Deixemos Santo Agostinho a dizer que não sabe o que é o tempo se lhe perguntam; deixemos outros conceitos de tempo; de relações entre tempo e espaço, tempo astral e terreno, kronos e kairos. Tentemos pensar sem tempo e sem espaço! Falemos antes do tempo e dos roubos de tempo. Tempo cheio e tempo vazio: 2019 e 2020. Um ano ficou cheio do que a humanidade lá pôs em 31.536.000 segundos. Do que cada um lá pôs: lixo ou beleza, bem e males. Gota de água de bem? Gota de veneno de mal? O tempo é o cada um põe nele. O tempo de 2019 foi um presente para os presentes dados por cada um dos 7 biliões de pessoas. O papa Francisco e Guterres, o português da ONU, no seu vídeo gravado (20.12.2019), preenchem 8 minutos de coisas más e desejos de coisas boas. 365 dias! O tempo é o que a natureza (causas de Deus) e os homens fazem dele. Tempo com «injustiças, desigualdades, fome no mundo, pobreza, das crianças que morrem porque não têm água, comida e os cuidados necessários… abuso contra os mais pequenos», (papa Francisco). E Guterres lembra bens que Francisco promoveu: esperança, alívio do sofrimento e promoção da dignidade das pessoas; e os males de migração, de tráfico de pessoas, calamidades do clima e o desarmamento sem avanços. E o tempo de cada um, de pequenos bens, bonito, cheio de bondade, ajuda, proximidade, convívio, calor de coração, fraterno ou cheio de males? O ano 2020 está vazio, espera que o enchas de gotas de bem, de flores, perfumes, migalhas de pão. No meio milhão de minutos (525.000) de 2020 põe um presente e muitos terão futuro. Enche os teus minutos. Não de lixo e «terrorismo de indiferença» (Francisco); mas de bondades. O tempo é breve, (Heb10, 37 e Lc 18, 39), mas chega se não é roubado pelo ladrão que arromba a porta. Aumentar celeiros e enchê-los de egoísmo estraga a última noite do ricaço. Todo o tempo roubado, nem um minuto ficou para dar migalhas aos Lázaros (Lc 16, 19-31).Hoje os ladrões do tempo abusam de tecnologias admiráveis. Com máquinas poderosas roubam muito tempo de fazer bem. Roubam tempo a milhões. Pouco? Uma hora de boas ações e boas novas de Natal, cinco minutos de Cristo, uma hora de proximidade aos desamparados serão muito tempo em 2020. Se roubam 12 horas e o enchem de videojogos ocos é muito tempo. Uma hora roubada para pornografia e pedofilia eletrónica é um século de mal. Distribuída pode molestar milhares de crianças e jovens: grande calamidade de podridão e inferno! Se com milhões de máquinas muitos distribuem milhões de bênçãos a milhões de pessoas, o tempo vazio de 2020 enche-se de milhões de ações de bondade. É muito tempo! No teu ano de 2020 podes encher alguns dos 31 milhões de segundos com essas ações. Serão raios de luz no coração de muitos dos 7 biliões de pessoas deste planeta. Os teus minutos, horas e dias cheios de boas notícias, multiplicadas pelas máquinas de anúncios podem levar milhões a ser bons e a fazer bem a milhões de pessoas. As últimas horas de 2019 em ação de graças pelos dons recebidos e dados e no ano velho, já serão propósitos de atos bons a encher 2020. Sem esquecer que Deus connosco do Natal se vai meter com muita gente; e milhares de vezes no Novo Ano. Quando menos se espera, Ele manda algum mensageiro, como a S. José, a Maria, a Zacarias, a Saulo. Ele habita por aí, connosco, na nossa casa, neste planeta. Um ano é muito tempo a ser preenchido. O papa Francisco deseja que o enchamos de esperança, diálogo, reconciliação e conversão ecológica; paz e harmonia. O Menino Deus connosco intromete-se e desarruma tudo com harmonia em troca. Não falta nos tempos “chatos” do «porquê esta doença incurável», desta morte de ente querido, de acidente quase mortal, de contra tempos? E nos tempos alegres. Um segundo a meter-se contigo será de surpresa feliz, instante especial e único. Votos de tempos de paz, harmonia, coerência e verdade amorosa até chegar aos 31.622.400 segundos de 2020. São os meus votos a todos os leitores de Aires Gameiro. Atenção, 2020 é bissexto! Tem mais 86.400 segundos para fazer bem e encher de felicidade. É muito tempo!