que as mães passam às filhas de geração em geração. Alcança-se a alegria verdadeira por muitos caminhos, sempre em direção ao alto, como quem sobe um monte. Há caminhos para atletas, crianças, jovens e idosos, mas todos eles se vão aproximando do cume. Pode-se ir depressa ou devagar, mas a alegria aumenta, com o cansaço, sim, à medida que se sobe e se perde a visão do que é medíocre para se ganhar em deslumbramento, face à grandiosidade da paisagem. Esta nova imagem, esta nova alegria, permanece na retina dos olhos e do espírito sem cansar nem esquecer.
O Papa Francisco tem-nos orientado nesta busca da alegria em várias catequeses, por exemplo quando nos falou das Bem Aventuranças. Podemos aproveitá-las no ambiente familiar em que estamos a viver durante a pandemia. Não será o que fez Nossa Senhora durante toda a sua vida?
Imagino-a sempre presente no seu lar, mas aproveitando todos os momentos para ajudar as suas vizinhas e amigas. Certamente, ficaria a tomar conta dos filhos delas enquanto brincavam com Jesus, e lhes ensinaria a ler, a rezar, a falar com bons modos, a acender uma lamparina ao escurecer… Visitaria os doentes com alguns pães por ela confecionados ou figos do seu quintal. Ainda antes de seu Filho ensinar as Bem Aventuranças durante o impactante Sermão da Montanha, já a Senhora praticava a caridade em todas as oportunidades que se lhe deparavam na vida e que aqui resumimos por proporcionarem uma enorme paz, ou alegria, interior.
A alegria de dar bom conselho
A alegria de corrigir o erro
A alegria de acompanhar um doente
A alegria de ajudar quem necessita
A alegria de converter uma alma
A alegria de ensinar quem não sabe
A alegria de servir quem necessita de ajuda
A alegria de consolar o triste
A alegria de aliviar a dor do ferido ou entristecido.