A beleza da graça do Natal

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Homilia de Natal

 

  

A beleza da graça do Natal

† António Marto

Catedral de Leiria, 25 de dezembro de 2016

Refª: CE2016B-016

O Natal gera uma onda de festa, de movimentação, de alegria, de solidariedade. Porém, dá-nos a impressão de que tudo se passa à superfície, sobretudo se fixamos o olhar nas grandes superfícies que se tornam nos “novos templos do consumo”. É caso para nos interrogarmos: onde está a “graça” própria do Natal cristão?

Nesta noite ressoou em nós aquele primeiro anúncio do anjo aos pastores: “Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: hoje, na cidade de David, nasceu para vós um Salvador, que é Cristo Senhor”. Todos escutamos esta voz no nosso interior. Para uns ressoou mais forte, para outros menos; para outros ainda afundou em recordações longínquas. O que conta nesta noite é que todos saímos das nossas casas para celebrar o nascimento do menino anunciado como salvador. O nascimento de um menino é sempre uma boa notícia. Mas o nascimento de Jesus traz a boa e alegre notícia de que Deus vem com o seu amor ao nosso mundo na nossa carne humana.

A Beleza da Graça do Natal

O presépio é o símbolo que mais nos recorda e visualiza plasticamente o mistério da Encarnação. Contemplemo-lo nuns instantes com o encanto da mãe, Maria de Nazaré, que meditava tudo em seu coração. De facto, no presépio sorri-nos um menino recém-nascido, sinal da infinita ternura de Deus pelo nosso mundo sofredor, pela humanidade ferida, por cada um de nós. Não vem com ares de triunfo, mas na humildade desarmada e desarmante de um pequenino pobre e indefeso. Estende-nos as suas pequeninas mãos e espera que o tomemos nos braços e o acolhamos na nossa vida, no coração de cada um. O verdadeiro presépio que ele ama é o coração de cada um e o mundo imenso à medida da sua ternura!

Este Jesus é “o rosto da Misericórdia de Deus”, que vem ao nosso encontro para comunicar ao mundo o amor entranhado de Deus que é ternura e misericórdia. Nele se realiza o encontro de dois corações: o de Deus que vem ao encontro do coração do homem para o aquecer e o dilatar na sua capacidade de amor universal. Por isso, o profeta Isaías apresenta este menino com os títulos de “Conselheiro admirável, Deus forte, Pai para sempre, Príncipe da Paz”, que vem instaurar o Reino de Deus como reino de fraternidade, justiça e paz!

 

As Cores da Misericórdia

Ninguém é alheio à proximidade de Deus e à força da sua ternura. Por isso, o Natal dos cristãos deve ter as cores da misericórdia, a saber:

– Um Natal de fé viva para acolher a visita de Deus com a sua ternura na oração familiar e na celebração da eucaristia;

– Um Natal de fraternidade para aquecer o coração dos que estão tristes e reacender neles a pequena chama da esperança;

– Um Natal de diálogo para quebrar as cadeias do individualismo e os medos que nos impedem de ir ao encontro dos outros;

– Um Natal de partilha para acabar com o escândalo da pobreza e converter os nossos hábitos de excesso de consumo e desperdício em modos de vida mais simples e mais sóbrios;

– Um Natal de reconciliação e de paz para superar os conflitos que dividem as nossas famílias e as nossas comunidades.

O Natal em gestos concretos

Celebrar o mistério do Natal de Cristo com as cores da misericórdia exige realizar atitudes ou gestos concretos de proximidade, de ternura e de solidariedade para levar esperança a quantos estão no sofrimento e na aflição. Á luz das diversas dimensões do Natal acabadas de referir, cada um deverá interrogar-se como concretizar uma delas. Não bastam as palavras belas e vãs, as aparências sem conteúdo. Interroguemo-nos: onde está o amor fraterno, o espírito de paz, de perdão e reconciliação, o sentido de partilha e solidariedade? Que atitude ou ato penso fazer em concreto neste Natal?

 “Sobre nós permanecem poisados os olhos misericordiosos da Santa Mãe de Deus. Ela é a primeira que abre o caminho e nos acompanha no testemunho do amor” (Papa Francisco): Confiemo-nos a Ela neste Natal com as nossas famílias e, de modo particular, todos os que estão no sofrimento e na aflição.

A todos vós e às vossas famílias Santo e Alegre Natal e Feliz Ano de 2017!

 

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