Acção Católica Rural

Ver, julgar e agir é o método universalmente conhecido da Acção Católica. Criada em 1922 pelo Papa Pio XI, chega a Portugal em 1933. No período conturbado do pós-guerra e de um mundo em convulsão, surgia como afirmação de presença da Igreja para a recristianização da sociedade, sobretudo através da ação dos leigos nos diversos campos da vida, o famoso AEIOU: Agrário, Escolar, Independente, Operário e Universitário. 

Como resposta às necessidades do mundo rural, a Acção Católica apresentava-se em quatro organizações, duas de jovens e duas de adultos: JAC e JACF – Juventude Agrária Católica, masculina e feminina; LAC e LACF – Liga Agrária Católica, masculina e feminina.

Quando surgiu em Portugal, este era essencialmente rural e atravessava problemas como o analfabetismo, a descristianização, o isolamento e um enorme atraso em relação ao minoritário meio citadino. As sequelas da 1.ª Guerra Mundial, a expansão do comunismo, as perseguições religiosas e anticlericais da 1.ª República, tal como mais tarde a Guerra Colonial, agravavam ainda mais esse contexto de vida difícil para os cristãos e a desertificação de muitas aldeias. A Acção Católica organizava-se, assim, em estruturas locais, diocesanas e nacionais para uma formação espiritual e humana das pessoas, que servisse de base ao apostolado e à vida cristã à luz da Palavra de Deus e do Magistério da Igreja.

Sempre atento a esta resposta à realidade concreta, o Movimento foi-se adaptando e reconfigurando, sobretudo com o acentuado declínio da sua militância na década de 70, registando-se diversas fusões dentro das suas estruturas. Assim, em 1976, a LAC e a LACF fundiam-se numa única Acção Católica Rural (ACR), e a JAC e a JACF originaram a Juventude Agrária Rural Católica (JARC). Dois anos depois, realizou-se o primeiro Conselho Nacional da ACR, em Fátima, e foram aprovados os Estatutos.

Em 1983, a ACR passou também a integrar os movimentos juvenis, sendo essa uma década em que se apostou no acompanhamento dos mais novos e se registou uma forte presença dos jovens no Movimento. É desta época (1984) a publicação da folha juvenil “Sou Gente”, que mais tarde veio a integrar a revista “Mundo Rural”, com tiragem mensal de 8.000 exemplares (300 na diocese de Leiria-Fátima).

Desde então, apesar do decréscimo de filiados e desaparecimento de várias secções, tem sido essa adesão juvenil a garantir a renovação e consolidação da ACR na Diocese. A nível nacional, tem cerca de 1650 membros, em 16 dioceses.

 

Viragem para o social

Atualmente, a ação apostólica da ACR centra-se no campo social, em projetos como a melhoria das condições de vida das pessoas (habitação, cultura, tempos livres), o aumento da solidariedade e segurança social das populações, a dinamização do emprego, a revalorização das famílias e a integração de jovens, a educação para os valores morais cristãos e a promoção da comunhão nas paróquias.

Em qualquer destas frentes, é pedida a cada membro a tarefa de serem homens e mulheres, jovens e adultos que, com todos os outros do seu meio, protagonizem os acontecimentos do quotidiano e aí testemunhem a vivência dos valores evangélicos da solidariedade e fraternidade cristãs, ligando a vida com a fé.

O seu método é a “revisão de vida”, apresentada mais como uma atitude: “fazer uma descoberta diária de Deus, através dos sinais dos tempos”. Como? VER a realidade (do meio, do grupo, da própria pessoa), JULGAR essa realidade (confrontando-a com o projeto de Deus), AGIR na transformação pessoal e da sociedade (respondendo conforme as capacidades pessoais e com os meios necessários).

 

Princípios da ACR

Formar: Fazer formação integral dos seus membros

Participar: Levá-los a colaborar em projetos concretos do meio

Corresponsabilizar: Fazê-los assumir responsabilidades

Evangelizar: Imbuir a vida do espírito evangélico

 

Espiritualidade do militante

Alimenta a sua fé: com oração, meditação da Palavra e os sacramentos.

Esclarece a sua fé: com o estudo da Palavra, da Doutrina Social da Igreja e a formação permanente.

Exprime a sua fé: partilhando a vida do seu meio, fazendo a revisão de vida em equipa, atuando conforme os princípios do Evangelho.

 

Entrevista a Carlos Narciso

“Não deixes o teu barco ficar na margem!”

2014-11-26 OSE ACR CarlosNatural da paróquia de Santa Catarina da Serra e residente em Leiria, Carlos Narciso é um militar de 48 anos, casado e pai de 2 filhos. Foi o responsável pelo Movimento na diocese durante vários anos e continua a integrar a direção, agora como vice-presidente. Pedimos-lhe algumas notas mais concretas sobre o seu envolvimento pessoal e o funcionamento da ACR nesta diocese.

 

Como chegou a ACR à sua vida e o que significa para si pertencer a este movimento?

Tudo começou com o convite para participar numa atividade da ACR, quando tinha 14 anos. Desde essa altura, comecei a fazer parte da direção, inicialmente com os grupos mais novos, seguindo-se os grupos de jovens e, atualmente, os adultos. Aos 23 anos, conheci a minha esposa, Elisa, e juntos continuámos a caminhada no Movimento. Posso dizer que devo à ACR todo o meu crescimento espiritual. Ajudou-me a descobrir Jesus na minha vida e, mais importante, ensinou-me a não O querer só para mim…, fez despertar em mim o sentido verdadeiro do que é “dar-se”.

Quase um século depois da sua fundação, o contexto social mudou imenso. Ainda faz sentido hoje um movimento de cariz “rural”?

Claro que sim. Mesmo com o desenvolvimento do meio rural, a ACR não é um movimento para agricultores, mas sim para estar ao serviço de toda uma comunidade, independentemente do seu grau de desenvolvimento.

Como está a desenvolver-se atualmente o Movimento na nossa diocese?

Neste momento, a ACR de Leiria está implantada em Alqueidão da Serra, Arrabal, Barreira, Boa Vista, Carnide e Vermoil. E tem elementos ativos em Bajouca, Cortes, Freixianda, Juncal, Leiria, Loureira, Meirinhas, Ourém, Reguengo do Fetal, Santa Catarina da Serra, Santa Eufémia e Souto da Carpalhosa. Somos cerca de 100 filiados, a maior parte adultos. Apesar de não estar a crescer, podemos dizer que se tem mantido a regularidade, com a entrada de novos elementos a colmatar a saída dos mais idosos.

Como é o vosso trabalho pastoral regular?

Para além do nosso calendário próprio de ações de formação, oração e dinamização pastoral, a ACR procura, sobretudo, estar presente de forma ativa em todos os momentos da pastoral diocesana. Fazemo-lo, em especial, através dos militantes envolvidos na caminhada das respectivas paróquias.

Quais os grandes desafios que sentem para o futuro?

O maior desafio nos dias de hoje é procurar descobrir formas de “tocar” o coração dos mais jovens e mostrar-lhes o verdadeiro rosto de Jesus Cristo.

Então, um convite aos jovens diocesanos…

Se és Jovem, não deixes o teu barco ficar na margem. Enfrenta… e surpreende!

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