49 – D. João Pereira Venâncio – 2.º bispo da Diocese restaurada

João Pereira Venâncio nasceu em Monte Redondo, a 8 de Fevereiro de 1904, filho de José Venâncio e Maria Duarte. Entrou no Seminário de Coimbra em 1917 e estava no grupo de sete seminaristas que o padre Joaquim Carvalho trouxe para a sua casa, na Quinta da Bela Vista, em dezembro de 1918, que viria a ser o embrião do regresso do Seminário à Diocese de Leiria, restaurada em janeiro desse ano.

Passaria pelos edifícios da Fonte Freire e da Rua Marcos Portugal e, em 1923, rumou a Roma para os estudos de Filosofia e Teologia, tendo sido ordenado sacerdote nessa cidade, na basílica de S. João de Latrão, a 21 de Dezembro de 1929.

Regressado a Portugal em 1930, iniciou a sua carreira de professor do Seminário e de outras instituições de ensino da cidade de Leiria e desempenhou várias tarefas que lhe foram confiadas por D. José Alves Correia da Silva, entre as quais a de assistente da Acção Católica, director da Schola Cantorum do Seminário, e postulador da causa de beatificação de Francisco e Jacinta Marto, desde 1952 aos princípios de 1955 e vice-postulador até Dezembro de 1957. Foi nomeado cónego da Sé de Leiria, em 1943, e vice-reitor do Seminário Diocesano de Leiria, em 1948. Em 1953, foi nomeado pela Santa Sé visitador apostólico dos seminários de Portugal.

A 30 de Setembro de 1954, o Papa Pio XII nomeou-o bispo titular de Eurea do Epiro e auxiliar de Leiria. Foi ordenado bispo, no dia 8 de Dezembro, na basílica do Santuário de Fátima. Em estreita colaboração com D. José e, à medida que a vida deste ia declinando, foi conduzindo os destinos da diocese. Quando D. José faleceu, a 4 de Dezembro de 1957, o Cabido nomeou-o vigário capitular. A 13 de Setembro de 1958, foi eleito pelo Papa como 23.º bispo residencial e 2.º após a restauração da Diocese, tendo entrado solenemente na Sé de Leiria a 8 de Dezembro desse ano.

D. João Venâncio teve dois grandes objectivos na sua acção pastoral: a renovação da vida diocesana e a maior projecção da mensagem de Fátima. Foi presidente do Exército Azul de Nossa Senhora de Fátima (Apostolado Mundial de Fátima), erigiu a União Sacerdotal da Obra dos Santos Anjos (Opus Angelorum), também em Fátima, da década de 70, e teve um papel fundamental na internacionalização do Santuário, sobretudo pelas inúmeras viagens que fez pelo mundo a divulgar a Mensagem de Nossa Senhora.

O início do seu governo episcopal coincidiu com o anúncio (1959) e a realização do Concílio Ecuménico do Vaticano II (1962-1965), em que também participou. Aí ouviu o Papa São Paulo VI, no encerramento da 3.ª sessão, anunciar a concessão da Rosa de Ouro ao Santuário de Fátima. E também o Cardeal Cerejeira, no encerramento da 4.ª e última sessão, a 7 de Dezembro de 1965, convidar o Santo Padre e todos os padres conciliares para estarem presentes nas comemorações do 50.º aniversário das Aparições de Fátima. O próprio D. João iria desenvolver inúmeras diligências para que o Papa aceitasse esse convite, cuja anuência lhe foi confirmada apenas nos primeiros dias de Maio de 1967. Iria viver, assim, no dia 13 desse mês, o momento histórico da primeira visita de um Papa a Fátima. Nesse mesmo ano, a 12 de Fevereiro, tinha recebido como bispo auxiliar D. Domingos de Pinho Brandão.

Esta foi uma década rica, em que D. João Venâncio veio também a concretizar uma velha aspiração que já vinha do início da Diocese restaurada e que tantas vezes tinha sido adiada: a construção de um novo Seminário Diocesano, iniciado em 1962, a funcionar desde 1965 e inaugurado solenemente em 1968, o actual edifício que se situa precisamente na Quinta da Bela Vista onde fora seminarista. É também obra sua a instituição dos colégios diocesanos de Afonso Lopes Vieira, na Marinha Grande, e de São Miguel, em Fátima.

Durante seu o governo episcopal, foram criadas três paróquias: Ortigosa (13.09.1964), Casal dos Bernardos (13.12.1966) e Bajouca (02.02.1972).

A 1 de Julho de 1972, o Papa Paulo VI aceitou o seu pedido de resignação, nomeando D. Alberto Cosme do Amaral para lhe suceder. O bispo emérito fixou então residência no Seminário que havia fundado e, em 1979, fez votos perpétuos na Ordem da Cónegos Regrantes de Santa Cruz, que ajudou a restaurar e de que veio a ser superior geral, de 20 de Outubro de 1980 a 1 de Julho de 1984.

D. João Venâncio faleceu a 2 de Agosto de 1985, no Seminário de Leiria, e o seu corpo foi sepultado junto da campa dos pais, como desejava, no cemitério paroquial de Monte Redondo.

Luís Miguel Ferraz

Fonte principal: Artigos do P. Luciano Cristino, publicados em: “Revista Leiria-Fátima”, N.º 50, julho/dezembro de 2010, pp. 55-57; “Catedral de Leiria – História e Arte”, 2005, pp. 59-60; “Enciclopédia de Fátima”, 2007, pp. 582-585.

 


 

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