Ação de Graças no Final do Ano de 2017

Homilia de final de Ano

 

Ação de Graças no Final do Ano de 2017

† António Marto

Santuário de Fátima, 31 de dezembro de 2017

Refª.: CE2017B-008

Ao chegar ao fim de mais um ano, somos convidados a agradecer todos os sinais da generosidade divina na nossa vida e na nossa história, que se manifestou de inúmeras maneiras: umas vezes de modo oculto, outras de modo mais visível no testemunho de tantos gestos e rostos conhecidos ou anónimos. Trata-se de um agradecimento que não quer ser mera recordação do passado, mas antes memória viva de que Deus está connosco, como nos revelam as leituras que escutámos. Sim, Deus está connosco! Não nos abandona!

Contemplemos, pois, como Deus Se fez presente, ao longo deste ano, na vida pessoal e familiar, eclesial e social, lembrando-nos assim de que cada tempo, cada momento é portador de graça e bênção. Cada um realizará este exercício espiritual… Aqui e agora limitar-me-ei a acenar a alguns acontecimentos que marcaram mais a vida do santuário, da Igreja em Portugal e até do país.

1. Em primeiro lugar foi a celebração do centenário das aparições de Nossa Senhora durante sete anos com o seu momento mais alto na visita do Papa Francisco a quem exprimimos o nosso agradecimento e todo o nosso apoio à sua missão. Introduzir-nos no centenário das aparições significou sair de uma visão parcial de Fátima centrada na curiosidade dos segredos ou numa série de devoções avulsas, para olhar Fátima como Epifania do Amor. Há cem anos, a Vigem confiou aos pastorinhos de Fátima a missão, sempre antiga e sempre nova, de chamar o mundo atribulado às próprias fontes do Evangelho em tempos de descrença e de guerras.  Significa recomeçar a partir da presença  de Deus próximo e amoroso com os dons da misericórdia e da paz; converter ou reeducar o nosso coração ao amor verdadeiro através da adoração, da compaixão e da oração do rosário para nos configurar ao coração de Cristo e de sua mãe; decidir-se finalmente pelo Bem e pela Paz na história através da colaboração na reparação do pecado do mundo; confiar-se ao Coração Imaculado de uma Mãe de ternura e misericórdia sempre atenta à sorte dos filhos e lhes pede: “Quereis oferecer-vos a Deus”?

Ao longo destes sete anos pudemos experienciar a catolicidade e a projeção mundial de Fátima: foi e é um dom para a Igreja e para a humanidade. Fátima não pertence só a Portugal ou à Igreja; é do mundo inteiro que aqui afluiu de todos os povos, culturas e línguas, acima de todas as expectativas. “Em Fátima, a humanidade ficou a valer mais” (Vitorino Nemésio).

2. A canonização de Jacinta e Francisco Marto veio coroar o centenário. É outro motivo para o nosso júbilo e para atual meditação. Ao canonizar estas crianças, a Igreja e o mundo de hoje estão a receber e a emitir um sinal de grande relevo por três motivos.

A primeira coisa que salta à vista é o valor da vida invisível de Jacinta e de Francisco. Eles não foram heróis famosos nem conheceram a popularidade das redes sociais de comunicação, mas simples crianças como tantas outras que viveram uma experiência particular de fé guiadas por Nossa Senhora. A sua santidade é um puro acontecimento da graça divina que atua onde quer e como quer. O segundo motivo é o facto de ser um sinal divino da nova valoração da infância e da dignidade das crianças como um compromisso a assumir. “Com a canonização dos pastorinhos eu quis propor à Igreja inteira o seu exemplo de adesão a Cristo e o seu testemunho evangélico, mas também desejei convidar toda a Igreja a cuidar das crianças”. E por fim, são um exemplo e modelo de santidade para toda a Igreja com o perfil espiritual próprio de cada um; são um desafio ao santuário para levar mais a peito a sua vocação a ser escola de santidade de povo, santidade popular. “Hoje, as pessoas procuram a inocência num mundo perturbado” comentou perspicazmente o Papa Francisco, com a sua sabedoria, ao ser informado do aumento de visitas ao túmulo dos pastorinhos.

3. A nível da nossa querida diocese de Leiria-Fátima encontramo-nos a viver um ano pastoral marcado ainda pela celebração de outro centenário: agora o da restauração da nossa diocese em 17 de janeiro de 1918, depois da sua extinção por motivos políticos em 1882.Queremos que seja um tempo de graça e de renovação espiritual e pastoral desta diocese particularmente abençoada pelo carisma de Fátima, das aparições e da mensagem da Senhora e do Santuário popular e mundialmente reconhecido como “altar do mundo”. Damos graças a Deus fazendo memória do que fez por nós ao longo destes cem anos; pedimos-lhe um mais vivo sentido de pertença à comunidade diocesana e maior empenho de todos na sua edificação e também um novo impulso missionário que ponha a Igreja em estado de saída a todas as periferias e leve a todos a alegria do evangelho com o perfume da misericórdia como mãe amorosa. “Desejo uma Igreja alegre com o rosto de mãe que compreende, acompanha, acarinha” (Papa Francisco). Todos e cada um de nós temos de refletir este rosto.

4. Por fim aceno ao dia mundial da paz dedicado aos “migrantes e refugiados: homens e mulheres em busca de paz”. No atual cenário político, o Papa propõe quatro pilares para responder a este dramático problema: acolher, proteger, promover e integrar. São quatro verbos que, para além das implicações políticas, requerem uma prática constante de quatro virtudes, a saber: acolher significa viver a hospitalidade nos nossos corações; proteger significa exercer a tutela, a atenção e defesa dos mais frágeis e indefesos, da sua dignidade e direitos humanos; promover significa a fortaleza de combater preconceitos e medos e criar espaços e oportunidades de diálogo, colaboração e desenvolvimento; integrar significa exercer a fraternidade que encurta distâncias e abre caminhos de encontro, de intercâmbio cultural e de inclusão.

Somos convidados a não ser como o estalajadeiro de Belém que, à vista do jovem casal, Maria e José, dizia: aqui não há lugar. Não havia lugar para a vida, não havia lugar para o outro, nem para o futuro. A cada um de nós é pedido para assumir o compromisso próprio – por mais insignificante que possa parecer – de ajudar os irmãos refugiados e migrantes a encontrar aqui na nossa terra e na nossa Europa horizontes concretos de um futuro melhor a construir.

Os dados concretos mais recentes do Observatório sobre as migrações revelam que os contributos financeiros dos imigrantes para o Estado português são maiores do que as prestações de que eles beneficiam.

Olhando o ano que acaba, faz-nos bem contemplar o Deus-Menino! É um convite a voltar às fontes e às raízes da nossa fé. Em Jesus, a fé faz-se esperança, torna-se fermento e bênção: «Ele permite-nos levantar a cabeça e recomeçar, com uma ternura que nunca nos defrauda e sempre nos pode restituir a alegria» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 3). Neste recomeço temos a companhia d’Aquela “que sabe transformar um curral de animais na casa de Jesus, com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura”, a Mãe da ternura, que aqui em Fátima nos oferece a bênção do seu colo e da sua consolação materna!

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