No Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na vila da Batalha, a celebração de uma efeméride marcou o dia 10 de setembro, em que a comunidade cristã se reuniu para celebrar os 25 anos de existência do grupo de acólitos São Nuno.
O dia começou às 11h00 com a habitual celebração da Missa, na qual os atuais acólitos desempenharam um papel ativo na liturgia, tendo um novo elemento, a Inês Nunes, feito o seu compromisso de serviço ao altar. O ambiente solene do mosteiro acrescentou um toque especial à cerimónia. Fiéis da comunidade local e visitantes reuniram-se para testemunhar este momento de gratidão.
Relembrando a história
O evento não se limitou à celebração litúrgica. Depois da Missa, Joaquim Carrasqueiro, responsável do grupo, partilhou uma nota histórica que traçou a trajetória do grupo de acólitos. A história remonta ao ano pastoral de 1997-1998, quando o pré-seminário da diocese de Leiria-Fátima, sob a orientação do padre Rui Acácio, decidiu iniciar uma formação para acólitos com uma perspetiva vocacional.
O critério para iniciar esse trabalho pioneiro foi inusitado – a ordem alfabética. A vigararia da Batalha foi, por isso, a primeira a ser objeto dessa ação, reunindo um pequeno grupo de adolescentes para dar início a esta jornada espiritual. Após a formação inicial, o grupo continuou a crescer e a desenvolver-se, acolhendo novos membros ao longo dos anos.
Ao longo da sua história foram organizados retiros em locais sagrados, incluindo a Casa das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras em Fátima, a Congregação das Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima e outros. Além disso, o grupo expandiu a sua ação para a comunidade cristã da Golpilheira, com a realização de reuniões mensais para aperfeiçoar a formação e fazer os ajustes necessários.
A institucionalização do grupo aconteceu num momento importante da sua história. Após algumas trocas de ideias, o grupo recebeu o nome do Santo Condestável – Nuno de Santa Maria -, tornando-se conhecido como “Acólitos Beato Nuno.” Samuel Rainho, um membro com formação em arquitetura, desempenhou um papel crucial na criação do logótipo do grupo e na bandeira que ainda é usada hoje. Mais tarde, com a canonização do beato Nuno, o grupo adotou o nome “Acólitos de São Nuno,” que perdura até hoje.
Palavras de gratidão e reflexão: testemunho de um antigo acólito
Um dos momentos mais emocionantes do dia foi o testemunho de Armando Rosa, um antigo acólito que é hoje advogado em Lisboa. Com profundidade e gratidão, reconheceu o papel fundamental desempenhado por Joaquim Carrasqueiro, o obreiro deste grupo.
Armando Rosa destacou a maneira como o grupo enfrentou os desafios de um mundo em constante transformação ao longo dos últimos 25 anos. Referiu a importância de servir a Deus, a comunidade e o mundo, algo que ele próprio aprendeu ao longo de mais de duas décadas. “Há mais de 20 anos, também eu fui desafiado a tomar uma maior consciência do que era o serviço ao altar, de um desafio continuado a aprofundar a relação com Deus, tornando-a mais autêntica e verdadeira na partilha da esperança de um Mundo melhor, mais justo, mais igual”, disse.
Também observou as mudanças nas relações humanas ao longo dos anos, com a crescente prevalência da tecnologia e uma sensação de distância. No entanto, ressaltou como o grupo manteve a sua missão de servir, inspirando os jovens a aprofundar a sua fé e a partilhar a esperança de um mundo melhor e mais justo.
Armando lembrou, ainda, a responsabilidade, o compromisso e o exemplo que cada acólito trouxe para o serviço, não apenas no altar, mas também na vida quotidiana, apoiando os mais frágeis da comunidade. “Cada um dos jovens que o integrou e integra não foram meros servidores da mesa de Cristo; com esse serviço, tomamos a consciência de que nessas tarefas no altar, na dedicação, no compromisso a cada missa, não só nesse altar num trabalho em equipa, mas também no dia-a-dia das nossas vidas, podemos e devemos ser servidores”, explicou.
O antigo acólito concluiu o seu testemunho com a visão de que o compromisso em melhorar a comunidade e o mundo permanecerá vivo através do grupo de Acólitos São Nuno.
A jornada de uma acólita: testemunho de Mariana Macedo
O segundo testemunho emocionante do dia foi oferecido por Mariana Macedo, uma acólita atual. Partilhou a sua própria jornada pessoal com o grupo, que começou há cinco anos, quando estava no 10º ano de catequese. Nessa altura recebeu o convite de Joaquim Carrasqueiro para se juntar aos Acólitos São Nuno, que aceitou prontamente, pois já era uma frequentadora assídua da Missa.
No entanto, quando chegou a hora de ingressar no ensino superior, Mariana ponderou abandonar o grupo. Depois de um período de reflexão pessoal, decidiu continuar na família espiritual que a acolheu de braços abertos. “Aqui fiz amigos que quero levar para a vida, aprofundei laços com muitos que já conhecia de outros contextos, aprendi a importância do trabalho em equipa e da compreensão e ajuda mútua”, confessou, para justificar a sua opção.
Para Mariana, o grupo de Acólitos São Nuno é onde ela se sente completa. Esse sentimento, partilha, também é graças ao compromisso incansável de Joaquim Carrasqueiro em manter viva essa família espiritual. E, em jeito de desafio, espera “que outros jovens que sentem que são os únicos a acreditarem em algo e que são socialmente excluídos por isso, encontrem alguma coisa que os preencha interiormente como eu encontrei”.
Quem também marcou presença neste dia, foi o padre José Gonçalves. O anterior pároco da Batalha e que, há três anos, foi substituído pelo padre Armindo Castelão, acompanhou o grupo desde a sua origem. Na sua intervenção referiu a importância dos acólitos para a comunidade e para a Igreja.
Com palavras de agradecimento, testemunhos emocionantes e a participação de membros atuais e antigos, os Acólitos de São Nuno continuam a ser uma luz acesa na paróquia da Batalha, com o propósito de iluminar o caminho espiritual de muitos jovens e inspirando a todos a servir a Deus, a comunidade e o mundo.
O programa do dia foi encerrado com um almoço de confraternização, onde os presentes puderam partilhar alegrias e expressar a sua gratidão por esta jornada espiritual que uniu gerações e continua a iluminar os corações daqueles que fazem parte dos Acólitos de São Nuno da paróquia da Batalha.