A Igreja ou é missionária, ou não é Igreja

Ide por tudo o mundo e anunciai a Boa Nova. Ainda há dúvidas sobre isto?
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Estes últimos dias andam todos à procura do caminho mais adequado à missão da Igreja. O sínodo tem refletido sobre muita coisa, parecendo que é preciso “inventar” uma nova estratégia para o papel da Igreja nos tempos de hoje! Muita coisa se tem dito, partilhado e estudado. Como que agora é que vai ser. Agora é que a Igreja vai acertar o passo e ser mais sinodal. Nada disso. Tudo já foi dito, escrito e refletido ao longo de todos estes anos. Até à exaustão. O que não nos faltam são documentos, instruções, recomendações, exortações, cartas pastorais e afins! Até há documentos sempre a repetirem o mesmo. Vários Papas, vários Bispos, Sínodos ou Assembleias, mas sempre a mesma Missão confiada à Igreja por Jesus Cristo.

O pior é a práxis. A prática da essência da Missão da Igreja. Sempre foi a mesma Missão, desde as primeiras comunidades cristãs. O pior é que não cumprimos, nem vivemos as coordenadas sempre atuais da Missão da Igreja. Andamos demasiadamente distraídos e a assobiar para o lado. Entretidos a fazermos outras coisas completamente secundárias e passageiras. Preocupados com ninharias e mundanices. Festas de padroeiros, comissões de festas, artistas, dinheiros, canto gregoriano, rito tridentino, rendas e panos litúrgicos, carros, salários, centros sociais e paroquiais, festivais, comes e bebes e tantas outras coisas…

Afinal, o que é essencial para a nossa Igreja de ontem, de hoje e de amanhã? Sermos uma Igreja completamente missionária, onde o essencial de toda a nossa ação pastoral, esteja alicerçada e orientada para o mandato missionário de Jesus Cristo.

Ide por tudo o mundo e anunciai a Boa Nova. Ainda há dúvidas sobre isto? A Igreja ou é missionária, ou não é Igreja. Igreja em saída. Igreja de Discípulos Missionários. Igreja pobre para os pobres. Pastores com cheiro a ovelhas. Igreja como hospital de campanha. Conhecem estas belas expressões? Às vezes até já se tornam cansativas de se ouvirem!

O anúncio missionário é a missão primordial da Igreja. A Evangelização pela Palavra e pelo Testemunho. E hoje, não precisamos de ir muito longe para sermos verdadeiros missionários. Ser Missionário é a obrigação de cada cristão batizado. É uma atitude de coração. É um estado de vida. É uma vida toda. Dizia o Papa Francisco numa das suas últimas mensagens para o Dia Mundial das Missões: “A missão é todo dia, é todos os meses, toda hora é o meu jeito de ser, o meu jeito de viver, o meu jeito de ser cristão na sociedade a partir da minha profissão e do meu serviço na igreja. Como missionário estou a anunciar e a comunicar aquela experiência que eu estou a viver de encontro com Jesus. Assim como Ele enviou os 72, assim como enviou os 12, assim como chamou e enviou Santa Terezinha e São Francisco Xavier, hoje chama-me a mim”.

Hoje na Igreja temos grupos para tudo. Mas não temos grupos de Missão. Grupos de Envio. Grupos de Evangelização. Era o que deveriam ter todas as Paróquias. Grupos que estejam prontos a saírem para as ruas, casas, famílias e instituições para evangelizar. Para falar de Deus aos homens de hoje. Se ainda estamos à espera de que as pessoas venham à Igreja, às missas, às celebrações litúrgicas, à catequese e tantas outras coisas, veremos que serão cada vez menos. Não nos admiremos disso! Nem nos queixemos! Hoje já ninguém vai atrás dos sinos da Igreja. Teremos de ser uma igreja em saída que vai tocar as campainhas das casas e das famílias. Por que não fazermos as catequeses nas famílias e em família? Por que não fazermos o estudo da Bíblia por ruas ou por prédios em família? Por que não fazermos o serviço de cartório ao domicílio para o Pároco se encontrar com as famílias nas suas próprias habitações? “Senhor Padre, queremos batizar o nosso filho. Ok. Então, em que dia nos vamos reunir na vossa própria casa?” Senhor Padre, queremos marcar o funeral da nossa avó. Ok. Vamos marcar e durante a semana ou na missa do 7º dia vou rezar convosco na vossa casa pela vossa avó” “Senhor Padre, queremos casar. Ok. Vamos marcar as reuniões de acordo com a vossa disponibilidade ao fim do dia na vossa própria casa”.

Claro que esta pastoral mais personalizada/familiar dá muito mais trabalho, mas é para isso que existimos enquanto batizados. Ai de mim se não Evangelizar! Lá está a importância dos grupos de Missão. Grupos de Envio. Grupos de Evangelização.

Termino por onde comecei. Não precisamos de inventar nada. Precisamos de novo ardor missionário. De novas posturas missionárias. De corações mais ardentes. De pés mais a caminho.

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